Beleza Oculta

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Cada um lida com a perda de uma pessoa querida de jeitos diferentes. E claro, alguns têm mais dificuldades para superar a dor do que outros. Beleza Oculta foca-se neste tema ao mostrar Will Smith como um sujeito que passou por uma grande tragédia com a morte de sua filha.

Mesmo três anos após o fato, ele ainda não se recuperou. Mal fala (no primeiro terço do filme, ele tem apenas uns quatro ou cinco diálogos), não consegue trabalhar e, como consequência de sua inércia, sua empresa vai mal. Um dia ele resolve, para fins terapêuticos, escrever e postar três cartas. Uma para o Tempo, uma para o Amor e uma para a Morte.

Quando seus três sócios ficam sabendo disso, bolam um plano mirabolante para um pouco ajudá-lo a superar sua dor e muito para tirá-lo do comando da empresa e assim salvar seu negócio. Eles contratam três atores para personificarem estes aspectos da vida, o abordarem e falarem com ele, numa espécie de terapia bizarra.

É algo que lembra A Christmas Carol, de Charles Dickens, mas ao invés dos três fantasmas, temos três atores se passando por aspectos inerentes da vida humana e abordando um sujeito enlutado em locais públicos, fazendo-o questionar sua sanidade.

E por mais estranho que possa parecer, isso funciona muito bem e as interações entre Will Smith e os três são as melhores partes do filme, partes essas que também injetam uma bem-vinda dose de humor em um longa no geral bastante deprê tematicamente.

Claro, cada um dos três sócios fica encarregado de orientar um dos atores e é óbvio que os artistas vão encarnar tão bem seus personagens que acabarão ajudando também os sócios com problemas que refletem um dos três aspectos. É forçado, é clichê, mas até que funciona.

Will Smith está muito bem no papel e seu desespero é palpável. E dá uma olhada no elenco aí na ficha técnica. Esta é a outra grande força do filme. Todos eles muito bem, com destaque para Helen Mirren como a atriz veterana e excessivamente empolgada que se passa pela Morte.

O longa não apresenta grandes novidades, mas conta sua história de forma honesta e esforçada, dosando com cuidado as partes mais dramáticas com momentos mais leves. Contudo, padece do mal de querer ligar todos os pontos, até o que não precisa, que é algo que me irrita bastante. Não me refiro à reviravolta do final, até bem arquitetada, mas a situações menores que não precisavam desse encaixe de “história de cinema”.

Acabei gostando do filme mais do que imaginava, muito embora em grande parte porque não estava esperando muita coisa dele para começo de conversa. Assim, indo a uma sessão sem expectativas, é bem capaz que você também vá gostar de Beleza Oculta, ainda que ele não seja algo que vá permanecer em sua memória por muito tempo. Mas, para um programa descompromissado, está de bom tamanho.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
beleza-ocultaPaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Drama<br> Duração: 97 minutos<br> Roteiro: Allan Loeb<br> Elenco: Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Michael Peña, Helen Mirren, Naomie Harris e Keira Knightley.<br> Diretor: David Frankel<br> Distribuidor: Warner<br>