Unruly Heroes é um daqueles jogos que promete mais do que consegue cumprir. Ele é bonito, os controles são excelentes e todo o lado de construção dele é bom. Porém, falta o tradicional toque de brilhantismo tão necessário para jogos de plataforma 2D.
JOURNEY TO THE WEST
Unruly Heroes é mais um jogo baseado no clássico romance chinês Journey to the West. Gamers devem se lembrar que esta história foi o ponto de partida para tremendão da Ninja Theory, Enslaved. Apaixonados por cultura pop em geral, no entanto, vão ligar o romance à origem de Dragon Ball.
Apesar da inspiração, a história é uma bem básica de bem contra o mal, mas temos personagens como o macaco e o porco, dois dos quatro heróis disponíveis para o jogador. Embora seja um plataforma 2D, Unruly Heroes tem cara de ter sido caro para fazer. Seu visual é lindão, com sprites bem definidos e uma arte bem atraente, que chega a lembrar Rayman Legends. A música não toca com frequência, mas quando o faz, é boa. E toda a história é falada.
Infelizmente, o gameplay, que é o foco em qualquer plataforma 2D, não empolga.
O GAMEPLAY DE UNRULY HEROES
O jogo tem coop e deve funcionar bem melhor com amigos, mas eu o joguei sozinho. No modo #foreveralone, você pode alternar entre os quatro heróis a hora que quiser. Eles, porém, são bem mais semelhantes do deveriam.
Dois deles têm pulos duplos. Os outros dois pulam naturalmente mais alto, da mesma altura que seus concorrentes, mas sem necessidade de apertar o botão uma segunda vez. Além disso, estes dois são capazes de planar. Isso os torna melhores para os desafios de plataforma.
Por fim, há algumas estátuas que só podem ser ativadas por personagens específicos, mas isso não faz muita diferença. O jogo funcionaria igualmente bem com um único personagem que pudesse ativar tudo, já que as habilidades são quase as mesmas.
Há também combate, e este é o ponto mais fraco do jogo. Se tivesse que comparar este aspecto a um jogo que você conhece, o faria com Viewtiful Joe, porém este é bastante inferior ao da Capcom.
A questão é que há muitos inimigos, e eles demoram mais para morrer do que deveriam. Pense em jogos como Super Mario ou mesmo o próprio Rayman: os inimigos em jogos de plataforma sempre são vencidos rapidamente. Aqui, eles precisam de vários golpes antes de te deixar em paz.
CHEFES
Unruly Heroes tem uma infinidade de chefes. Quase todas as suas fases terminam contra um bicho grandão, mas ao final de cada mundo você vai encontrar um inimigo que vai fazer os chefes anteriores parecerem mixurucas.
Estas são as batalhas mais elaboradas, e são todas divididas em três partes distintas. O problema é que não há checkpoint entre elas, o que deixa um tanto sacal ter que fazer a luta toda de novo ao morrer. Felizmente, nenhuma delas é especialmente difícil.
VOLTAR A SER CRIANÇA
E assim, o jogo progride, com desafios de plataforma bons e combate chatinho. Até que seus personagens literalmente voltam a ser crianças. O mundo em questão traz novas mecânicas e focam totalmente na plataforma, eliminando quase totalmente o combate.
E quando rola combate neste mundo, curiosamente Unruly Heroes se torna um jogo de tiro, dando a cada um dos personagens um ataque bastante diferente.
Este mundo “infantil” foi o único do jogo inteiro que realmente me deixou animado para continuar jogando. É uma pena que a criatividade mostrada nele não tenha aparecido no resto do jogo.
UMA NOITE NO MONTE CALVO
A história termina em uma montanha de fogo que me lembrou consideravelmente do segmento de Uma Noite no Monte Calvo de Fantasia.
Unruly Heroes é um jogo que claramente foi desenvolvido com carinho. Mas falta aquele senso lúdico tão presente em plataformas 2D. Não é à toa que seu melhor mundo é justamente quando os personagens voltam a ser crianças.
Talvez a coisa já ficasse bem melhor se suas músicas tocassem com mais frequência. Isso sem dúvida o deixaria mais lúdico e divertido, porém não resolveria seu combate entediante e suas plataformas não tão inspiradas. No final das contas, Unruly Heroes se encaixa perfeitamente na definição do Cyrino para um filme nada. Bonitinho, mas ordinário.
