Asilo Arkham: Inferno Na Terra

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Sempre fui fã de quadrinhos de super-heróis. Era daqueles fanáticos que, na adolescência, passava tardes e mais tardes em sebos caçando raridades. Porém, a absurda queda na qualidade dos gibis nos últimos anos me forçou a tomar uma decisão drástica que dói até hoje: abandonei a cronologia oficial de todas as revistas que colecionava (Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico e Batman) e agora só compro edições especiais, com histórias fechadas e – normalmente – realizadas por autores que podem explorar o universo dos personagens sem a obrigação de seguir um arco chato.

Mas aí, explorando a banca pertinho de casa, dou de cara com este especial do Batman. Sem muita certeza se investiria quase R$ 16 em um gibi (não me acostumo com esses preços), dei uma rápida lidinha no resumo publicado na quarta capa da revista e me apaixonei: a história nos conta um pouco da vida de Warren “Grande Tubarão Branco” White, um empresário inescrupuloso, conhecido como o maior fraudador e sonegador de impostos de Gotham City.

Warren acaba na “malha fina” da polícia e, sentindo que sua situação é irreversível mesmo com os caríssimos advogados, ele resolve alegar insanidade durante seu julgamento para cumprir pena alternativa no manicômio.

Porém, como você já deve imaginar, esse é o maior erro da vida de White, pois o manicômio da cidade é nada menos do que o Asilo Arkham, reduto dos maiores criminosos e vilões do universo DC (os vilões do Batman detonam!). Não vou contar mais para não estragar as surpresas, mas você já deve imaginar os encontros que nosso querido corrupto terá pela frente.

Esse não é um tema novo. O interior sombrio de Arkham, bem como sua história, já foram explorados com muita propriedade neste outro especial, mas posso assegurar que os primeiros capítulos de Inferno Na Terra, são muito, muito bons mesmo. O problema é do meio para frente, quando o autor dá uma viajada e incorpora elementos místicos. Não tenho absolutamente nada contra essa temática, mas o gibi vinha de forma mais realista e, do nada, aparecem demônios e o inferno na história. É totalmente gratuito mesmo!

Uma pena, porque a história caminhava a passos largos para se tornar um dos clássicos obrigatórios do vigilante noturno. O autor ainda tenta dar uma explicação sensata (que provavelmente você já matou, se for fã das antigas), mas não cola.

A arte de Sook (desenhista meio desconhecido por aqui) é muito bacana. Seus traços são detalhados, especialmente nos personagens femininos (a Hera Venenosa está demais) e a utilização das cores também é muito interessante, com tons obviamente escuros e tristes. Por outro lado, alguns vilões – especialmente o Coringa – ficaram muito caricatos e destoam do estilo da história, mas nada que comprometa o resultado final, até porque o foco aqui não são os “medalhões”, mas a classe B.

Se você já é fã do Batman, provavelmente vai encontrar qualidades em Asilo Arkham: Inferno Na Terra, mas se não for tão familiarizado com as histórias do personagem, é melhor correr atrás dos clássicos realmente consagrados como este.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
asilo-arkham-inferno-na-terraPaís: EUA<br> Ano: 2007 no Brasil (2003 nos EUA)<br> Autor: Dan Slott (roteiro) e Ryan Sook (desenhos)<br> Número de Páginas: 148<br> Editora: Mythos<br> Preco: R$ 15,90<br>