Sabe quando você espera que algo seja bom – muito bom até – e mesmo assim o bagulho te surpreende? Pois isso aconteceu hoje, e eu vou contar como foi em nossa análise Sayonara Wild Hearts.
ANÁLISE SAYONARA WILD HEARTS
Sayonara Wild Hearts é vendido como um jogo de ritmo, mas eu o classificaria mais como um de ação. Verdade que a música é parte essencial da obra, mas eu não senti que meus movimentos eram ditados pelo ritmo das canções.
A jogabilidade é bem simples. Você deve se mover para pegar corações e desviar de obstáculos. Ocasionalmente, é necessário apertar qualquer botão no momento certo. A quantidade de corações conquistados, como na vida real, determina sua pontuação. A princípio, você pode imaginar que Sayonara Wild Hearts é semelhante àquela famosa fase do jetski de Battletoads, mas não é o caso.
Na verdade, ele me lembrou um outro jogo antigo – e muito menos conhecido.
ROAD AVENGER
Road Avenger é um título de Sega CD quase esquecido. Sua jogabilidade também era bem simples, mas era absurdamente emocionante. Basicamente, um desenho animado passava na sua frente e você tinha que apertar os comandos que apareciam na tela.
A questão é que o desenho era uma perseguição de carros ridiculamente exagerada, na qual o seu carro entrava em shoppings, passava por praias e tudo mais que você pode imaginar. Era um verdadeiro testosterona total em forma de desenho animado. Se você não tem possibilidade de jogar, assista ao vídeo aí em cima. Você não vai se arrepender.
CORAÇÃO SELVAGEM
Sayonara Wild Hearts é praticamente uma versão moderna do mesmo conceito. Ao invés de aparecer grandes setas na tela, seu movimento é determinado por onde os corações aparecem. Além disso, o jogo é bem mais tolerante com falhas.
Porém, a criatividade nas cenas é igualmente tremendona, e tem uma variação absurda. Nos primeiros capítulos, a coisa parece o Thumper, em que você se movimenta apenas de um lado para o outro. Mas cada fase tem um tema diferente. Você pode dirigir uma moto, montar em um cervo, voar, cair. A câmera também é deveras criativa. Há trechos sidescrollers, partes em que você vê a protagonista de trás, e até em primeira pessoa. Tem shooters e até duelos de espada.
Na verdade, ao longo das fases há vários duelos, em que a protagonista luta com gangues. Estes são os melhores momentos de um jogo sem piores momentos, e trazem ainda mais variação a um gameplay aparentemente tão simples.
CORAÇÃO BONITO
Para completar, Sayonara Wild Hearts é lindo demais. Eu sei que não parece grande coisa pelas imagens, mas em movimento, na tela grande, é outra coisa. As cores pulsam no ritmo das músicas, tudo é incrivelmente brilhante e, talvez o mais importante, os personagens se movem com a graça de bailarinas.
Tem cenas de ação incrivelmente pintudas aqui, como a da imagem acima. Porém, a movimentação é bela e estilosa, como em um filme de kung fu dirigido por Zhang Yimou.
Estamos falando de um jogo em que há socos e tiros, mas que é tudo feito de forma que mais parece uma dança. Em nenhum momento Sayonara Wild Hearts é violento.
OS MELHORES PERFUMES ESTÃO NOS MENORES FRASCOS
Talvez algumas pessoas reclamem de sua duração. De fato, se você jogar uma fase depois da outra, trata-se de um jogo curto, que deve durar uns 60 minutos. Porém, não se engane, ele é intenso. Muito intenso. Desta forma, 60 minutos aqui fornecem muito mais entretenimento e diversão do que, por exemplo, uma hora de The Witcher 3.
Sim, eu até gostaria que ele fosse mais longo, dado o nível absurdo de diversão que ele proporciona. Porém, ainda assim foi uma experiência agradável, com começo, meio e fim. Ao terminar Sayonara Wild Hearts, fiquei com vontade de jogar de novo, mas sem sensação de coito interrompido.
O que mais surpreende é como os desenvolvedoras da Simogo evitaram a tendência atual de estragar a diversão dos jogos tornando-os frustrantes. Eles poderiam facilmente ter feito isso aqui. Bastava limitar cada fase a três tentativas e, se você perdesse todas, precisava começar do início. Ao invés disso, você pode tentar quantas vezes quiser e, se um checkpoint estiver sendo especialmente chato, pode simplesmente pular e continuar jogando. Perfeito. Seria bom que a indústria de games aprendesse mais com a Simogo e menos com a From Software.
Quem quiser jogar depois de terminar a história pode repetir as fases em busca de pontuações melhores. Conseguir uma medalha de ouro é bem difícil e, até o momento, eu consegui esta façanha em apenas duas fases.
Sayonara Wild Hearts é duas coisas. Uma das maiores surpresas do ano e, também, um dos melhores do ano. Faça um favor a si mesmo e não perca a chance de experimentar esta maravilha.
