A Garota do Livro é um drama pequeno, não só em sua duração, mas também em sua estética, com cara de independente, que rola tendo a cena literária como pano de fundo, o que foi na verdade o que me chamou a atenção e me deixou curioso para assisti-lo. No entanto, a história é um pouco mais pesada do que meros livros e manuscritos. Veja só:
Alice (Emily VanCamp, a Agente 13 dos filmes do Capitão América) é uma jovem mulher tentando vencer no mercado editorial estadunidense. Ela trabalha como assistente numa editora e também tem suas pretensões de escrever um romance. Contudo, sua vida profissional e pessoal é atrapalhada por algo que aconteceu em sua adolescência.
Quando era uma menina, a moça conheceu um escritor que se aproveitou dela (em todos os sentidos) e ainda a usou como modelo para a protagonista de seu romance, que virou um grande best seller. Tendo de viver com a vergonha de seu passado escancarada em um livro adorado por todos, pode-se imaginar que ela tenha dificuldades para deixar isso para trás e se ajustar em sua vida adulta.
O filme vai alternando a vida de Alice no presente, tentando se adaptar, o que fica muito mais difícil quando o escritor volta à cena, com flashbacks do passado, que mostram como o salafrário, como qualquer predador, foi preparando o terreno para se aproveitar dela.
Ambas as frentes possuem a mesma qualidade e sua força está na interpretação das atrizes (Ana Mulvoy-Ten interpreta a Alice adolescente). Contudo, embora seja até uma história forte, falta um pouco, para não dizer bastante, pegada, e a coisa toda nunca dá toda a liga que poderia.
Para completar, o final do filme descamba mais para um romance do que para o drama que era até então. Isso ficou na verdade bem estranho, fugindo totalmente do tom apresentado, embora seja algo até simpático e que faça sentido. Mas não era o que estava sendo desenvolvido até chegar a essa parte.
Ao menos a curtíssima duração ajuda a não apresentar gorduras e a narrativa se desenvolve de maneira dinâmica, sem enrolações. É esquecível, não vai mudar a vida de ninguém, mas é bem feito o suficiente para ganhar a alcunha de filme nada.
A Garota do Livro pode agradar quem gosta de dramas ou, como eu, tem interesse nesse background literário. Se você se encaixa nessas categorias, pode valer uma assistida. Mas definitivamente não na tela de um cinema.