A Noiva Síria

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O dia do casamento é um dos momentos mais felizes para qualquer noiva, certo? Bem, pode-se abrir uma exceção para Mona (Clara Khoury). Ela faz parte de uma comunidade drusa (e eu realmente nunca tinha ouvido falar desse povo até assistir a esse filme) nas terras israelenses e vai se casar com um ator, também druso, mas morador da Síria. Devido à rivalidade entre os dois países, quando Mona atravessar a fronteira e passar para o lado sírio, nunca mais poderá retornar a Israel. Ou seja, ela nunca mais verá sua família novamente, à exceção de um irmão que já está do outro lado (a cena dele botando o papo em dia com a família, cada um no limite de sua respectiva fronteira, é impagável).

A Noiva Síria já chama a atenção não apenas pelas interessantes diferenças culturais, como expõe com muita clareza o problema que envolve os dois países, algo que eu nunca tinha compreendido totalmente. Eu sempre boiava nas notícias a respeito de palestinos, israelenses, sírios e por aí vai. Este filme deu um esclarecimento bacana a respeito dessa bagunça.

E mais, comprova minha crença de que qualquer religião, quando praticada sem questionamentos, mais atrapalha que ajuda. O chefe da família da noiva, Hammed (Makram J. Khoury, pai da noiva também na vida real), por exemplo, brigou com um de seus filhos só porque ele se casou com uma russa, ao invés de uma moça drusa. O que vai contra os princípios religiosos deles e faz com que os anciões da cidade pressionem Hammed para não reatar os laços com o rapaz, que comparece à cerimônia. Ou seja, uma grande bobagem sem sentido.

Mas o ponto alto do filme é mesmo a sua meia-hora final. Só ela já faz valer o preço do ingresso. Eu não vou contar do que se trata, pois não quero ser um daqueles chatos que entregam os finais dos filmes em suas resenhas (algo que me deixa pê da vida). Mas devo dizer que a situação mostrada é o perfeito retrato da babaquice humana em todo o seu glorioso esplendor. Chega a ser cômico de uma forma assustadora a falta de vontade com o próximo demonstrada nessa tal situação.

É como se fosse um esquete do Monty Python levado a sério! É tão absurdo, mas a coisa é tão séria, que causa risadas de descrença. Só vou dizer que envolve burocracia e um maldito carimbo. Pronto, já falei demais. O único ponto negativo da película é a cena final, que termina em aberto. No entanto, por mais que eu queira saber do desfecho, por outro lado também não consigo imaginar outra forma de terminar o filme. Pois é, meus sentimentos com relação ao final da película são contraditórios.

A Noiva Síria é uma excelente pedida para todos aqueles interessados em conhecer um pouco mais de uma cultura diferente e em entender um pouco dos conflitos daquela região. E não é todo dia que a tosqueira humana é exposta de modo tão engraçado e ao mesmo tempo tão nervoso. Programão.

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Nota
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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
a-noiva-siriaPaís: França/Alemanha/Israel<br> Ano: 2004<br> Gênero: Drama<br> Duração: 97 minutos<br> Roteiro: Eran Riklis e Suha Arraf<br> Artista: Livre<br> Diretor: Eran Riklis<br> Distribuidor: Europa Filmes<br>