Começo esta análise Mortal Kombat 1 com uma historinha. Muito, muito, muito tempo atrás, eu adorava games de luta. Street Fighter e Mortal Kombat eram muito minha geleia. Mas na época não dava para jogar online, e era raro eu ter amigos em casa, especialmente amigos que jogavam tão bem quanto eu.

Muito, muito tempo atrás, quando competir online virou realidade, a toxicidade da comunidade e minha própria falta de habilidade para conseguir competir de forma apropriada me desanimaram. Eu acabei abandonando os jogos de luta. Mesmo hoje jogo apenas um ou outro, apenas para fazer análises aqui para o DELFOS. Porém, Street Fighter 6 e este Mortal Kombat 1 arriscam mudar isso, sendo jogos completos mesmo para quem não quer jogar online.

ANÁLISE MORTAL KOMBAT 1 E AS TORRES

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Jogar com o Scorpion nas torres é minha primeira parada em um novo Mortal Kombat. Afinal, é o modo arcade, onde você faz uma sequência de lutas sem enrolação para assistir aos finais específicos de cada lutador. Vou falar mais dos lutadores em si mais para frente, mas nas torres a gente costuma formar a primeira impressão sobre o jogo. E sabe qual foi a minha primeira impressão aqui? Como este jogo é colorido, meu!

Mortal Kombat 1 é ridiculamente bonito. Particularmente, eu gosto mais do estilo cartunesco do Street Fighter, mas o visual realista e extremamente detalhado é impressionante e uma tremenda refeição para os olhos. As animações e a performance (esta pelo menos nas lutas em si) estão excelentes na versão de PS5, e é lindo como as telas de carregamento que deixavam estes jogos tão pentelhos na época do Saturn simplesmente sumiram, ou foram completamente disfarçadas.

ANÁLISE MORTAL KOMBAT 1 E A JOGABILIDADE

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A jogabilidade está bem diferente. Arrisco dizer que Mortal Kombat 1 foi por um caminho oposto ao de Street Fighter 6. Ao invés de simplificar os comandos, ficou ainda mais complicado. Combos são diferentes para todos os personagens e mesmo combos que sempre funcionaram não funcionam mais. Isso sem falar comandos de longa data que agora estão diferentes, ou os mesmos comandos de antes agora fazem outros golpes.

Isso tudo é questão de aprendizado. Mas fez com que o Scorpion passasse de ser meu lutador preferido para um dos mais sem graça da nova versão. E digo o mesmo do Sub-Zero. Ainda tenho muito a testar e conhecer para ter uma opinião definitiva sobre os melhores, mas por enquanto estou amando jogar especialmente com Raiden, Baraka e, curiosamente, Li Mei. Esta me surpreendeu por parecer totalmente genérica e sem graça, mas quando peguei para conhecer, simplesmente me apaixonei por seus golpes cheios de faíscas roxas.

ESPECIAIS E SUPERS

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Uma outra coisa curiosa é que há uma barra daquelas normalmente usadas para super combo, mas serve especificamente para turbinar golpes especiais. O estranho é que alguns golpes ficam mais fracos se turbinados, outros parecem simplesmente não funcionar, mesmo que estejam listados entre os movimentos possíveis. Outros, ainda, consomem a barra, mas não parecem mudar absolutamente nada. Cabe ao jogador testar tudo e ver quais são os melhores investimentos de suas barras de super.

O tradicional super combo pode ser utilizado quando você está com pouca vida, e apenas uma vez por luta. Felizmente, ele é ativado da mesma forma para todo mundo. Particularmente, acho que este deveria ser o caminho: fazer com que todos os supers, especiais e fatalities fossem ativados da mesma forma. Daí seria possível decorar os comandos que valem para todos e simplesmente ver o que eles fazem, ao invés de ficar a toda hora consultando o menu.

FATALITIES E KAMEOS

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O Goro é um kameo, mas também tem seu fatality.

Ainda sobre isso, uma coisa extremamente pentelha é que pausar o jogo mostra alguns comandos de especiais, mas não todos. Certamente há espaço para colocar todos na tela e assim evitar navegar pelos menus. Mas o mais irritante é que a tela de pausa mostra o comando do fatality do seu personagem, mas é o easy fatality. Para quem não sabe, o easy fatality é um comando mais fácil para fazer as animações finais. Porém, para ativá-la você precisa ter um consumível. E este consumível deve ser comprado com dinheiro real. Em outras palavras, a maioria de nós nunca vai usar isso (quem paga para ver uma animação, especialmente uma única vez?), então por que não mostrar o comando real do fatality na tela de pausa? Ou, melhor ainda, fazer um comando fácil e universal que sirva para todos os personagens?

E, claro, tem os kameos, que são versões simplificadas do que já vimos em games como Marvel Vs. Capcom ou King of Fighters. Basicamente, existe uma lista secundária de personagens que podem ser ativados durante as lutas com R1 e uma direção. Existe alguma profundidade, com cada direção rendendo um golpe diferente, além de que os kameos também têm fatalitiesbrutalities.

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Eu fiquei animado ao ver Motaro como um kameo, mas ele é muito menos legal do que parece.

Na prática, eu acabava esquecendo de usar. Isso porque os kameos funcionam em cooldown e dificilmente há tempo suficiente em um round para você conseguir chamar mais de duas vezes. Eu acabei usando mais para curtir fatalities extras, mas na luta meus kameos preferidos foram, de longe, Goro e Sektor. Sabe o que é extranho? Alguns personagens, como ScorpionSub-ZeroKung Lao aparecem em versões diferentes, tanto como kameo quanto como jogador. Outros, como Motaro e Striker, são apenas kameos. Então por que repetir? E, curiosamente, o Pai Mei de Kill Bill é um dos kameos. Ele tem outro nome, mas seu fatality é o próprio five point palm exploding heart technique.

ANÁLISE MORTAL KOMBAT 1 E A HISTÓRIA CINEMATOGRÁFICA

Mortal Kombat foi a primeira série de luta a fazer isso, e a Capcom por muito tempo tentou copiar até criar algo novo em seu mais recente Street Fighter 6Mortal Kombat 1 definitivamente não reinventa a roda. O modo história é um longuíssimo filme, que ocasionalmente é interrompido para algumas lutas. Como sempre, cada capítulo foca em um personagem (você joga exclusivamente com quem, naquele momento da história, é do bem) e tem quatro lutas, com alguns poucos capítulos mais longos.

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Sub-Zero, Liu Kang e Scorpion no modo história.

Apesar de ser o que a gente espera, eu simplesmente AMEI o modo história. As cutscenes são absurdamente lindas, com direção e uso de cores de deixar – e não exagero ao dizer isso – a maior parte dos filmes de cinema amadores (já critiquei muito aqui a tendência de Hollywood não usar cores em seus filmes). O visual tenta ser realista, mas sinceramente não acho que alguém vai assistir e confundir com um live-action. Porém, ele parece uma linda animação em computação gráfica, feita com muito carinho, técnica e, claro, dinheiro.

A MESMA HISTÓRIA, SÓ QUE DIFERENTE

A gente está numa tendência da cultura pop em que as mesmas histórias de 20, 30, 40 anos atrás são reiniciadas e recontadas com algumas diferenças. Às vezes é um universo paralelo. Às vezes são os descendentes da história original. Mas a tendência é vermos os roteiristas dando jeitos criativos e rocambulescos de repetir as histórias. E isso é o que acontece com Mortal Kombat 1.

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Estou apaixonado pela família real do Outworld.

Como você sabe se jogou a história de Mortal Kombat 11, Liu Kang resetou o universo e recriou tudo, na esperança de evitar os conflitos que aconteceram antes. Ou seja, Mortal Kombat 1 é o início de tudo, uma nova origem. Os personagens são todos mais jovens (Raiden é basicamente um moleque), Scorpion ainda é um ser humano e patati patatá. A graça é ver como o conflito vai começar de novo, e personagens que um dia estiveram do lado do mal agora podem ser do bem e vice-versa.

Eu gosto muito da lore e do universo de Mortal Kombat, e ver essa história que nunca foi contada direito na minha infância sendo contada com algumas surpresas é bem interessante. Admito que quando a coisa começa a ir muito para o lado do multiverso, desanimou um pouco, mas aí entra minha fadiga com o uso exagerado da temática atualmente. O modo história foi a última coisa que eu vi em Mortal Kombat 1, mas admito que me diverti e me empolguei muito mais com ela do que com o restante do (ótimo) conteúdo do jogo. Também quero elogiar o tom, que é ao mesmo tempo fanfarrão e épico, como uma boa música do Gloryhammer ou do Dragonforce.

ANÁLISE MORTAL KOMBAT 1 E A INVASÃO

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Já pensou que delícia explorar este mundo livremente?

Talvez a maior novidade em Mortal Kombat 1 seja o modo invasão. Este é um RPG de tabuleiro. Você escolhe um personagem e o movimenta através de um tabuleiro, com cada casa sendo um desafio. A maioria, claro, é luta, mas tem também test your mights e sobrevivência.

Você pode subir de nível e mexer nas estatísticas de seu herói, além de ser possível equipá-lo com talismãs que dão novos golpes. No tutorial você explora a casa do Johnny Cage, e depois entra no modo de “temporada”. A aventura atual coloca o Scorpion como um invasor malvado e você como o herói que vai impedí-lo. São vários tabuleiros e é uma aventura que leva bastante tempo para ser concluída, mas que é bem divertida e bacana. O que achei curioso é seu modelo de temporada, que no momento não está muito claro o que significa.

SAZONAL, TEMPORADA E O ESCAMBAU

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Uma coisa que está clara é que, ao longo do modo invasão, você ganha moedas sazonais (um dos vários tipos de moeda presentes no jogo). Estas podem ser gastas em uma loja de cosméticos da temporada. Acredito que esta loja será completamente repaginada quando a temporada mudar, e o modo invasão será resetado. Fica a interrogação se teremos novos mapas sempre que mudar (o que parece um trabalho absurdo para pouco resultado – quem vai jogar isso várias vezes?) ou se apenas o progresso é resetado, possibilitando ganhar moedas novamente em outra temporada.

Mortal Kombat 1 também tem uma loja de cosméticos que vende coisas com uma moeda fictícia comprada com dinheiro real (o pior tipo de DLC/Microtransação que existe) e um sistema de loot boxes que só podem ser compradas com dinheiro ganhado no jogo. Este último podia ser mais automático, pois exige você entrar na área apropriada do menu e ficar esperando uma longa animação de loot box para cada troca. Você gasta vários minutos se resolver, por exemplo, juntar dez compras para gastar tudo de uma vez, e eu recomendo juntar, pois a maior parte dos brindes são coisas sem graça, como arte conceitual. Eventualmente, pode rolar uma skin ou algo mais bacana, então não é algo que vale a pena ignorar totalmente.

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Outro detalhe que vale falar é que o jogo depende de conexão ao servidor. Isso ficou offline durante um dia inteiro do período de review. E no último domingo, 17, ficou offline de novo para uma manutenção programada. Embora fosse possível jogar alguns modos específicos, o jogo avisava que jogar offline faria com que nada fosse permanente. Ou seja, se não vai salvar, eu sinceramente prefiro não jogar. Então fique com o aviso de que Mortal Kombat 1 é um jogo always online.

ANÁLISE MORTAL KOMBAT 1 E AS SURPRESAS

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A única surpresa real para mim foi o modo Invasão. Todo o resto já é esperado de um novo Mortal Kombat. Porém, isso não muda o fato de que o modo invasão é extremamente divertido – pelo menos para fazer uma vez – o modo história tem uma qualidade absurda de boa e o próprio jogo em si, em jogabilidade, gráficos e performance, é fantástico.

Uma boa notícia é que tiraram totalmente aquele sistema de equipar os personagens com equipamentos que afetam suas estatísticas. Tirando o movo invasão, você até pode trocar os equipamentos, mas as diferenças são apenas cosméticas. Cada lutador é perfeitamente tunado pelos criadores do jogo, sem nenhuma aleatoriedade, nem para os modos online nem para os offline – com exceção do single player Invasão, cuja ideia é ser um RPG mesmo.

STREET FIGHTER 6 X MORTAL KOMBAT 1

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Entre Mortal Kombat X e Street Fighter 5, eu não tinha nenhuma dúvida de que Mortal Kombat levava a melhor. Tipo de longe. E humilhantemente. Agora em 2023, novamente temos dois jogos das duas franquias se encarando. E entre Street Fighter 6Mortal Kombat 1, a batalha é mais acirrada.

A boa notícia é que os dois são jogos sensacionais, de altíssima qualidade técnica e artística. Fãs de jogos de luta estão muito bem servidos em 2023. Mesmo aqueles que, como eu, não são tão fãs de jogar contra outras pessoas no online. E isso é ótimo, até porque todo este conteúdo single player não veio em detrimento do modo competitivo de ambos os games, que continua aqui – e é excelente.

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Quem quer tirar uma selfie comigo?