Quando eu vi o trailer de Agent Intercept, imediatamente pensei o quanto ele parecia ser legal. Mas você nunca sabe de verdade até jogar. Especialmente no mundo indie, em que temos muitas boas ideias, mas também muita gente com pouca experiência para executá-las bem. Pois é com grande prazer que inicio essa análise Agent Intercept dizendo que ele é, sim, muito legal. E é também bem diferente do que pode parecer.
ANÁLISE AGENT INTERCEPT
Eu não sei você, mas no âmago do meu ser, quando vejo um jogo de carrinho, imediatamente penso que é alguma forma de corrida. Mas não se engane. Agent Intercept é um jogo de ação altamente cinematográfico. Você fica dentro do carro o tempo todo, sim, mas não precisa chegar primeiro. O que você precisa é destruir helicópteros, submarinos, alcançar mísseis. Enfim, o tipo de coisa que eu costumo chamar de terça-feira.
Ah, e o seu carro não é sempre um carro. O caminho de algumas fases vai te jogar de abismos ou lançar o carro em rios. Mas não priemos cânico! Quando isso acontecer, isso acontece:
O “carro” é uma supermáquina, capaz de usar vários gadgets e adaptar sua forma para a situação. É o tipo de veículo que qualquer pessoa deveria ter na garagem, sabe?
AÇÃO ROTEIRIZADA
Talvez o jogo mais parecido com Agent Intercept que consigo pensar, é aquele do Velozes e Furiosos, lembra? Você deve se lembrar que eu gostei dele, assim como gostei de Agent Intercept. Porém, algo me diz que devido ao preço e orçamento mais baixos, Agent Intercept será lembrado de forma mais gentil.
Ele basicamente quer ser um jogo de ação cinematográfico e altamente roteirizado. Mas você deve se lembrar que “experiência é mais caro de fazer do que gameplay“. Para resolver este pepino, Agent Intercept opta por um visual estilizado em low poly que é realmente MUITO bonito!
E, meu camaradinha, dá certo. Se Velozes e Furiosos: Encruzilhada, ao optar por um visual mais realista, acaba ficando “feio”, Agent Intercept transborda beleza e estilo, sendo um daqueles raros jogos que tem exatamente o visual que deseja, sem ser tecnicamente limitado. Bom, pelo menos não na versão de PS5, que joguei.
Ele até tem os dois tradicionais modos gráficos, qualidade e performance, mas eu tive impressão que o modo qualidade já roda com framerate alto. E o visual é tão belo que eu constantemente pensava coisas como “nossa, olha isso” e “olha só aquilo que da hora!”. Agent Intercept consegue ser muito impressionante para um jogo desse tamanho.
ANÁLISE AGENT INTERCEPT: HISTÓRIA E VOZES
Agent Intercept é focado na experiência. E, como tal, uma história é necessária. Mesmo que você não se envolva muito com ela, ter um personagem gritando no seu ouvido algo como “alcance aquele míssil antes que ele destrua a Terra” deixa tudo mais exagerado e divertido.
Quase todos os diálogos são falados, embora o jogo não tenha cutscenes animadas. Alguns poucos aparecem apenas em texto, mas a imensa maioria – e todos que rolam durante o gameplay – são falados, o que deixa a aventura mais animada.
Além disso, o jogo tem praticamente duas (curtas) campanhas. A principal, e outra chamada de sidemissions.
AS DUAS CAMPANHAS DE AGENT INTERCEPT
A principal diferença entre elas é que a principal é uma história única, que continua de uma missão até a outra e tem uma conclusão clara. Já as sidemissions são missões em que cada uma conta uma história independente. De resto, em relação a orçamento, qualidade ou mesmo pintudice, o jogo é bem consistente. Praticamente todas as missões colocaram grandes sorrisos no meu rosto.
O que pega, e diminui consideravelmente a qualidade da experiência, é o sistema de progressão.
O SISTEMA DE PROGRESSÃO DE AGENT INTERCEPT
Agent Intercept é um jogo curto. Mesmo com duas campanhas, dá para ver tudo em poucas horas. Porém, ao invés de se assumir como uma “diversão adulta“, opta por colocar bloqueios artificiais e assim obrigar o jogador a repetir várias vezes cada fase para progredir.
Você tem cinco objetivos “opcionais” em cada missão (ou quatro, já que um deles é sempre “chegar ao final”). São coisas bem secundárias mesmo, como usar armas específicas ou pegar uma certa quantidade de colecionáveis. O ponto é que o jogo só deixa você progredir para a próxima fase se você cumprir uma quantidade mínima deles.
Na campanha, isso é relativamente leve. Apenas a última missão de cada capítulo fica travada dessa forma, e eu cumpri naturalmente os requisitos antes de chegar nelas. Porém, as sidemissions são mais exigentes. Você precisa cumprir pelo menos três dos objetivos de CADA MISSÃO para poder avançar para a próxima. Ou dois, se você considerar que um é automaticamente cumprido quando você passa da fase.
ANSIEDADE DE NÃO VER TUDO
É o tipo de pentelhação relativamente comum, e que vai continuar comum enquanto o público dos games ligar diretamente o valor de um jogo a sua duração. Infelizmente, o valor de qualquer jogo diminui muito quando ele obriga a repetição. Especialmente em uma obra tão roteirizada quanto Agent Intercept.
Todas as missões de Agent Intercept são deliciosas a primeira vez que você as faz. Mas se tornam menos gostosas a cada nova repetição. Se você precisar insistir muito, o sabor vira o de raiva e de perda de tempo. E, cara, isso é uma pena para um jogo tão legal.
Não chega a estragar consideravelmente o jogo como o ingrediente secreto do José Marques, porque ele não é tão exigente. Dá para cumprir os objetivos necessários se você se focar neles. Mas este é o problema. Nas sidemissions você precisa se focar neles. Não vai cumpri-los naturalmente. E daí, enquanto você joga uma cena de ação exagerada e absurda e fica preocupado com ter que encontrar três bolinhas douradas para coletar, acaba não curtindo a cena de ação como deveria, entende?
ANÁLISE AGENT INTERCEPT ME TORNA UM PANDA TRISTE
Eu terminei a campanha principal na primeira tarde, e gostei MUITO (como falei acima, ela exige bem menos objetivos secundários do que as sidemissions). Mas terminei com gostinho de quero mais. Eu simplesmente queria mais fases deste jogo tão legal. E eu as tinha. Tinha toda uma campanha de sidemissions ainda para fazer na segunda tarde, e estava bem ansioso para isso.
Porem, quando fazia as sidemissions, logo percebi que precisava alterar minha forma de jogo para cumprir os requisitos e poder avançar. Isso me desanimou muito, a ponto que eu fui daquela sensação de “quero mais” pra “caramba, quantas fases faltam?”, e ao terminar fiquei com um sentimento de alívio. Não é assim que você deve se sentir ao finalizar um jogo que amou!
E sim, eu amei Agent Intercept. Ao terminar a campanha, senti que ele estaria na minha lista de melhores jogos de 2022. Mas ser obrigado a focar em fazer coisas que não queria fazer para terminar a segunda campanha simplesmente estragou o jogo. É aquilo, as desenvolvedoras precisam entender que mais vale um jogo curto que diverte o tempo todo do que um que estende sua duração desnecessariamente. Sayonara Wild Hearts tá aí pra mostrar que mesmo um jogo independente de uma hora pode estar entre os melhores do ano.
PROMOÇÃO:
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