Esta é nossa análise Street Fighter 6, um game bem difícil de resenhar. Isso porque o que temos aqui, na prática, são dois jogos. Um deles é de luta e é excelente. Muito melhor do que esperava. O outro é um RPG de mundo aberto bem comum e mediano. Porém, ele é bastante conveniente, o combate é uma delícia, e por ser um modo história, acaba levando muito mais tempo para quem quiser terminar.
ANÁLISE STREET FIGHTER 6: PORRADINHA
Street Fighter 5 foi muito decepcionante. Eventualmente, dizem que ele se tornou um jogo decente, mas quase todo o tempo que passei com ele foi perto do lançamento, quando sequer tinha um modo arcade. Street Fighter 6, por outro lado, já parece completo.
Tem o arcade, claro. Há vários personagens e tutoriais para cada um deles. E tem modos online bastante elaborados e cheios de opções, além de competitivo de sofá, que inclui torneios para vários jogadores. Eu devo ter passado meus primeiros dois dias com Street Fighter 6 apenas explorando o seu lado “jogo de luta”. E não parava de exclamar coisas como “nossa, que jogo legal” ou “que lindo e estiloso” ou “olha quanta coisa tem pra fazer”.
FIGHT!
Eu tenho algumas críticas sobre os personagens escolhidos. Não termos nenhum dos quatro chefes de Street Fighter 2, em especial, me parece uma decisão errada. Mas pelo menos temos os oito clássicos, e ainda Cammy e Dee Jay (que está MUITO legal aqui!). Ainda assim, todos os que estão aqui estão muito bons. Gostosos de jogar, eficientes, e até personagens como Guile e Ryu ganharam golpes novos.
O modo arcade pode ser jogado em uma sequência de cinco ou de 12 lutas. Há dois tipos de fases bônus. Em uma delas você destrói um caminhão e na outra, que só aparece na campanha de 12, você deflete bolas de basquete. A maioria das lutas são aleatórias, mas cada personagem tem uma luta final pré-definida. Não existe um novo chefe final geral, o que rola é uma reprise do sistema de rivais que havia em Street Fighter 4.
Street Fighter 6 é um Street Fighter completo, algo que Street Fighter V não era. Mas curiosamente, ele traz um jogo bônus. World Tour é um RPG de mundo aberto que usa o sistema de combate excelente de Street Fighter 6 para criar um game que, na falta de uma comparação melhor, lembra Yakuza.
ANÁLISE STREET FIGHTER 6: WORLD TOUR É UM YAKUZA-LIKE
Já havia muitos crossovers entre Street Fighter e Final Fight antes. Porém, nunca foi dessa forma. World Tour é uma campanha que une definitivamente os dois jogos. Ela rola na maior parte do tempo em Metro City. O prefeito é Mike Haggar. A gangue Mad Gear domina as ruas. Vários personagens, até mesmo de jogos menores da série, como Final Fight 2, aparecem por aqui.
É fácil lembrar de Final Fight Streetwise, mas World Tour é melhor. Não é exatamente bom, veja. Mas é gostoso o suficiente que eu acabei investindo umas 30 horas para fazer toda sua campanha e boa parte das missões secundárias.
Em World Tour, você pode criar um personagem. O sistema de criação é bem parrudo. Complexo demais para mim, eu até desisti no meio do caminho da minha missão em criar alguém parecido comigo. A história começa, então, com você se matriculando na academia do novo personagem Luke. Lá você faz um amigo que logo desaparece. A campanha é a busca pelo coleguinha.
DISCÍPULO DO DRAGÃO
A campanha tem uma pegada bem interessante. Ao longo das sidemissions e missões principais, você pode encontrar todos os personagens que estão em Street Fighter 6. Cada um deles é um mestre e você pode estudar com eles. Isso imediatamente te dá acesso a todos os golpes normais do boneco e a alguns especiais. Usar o estilo em repetidas batalhas e desenvolver a relação com cada um deles através de presentes abre novos golpes especiais, super arts e a possibilidade de chamá-los para lutar ao seu lado.
O mais legal é que depois de ter vários mestres, você pode criar um super lutador de Street Fighter. Dá, por exemplo, para combinar o Shouryuken do Ken com o Hadoken do Ryu. E ainda permitir que seu personagem dê o pilão do Zangief, a bolinha do Blanka e o spinning bird kick da Chun-Li. Tudo isso mantendo os golpes que esticam os braços do Dhalsim.
Isso é muito legal. É algo que obviamente não funcionaria no jogo de luta competitivo, mas você poder criar um personagem single player com todos os seus golpes preferidos, e ainda com a sua cara, é muito legal. Daí, graças ao excelente sistema de combate de Street Fighter 6, as lutas são uma delícia.
ROTINA DA TURNÊ MUNDIAL
Durante a campanha, há lutas típicas de Street Fighter, com melhor de três e vida completa. Mas também há algumas porradarias estilo Yakuza, contra vários NPCs de vida pequena ao mesmo tempo. E é curioso como alguns golpes são perfeitos para vencer geral. Eu nunca fui muito fã do spinning bird kick nos jogos, mas no World Tour, é um golpe especial que eu mantive equipado durante toda a campanha.
Tirando as lutas e a customização dos golpes, nada na campanha é realmente tão legal. Os gráficos são bem fracos, muito inferiores ao lado luta do game. Boa parte da história é contada através de textos escritos, sem vozes. E a narrativa em si não é muito interessante. O mais legal é mesmo poder conversar e interagir com personagens do Street Fighter e Final Fight, podendo conhecer suas personalidades de forma que os games principais nunca permitiram.
A questão é que o World Tour é muito conveniente. Embora seus objetivos sejam basicamente “vá até o ponto x e fale com alguém ou o encha de porrada”, é tudo rápido de cumprir. O jogo salva com frequência, as lutas são rápidas, os dois mapas abertos são deliciosamente pequenos e ainda existe fast travel. Para completar, os carregamentos são bem curtos.
LUTANDO ATRAVÉS DO MUNDO
Apesar de os mapas abertos serem em Metro City e em Nayshall, você pode viajar para várias partes do mundo. Em geral, estes outros países, como o Brasil, são a tela que você vê no jogo de luta, habitadas pelo mestre em questão. E é bem engraçado fazer um personagem homem e utilizar o estilo feminino da Chun-Li ou o estilo animalesco do Blanka. É engraçado como é natural para nós ver o Blanka se movendo daquele jeito, mas ver um avatar parecido comigo pulando como um macaco é muito engraçado.
Também é legal poder andar e curtir o clima de cenários clássicos, como a base militar do Guile ou a praia do Dee Jay. Assim, absolutamente nada em World Tour justificaria a compra dele como um jogo vendido separadamente, como Final Fight Streetwise. Porém, como um brinde em um jogo de luta excelente e completo, muito mais completo do que Street Fighter V, acaba sendo bem-vindo. E é gostoso o suficiente para jogar até o fim, nem que seja por inércia.
STREET FIGHTER 6 X MORTAL KOMBAT 1
E este é o ponto. World Tour é um bônus. E é uma forma bem mais decente e criativa para a Capcom colocar um modo história do que simplesmente copiar o estilo Mortal Kombat de fazer campanha, que é o que eles tentaram fazer até agora. Particularmente, eu adoraria ver um jogo como Shaolin Monks no mundo de Final Fight e Street Fighter. Mas se isso um dia for feito, provavelmente será como um jogo completo, não como um brinde. Por enquanto, devo dizer que World Tour é um acréscimo bem legal, que acrescenta bastante valor a um game que já valeria a pena ser comprado mesmo sem isso.
Alguns anos atrás, lembro de ter ficado impressionado com quão absurdamente melhor era Mortal Kombat 11 quando comparado a Street Fighter V. Quando eu era criança, e a competição era entre Mortal Kombat e Street Fighter 2, esta conclusão era algo totalmente inesperada.
Era extremamente claro quão melhor era o game da Capcom, nem era algo discutível. Mortal Kombat era legal pela violência e pelo visual realista, mas como jogo a Capcom detonava. A coisa mudou totalmente de figura nos últimos lançamentos. Porém, Street Fighter 6 é bom o suficiente para virar o jogo novamente. Será que Mortal Kombat 1 será tão bom? Neste momento, não tenho dúvidas que será bom. Mas qual será o melhor jogo de luta dessa geração? Este é um combate que vou gostar de acompanhar. Finish him!