Uma espiã britânica tem de ir até a Alemanha Oriental nos últimos dias do muro de Berlim para recuperar uma lista de agentes secretos que, se cair em mãos erradas, causará um grande estrago. Para isso ela terá de transitar entre aliados duvidosos, espiões concorrentes, agentes duplos e assassinos impiedosos.
De maneira bem resumida, esta é a trama de Atômica. De maneira mais resumida ainda: este é o veículo perfeito para Charlize Theron chutar bundas e criar uma nova heroína de ação totalmente cool.
Metade filme de espionagem, metade longa de ação, até que ele transita bem entre os dois estilos, ainda que inegavelmente sua grande força esteja nas sequências de pancadaria.
Acontece que, como trama de espiões, ele não chega a ser tão diferente assim de tantos outros, usando vários lugares-comuns do gênero. Personagens que não são o que aparentam, reviravolta atrás de reviravolta e aquele senso constante de paranoia permeiam esses trechos.
Está longe de ser ruim, mas em comparação com as partes mais aceleradas do filme, é inegável que ele dá uma esfriada. Não o suficiente para se tornar arrastado, mas ainda assim, o bastante para que fique bem claro que as partes mais orientadas pela história, de fato, não são o melhor que o filme tem a oferecer.
A porrada, essa sim, é o ponto alto. Quando acontece é sempre de maneira criativa e extremamente estilosa. Muito bem coreografadas e, sobretudo, bem dirigidas. Com um monte de falsos planos-sequência e a câmera passeando e girando em volta dos combatentes. E o melhor de tudo, sem tremer! Você consegue ver cada golpe e isso é ótimo.
E as lutas são extremamente brutas. Afinal, todas elas envolvem uma mulher contra um monte de caras com o dobro do tamanho. Logo, ela tem de ser muito tremendona, e violenta para deitar todos esses marmanjos.
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Vale lembrar que o diretor David Leitch foi co-diretor do primeiro John Wick, então o cara manja de ação e coreografias de luta que saem do lugar-comum. Ele também vai comandar Deadpool 2, então é bom ficar de olho nele.
A sequência dentro de um prédio, onde ela tem de proteger um cara, e que vai terminar numa perseguição de carros, é um primor. Só isso já valeria o ingresso. Mas ainda bem que o longa conta com muitos outros pontos a seu favor.
Começando pela trilha sonora, cheia de pérolas do tecnopop oitentista, passando pela estética visual, alternando cores frias com muita iluminação neon. Em vários momentos ele lembra visualmente os filmes do Nicolas Winding Refn, só que com muito mais pegada.
Destaque também para as atuações de Charlize Theron, como a agente secreta fria feito gelo, fora seu impressionante desempenho físico nas cenas de ação. E para James McAvoy, que rouba todas as cenas em que aparece como um colega agente britânico meio fora da casinha.
Atômica é estiloso, divertido, tem uma ambientação extremamente cool e é impressionante em suas sequências de ação. Tem tudo para virar uma franquia. E se isso de fato acontecer, eu é que não vou reclamar por ter de ver mais disso.