Admita, você sentiu o mesmo choque que eu quando soube que o Mike Portnoy havia saído do Dream Theater. O cara era um dos ícones da banda, além de ser fundador e quase um CEO do quinteto. É como se o Steve Harris saísse do Iron Maiden, pô! Mas como já dizia um velho deitado, há males que vem para o bem. E nesse caso, o bem veio com o curioso nome de Omertá.
Omertá, para o delfonauta curioso, é o voto de silêncio entre os mafiosos, muito comum na região sul da Itália. E para quem pensa que as referências à máfia acabam por aí, está muito enganado. Elas vão desde o logotipo da banda até as letras das músicas, passando pelo chapéu estiloso do Russell Allen. Aliás, eu te contei que o Russell Allen está na banda?
Pois bem, como se não bastasse ter o Mike Portnoy, a banda conta também com o vocalista do Symphony X, Russell Allen, além do baixista do Disturbed, John Moyer. Mas a mais grata surpresa desse disco é mesmo o desconhecido guitarrista Mike Orlando, e nem demora muito para isso ficar claro.
Logo na primeira faixa, a banda já mostra a que veio, com um desses riffs que faltam no mundo hoje em dia. Undaunted é sem dúvida uma das melhores do disco, e chega a ser engraçado ver como tudo soa bem nessa música, da bateria ao vocal. Uma daquelas músicas que mostram que dá para ser macho sem ter que passar óleo no corpo. E se você duvida, pode conferir por conta própria.
A seguir vem Psychosane, que apesar de contar com vocais um tanto exagerados, mantém o nível de qualidade da primeira música. E se em Undaunted você teve a impressão de que Mike Orlando era discípulo do Zakk Wylde, nessa música vai ter certeza disso. Não que seja copiado, mas a influência do Zacarias Selvagem é evidente, e ao contrário do que parece, isso não se torna um demérito. Inclusive é um diferencial nesse mundo em que os guitarristas tocam todos iguais.
As próximas duas músicas são as primeiras e as melhores baladas do disco. Indifferent traz um Portnoy mais próximo do que ele fazia no Dream Theater, com suas conhecidas acrobacias, porém sem se aprofundar muito. Já All on the Line é um caso à parte, pois apesar de começar como se fosse uma baladinha oitentista genérica, acaba evoluindo para uma música grandiosa, de fazer inveja à Wasting Love, do Iron Maiden. E, diga-se de passagem, Russell Allen soa nada menos que sensacional nela
A seguir vem a rápida Hit the Wall, que apesar de também ter mais algumas acrobacias de Portnoy, não tem nada muito parecido com o que ele fazia na sua outra banda. Neste disco, inclusive, Michel Portinóia não demonstra estar tão focado em batidas intrincadas, mas sim em fazer música de qualidade, soando extremamente relaxado.
Aí vem a fraca Feelin’ Me, que peca justamente por não acrescentar nada ao disco. Porém é logo após ela que vem Come Undone, cover do Duran Duran. Veja bem, eu não sou um metaleiro trüe cabeça de bagre que odeia tudo que seja pop, mas este cover em especial me pareceu a coisa mais desnecessária do disco. É uma música esperta, e os vocais da Lizzy Hale, do Halestorm, dão uma bela agregada à música. O problema é o quanto ela é repetitiva. Vai por mim, depois de um tempo você vai perder a paciência com os inúmeros “Who do you need, who do you love, when you come undone?”. Se era para fazer um cover, que refizessem o de Mob Rules, do Black Sabbath, que estava presente no EP de estreia da banda.
A seguir vêm as ótimas Believe Me e Down to the Floor, que só mostram o quanto Mike Orlando é um achado neste cenário do metal atual, e que mesmo com diversas estrelas na banda, ele consegue seu espaço. Logo após vem a última balada do disco, Angel Sky, que apesar de cumprir seu papel como balada, não traz nada de novo, sendo mais ou menos como Feelin’ Me. E fechando o disco, a legalzuda Freight Train, que apesar do seu refrão bobinho, tem suas qualidades e é um encerramento digno para este ótimo álbum.
Mas o delfonauta deve estar se perguntando: “Como assim, o disco não tem nada de progressivo?” Não tem. Mas sabe de uma coisa? O bom dessa banda é que ela não é uma reciclagem do que Portnoy e Allen fizeram (ou fazem, no caso do Allen) em suas outras bandas, e sim algo bem diferente. A proposta aqui não é a inovação, e sim a diversão. É metal puro e simples, sem as firulas do Prog metal. E se você acha que o Portnoy fez o certo, saindo do Avenged Sevenfold e criando o Adrenaline Mob, grite “UNDAUNTED!” nos comentários.