O subgênero de terror mais eficiente, em minha opinião, é o terror claustrofóbico. Acredito que não seja um subgênero academicamente reconhecido, como os slashers, mas você sabe do que estou falando: aqueles longas em que os protagonistas ficam presos em algum lugar e isso por si só é assustador, independente da presença ou não de um vilão.
Dentro deste subgênero, temos Quarto do Pânico, Mar Aberto (o único terror claustrofóbico ao ar livre), Por Um Fio, Pânico na Neve e, claro, o excelentíssimo Enterrado Vivo, cujo roteirista, Chris Sparling, também assumiu o texto por aqui.
A ideia é boa. Três colegas de trabalho vão a um caixa eletrônico de madrugada e, ao sair, percebem que um psicopata está do lado de fora, só esperando eles saírem para matá-los como se fossem vilões em filmes de super-heróis. Só que se eles não saírem dali, vão morrer congelados antes do amanhecer.
Uma grande vantagem deste subgênero é que é muito fácil se relacionar com os temas, e ainda mais fácil criar tensão entre os protagonistas, independente da presença de um psicopata. E de fato, tensão não falta por aqui.
O problema é que boa parte das cenas de tensão é criada a partir de uma premissa falha. Em outras palavras, o roteiro é muito ruim. Os protagonistas são simplesmente burros demais, e não aproveitam várias das chances que têm de escapar. E por que eles foram parar o carro tão longe do caixa eletrônico se o estacionamento estava totalmente vazio? A desculpa que dão, de o carinha estar punindo o amigo, simplesmente não convence. Pelo mesmo não da forma que foi feito. O mesmo pode ser dito da explicação para o cartão de banco que não funciona. Isso é tão sem noção que dá a sensação de que o carinha está mancomunado com o psicopata e era tudo uma Armadilha (Hein? Sacou?), mas não é o caso.
O que mais me incomodou, no entanto, foi o uso do clichê máximo dos filmes de terror: o assassino não corre. Isso pode funcionar quando o psicopata é uma entidade mística pintuda e invencível com o poder de se teleportar, mas um ser humano caçando outros precisa correr. Ora, se o vilão se recusa a correr, pois prefere ser mais assustador, os três poderiam simplesmente sair do caixa eletrônico correndo, pois nunca seriam alcançados por um indivíduo simplesmente andando rápido.
Apesar dos graves problemas no texto, devo dizer que eu gostei do filme. O subgênero claustrofóbico é um dos únicos que me assusta, e isso acaba sendo mais importante do que qualquer outra coisa em um filme de terror. Se você também gosta do gênero, pode valer a pena assistir, mas não espere um novo Enterrado Vivo. Este sim, é um excelente exemplo de quão tremendão um terror claustrofóbico pode ser. O fato de ser do mesmo roteirista de Armadilha torna inevitável a pergunta: o que aconteceu, Chris?