Análise Layers of Fear 2023 – coletânea regravada

Esta análise Layers of Fear 2023 é algo diferente para mim. Eu já escrevi análises completas para Layers of Fear, Inheritance e Layers of Fear 2. Lendo estes textos hoje, vejo que eles ainda se aplicam muito bem à versão de 2023. Então vamos começar com fatos, antes de opiniões.

O QUE É LAYERS OF FEAR 2023?

Layers of Fear 2023 é uma compilação refeita. Ele inclui tudo que foi lançado antes sob o nome Layers of Fear, refeito na Unreal Engine 5. Além do conteúdo dos três lançamentos anteriores, inclui duas novas histórias. The Final Note conta a história da esposa do pintor do primeiro jogo. Já a história da escritora serve como a cola que une tudo que acontece. Ela tem pequenas “fases” intercaladas com a história que já conhecemos.

A protagonista em Layers of Fear 2023 é uma escritora que ganha uma temporada isolada em um farol para escrever a história do pintor do primeiro jogo. Descobrir a relação dela com o pintor e com o ator de Layers of Fear 2 é parte da graça. O conteúdo de Layers of Fear e Layers of Fear 2 vem em sequência, com interlúdios em que voltamos a controlar a escritora no farol.

O DLC Inheritance, sobre a filha do pintor, e a nova história The Final Note podem ser acionados em livros que ficam à direita da máquina de escrever. Ambos são destravados após você terminar a história do primeiro Layers of Fear e recomendo que você os faça nessa ordem. A saber, Layers of Fear, Inheritance, The Final Note e Layers of Fear 2.

UNREAL ENGINE 5

Layers of Fear 2023 é um dos primeiros lançamentos que usam a nova Unreal Engine 5. Antes dele, havia apenas Fortnite, que é da própria Epic, e R-Type Final 3, que não é exatamente um esplendor técnico. Assim, Layers of Fear 2023 marca quase o início da next-gen e de fato parece um tech demo.

Se você jogar no modo qualidade, ele é realmente impressionante. Os gráficos são lindos e elaborados, com uma excelente iluminação e uso extensivo de ray tracing e outras tecnologias recentes. Dá para ativar o modo performance, que deixa tudo mais “normal”. Até reflexos de espelhos param de aparecer.

A questão que me faz dizer que Layers of Fear 2023 é quase um tech demo é que ele é o que sempre foi. Simplesmente não há muito jogo aqui. Temos um walking simulator de terror que é praticamente um trem fantasma. Ele tem um truque: mudar o cenário quando você não estiver olhando.

Ou seja, entre por uma porta e quando sair, o corredor pode ter mudado. Olhe para um quadro e ao olhar para trás você pode estar em outro lugar. Isso é muito eficiente. Deixa o jogador desorientado e inseguro o tempo todo. E usa bem isso, com vários momentos em que você precisa dar uma volta no cenário várias vezes para ele mudar e então avançar a história. Porém, este é o seu truque, que é repetido ad infinitum.

WALKING SIMULATOR DE TERROR

Há momentos de perigo, mas são pontuais e fáceis de escapar. Ao invés do estilo Outlast, aqui você não é indefeso. Dá para imobilizar o monstro focando a lanterna nele por alguns segundos, e as cenas de perseguição normalmente envolvem fazer isso para passar.

Tirando as perseguições, o jogo envolve basicamente andar por corredores lineares, abrir gavetas e ler textos. Layers of Fear nunca foi muito interessante, mas o timing foi realmente prejudicado por quão longa essa versão compilada ficou. Você vai se cansar de abrir gavetas e ler cartinhas quando ainda tiver centenas delas pela frente.

Nesse aspecto, Layers of Fear 2 funciona melhor. A história do ator é muito menos interessante que a do pintor, mas como jogo ela é superior. Os cenários são mais elaborados, as situações são mais variadas e o navio em que ele se passa tem menos gavetas e armários.

ANÁLISE LAYERS OF FEAR 2023: A TÉCNICA

O visual é de longe o principal bem de Layers of Fear 2023. O que temos aqui é bom o suficiente para você pensar que foi feito por um time bem maior. Mas a Bloober Team sempre foi boa em criar visual e atmosfera. Eles pecam mesmo é no gamedesign.

No caso deste, há problemas técnicos bem graves. Eu já atravessei o chão e fiquei preso em paredes, tendo que reiniciar do save. Além disso, ele coloca uma opção de acessibilidade muito bem-vinda que permite simplesmente apertar um botão para abrir portas e gavetas. Antes era necessário segurar o botão e fazer o movimento na alavanca direita, o que sempre foi muito chato. Porém, isso não se aplica a tudo. Algumas coisas ainda exigem movimento e em geral não dá para fazer sem desligar essa opção.

Num dos momentos mais chatos do jogo, eu precisava fugir do monstro enquanto abria e fechava portas de correr. Só que os controles não funcionavam. O personagem parecia não largar a porta para que eu pudesse virar e fechá-la. Morri meia dúzia de vezes nessa cena, até resolver tentar desligar essa opção para ativar os controles normais, e daí passei de primeira.

ANÁLISE LAYERS OF FEAR 2023 E AS ATUALIZAÇÕES ROLANDO

Tenho a sensação de que Layers of Fear 2023 estava sendo atualizado furiosamente durante o período de review. Eu só não tenho certeza porque o Xbox Series X costuma atualizar os jogos quando está desligado, sem nem te avisar. Então é bem provável que problemas apontados aqui não estejam mais presentes na versão que você jogar. Um caso que eu sei que foi consertado em uma atualização é que o botão Y, usado para abaixar, não funcionava para levantar. Isso de um dia para o outro parou de acontecer, então a única explicação é uma atualização secreta.

Outra coisa que me incomodou muito enquanto jogava Layers of Fear e Inheritance é quão absurdamente escuro o jogo era. Isso era exacerbado pelo fato de que, com HDR ligado, o jogo não permite aumentar o brilho. Para fazer isso, você precisa desligar o HDR ou então mexer na sua TV. Eu tentei mexer e isso fez com que a tela passasse de preta para cinza, sem mostrar mais do cenário.

Porém, este foi um problema que sumiu em The Final Note e Layers of Fear 2. Será que o jogo não estava calibrado corretamente e foi corrigido em um patch que eu não vi acontecer? Ou será que os dois primeiros jogos são realmente mais escuros do que os dois últimos. Eu não sei responder, pois obviamente não tive tempo de jogar as duas campanhas originais novamente.

ANÁLISE LAYERS OF FEAR 2023: POR QUE ELE EXISTE?

Layers of Fear está longe de ser um pilar da cultura pop, como The Last of Us. E todos eles estão disponíveis neste momento, e são jogáveis nos consoles mais recentes. Nenhum dos problemas de gameplay foi resolvido aqui. Layers of Fear junta dois games e um DLC, além de duas histórias bônus, em um novo e brilhante pacote. Mas ainda é o mesmo jogo falho do passado. Assim, é basicamente um relançamento remasterizado dos games anteriores. É tipo o que o Viper fez, juntando Soldiers of Sunrise e Theatre of Fate em um único CD. Tipo, se você ainda não tinha os discos separados e tinha interesse, claro, compre a versão nova. Mas se já tinha, não há muito aqui que justifique sua existência.

A impressão que tenho é que Layers of Fear 2023 foi feito pela Bloober Team como uma forma de se habituar à Unreal Engine 5 com um trabalho mais fácil, antes de eles focarem no remake de Silent Hill 2, que vai sem dúvida ser comercialmente mais importante. A questão que fica é a mesma que os fãs fizeram quando foi anunciado que a desenvolvedora que cuidaria do novo Silent Hill: seus jogos simplesmente não são tão legais. Layers of Fear 2023 é um esplendor técnico, mas como jogo continua tão mediano quanto sempre foi.