A evolução dos consoles – Parte 2

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Bem-vindo à segunda parte desta ambiciosa matéria. Se você não leu a primeira, clique aqui. Se você já leu, vamos continuar de onde paramos pois o texto já está deveras extenso.

32/64 BITS – 1993 a 1998

Foi aqui que a Sony entrou no mercado dos games, pegando tanto a Sega quanto a Nintendo desprevenidas. Essa foi a geração com mais consoles disputando o mercado, pois além dos grandes analisados abaixo, tivemos também o retorno da Atari (com o Jaguar, possivelmente o maior fracasso da história dos games) e o 3DO, que chegou a dividir o mercado com o Mega Drive e que chegou a deixar muitos jogadores indecisos se era ou não melhor que o Neo Geo. Boa parte dos jogos de 3DO eram versões melhoradas de jogos lançados para o Sega-CD, o que prejudicou seu desempenho, devido à falta de bons jogos exclusivos e os altos preços, tanto para o console quanto para os jogos.

Essa geração também marcou o início das alavancas analógicas e dos jogos em 3D, o que, na minha opinião, deixaram a maior parte dos gráficos inferiores aos da geração passada. Pretendo escrever um texto para falar sobre isso um dia, então não vou me estender muito aqui. Foi aqui também que os jogos deixaram de ser diversões ocasionais, para se tornarem uma experiência pela qual, com raras exceções, se passa apenas uma vez. Se até a geração anterior, jogávamos Golden Axe ou Final Fight (jogos que costumavam durar menos de uma hora) várias vezes até o fim, aqui isso já se tornou um benefício para poucos, já que a maior parte dos jogos começou a durar mais de oito horas.

Uma curiosidade em relação a essa geração é que foi aqui que os videogames começaram a ser algo mais focado em jovens adultos. Ao contrário de quase tudo do ramo do entretenimento, o mercado dos games cresceu junto com o seu público, o que significa que boa parte das pessoas que jogavam os Marios e Sonics da vida nos consoles de 8 bits são as mesmas que hoje curtem fatiar um monstro com uma serra elétrica no Gears of War. Para uma criança de hoje, tentar começar a jogar videogame, com suas alavancas analógicas, dezenas de botões e câmera manual, é um verdadeiro suplício e acredito que você sabe muito bem disso, até porque muitos dos seus amigos não devem compartilhar dessas habilidades que nós temos automaticamente, por termos acompanhado desde o (quase) início. 😉

Saturn

Fabricante: Sega

Lançamento: 1994

Sobre o console: Foi o último videogame da Sega que eu tive e, infelizmente, não consegui aproveitá-lo como gostaria. Era quase impossível encontrar jogos para ele no Brasil e poucas locadoras tinham jogos para o console. Além disso, nessa época estava começando a gostar mais de música do que de videogames e estava chegando à idade do vestibular, o que não me deixava com tanto tempo para jogar e me informar sobre o mundo dos games. Em comparação com os concorrentes, era o tecnicamente mais poderoso, mas não teve muita chance de mostrar a que veio.

Sobre o controle: Maravilhoso! Talvez o melhor da história. Seis botões na parte da frente, dois de ombro e um direcional tremendão deixavam-no perfeito para qualquer jogo de luta. Não por acaso, o que mais joguei no console foi Street Fighter Collection. Teve também uma outra versão analógica que vinha junto com o fofucho jogo Nights, mas que eu nunca tive oportunidade de experimentar (embora ache o jogo em questão bem legal). Esse controle analógico saiu apenas alguns dias depois do de Nintendo 64, o que deixa difícil de sabermos com certeza quem teve a idéia primeiro.

Sobre os jogos: Conheço poucos jogos, mas os que conheço, gosto muito. Além do já citado Street Fighter Collection, tem a série Virtua Fighter, para quem gosta de luta em 3D. Particularmente, eu prefiro em 2D. Tem também a série Virtua Cop e House of the Dead. No geral, os mais conhecidos são adaptações de fliperamas de sucesso da Sega. O mais legal de todos, na minha opinião, é Guardian Heroes, talvez o melhor beat’em up da história e exclusivo de Saturn. Se você nunca jogou, dá um jeito, pois vale a pena! 🙂

Pontos fortes: O controle. Gráficos e sons permitiam filmes perfeitos, como vemos em Shinobi.

Pontos fracos: Não foi apoiado pelas softhouses, que se sentiram traídas pelo fato da Sega ter abandonado o 32X quando elas ainda estavam fabricando jogos para eles (mais sobre esse assunto no tópico do Dreamcast). Teve menos jogos que os concorrentes e era quase impossível encontrá-los no Brasil, mesmo piratas. Não teve nenhum jogo decente estrelado pelo Sonic.

Carros-chefes: Tomb Raider (que foi desenvolvido especificamente para o Saturn e depois adaptado para os outros), Street Fighter, Virtua Fighter, Virtua Cop, House of the Dead, Guardian Heroes.

Playstation/PSX/PSOne

Fabricante: Sony

Lançamento: 1994

Sobre o console: O Playstation foi um console que só deu certo por causa da pirataria ou, pelo menos, essa foi a impressão que sempre tive. Todo mundo que o comprava sempre dizia que o escolheu porque gastava uma vez com o console, mas depois podia se encher de jogos, comprando-os a preço de banana. Isso é ainda mais óbvio quando vemos que a quantidade de consoles vendidos do PSX foi imensa, porém, a quantidade de vendas de jogos foi inferior à dos outros principais concorrentes. E, sinceramente, não tinha mais nada aqui que justificasse sua popularidade. Quando os jogos saíam para as outras plataformas, as versões do PSX eram as piores (quem não se lembra do X-men Vs Street Fighter, que não deixava trocar de personagens durante a luta?) e mesmo seus jogos exclusivos, via de regra, não eram grande coisa. Mesmo assim, vendeu 100 milhões de unidades (aliás, foi o primeiro console da história a atingir esse número), deixando o segundo lugar da geração, o Nintendo 64, com a maior cara de “alguém anotou a placa do caminhão?” e “apenas” 30 milhões de consoles vendidos. Uma curiosidade aqui é que a Sony roubou a estratégia que a Sega usou na geração anterior. Com Sonic e Mario disputando espaço nos desenhos de TV, a Sony posicionou seu console como a opção para gamers mais velhos e, aparentemente, deu certo.

Sobre o controle: Anatomicamente razoável (parece um controle de SNES com “presas” ou “chifres invertidos”) e com quatro botões de “ombro”, o que é legal. Porém terrível em todo o resto. Os quatro botões de frente não têm nome, mas símbolos: uma bola, um quadrado, um X e um triângulo. Se a ordem invertida da Nintendo já era ruim, o que podemos dizer de botões que simplesmente não têm nenhuma ordem lógica? E não é só, piorar o que a Nintendo já fazia de ruim parecia ser o objetivo da Sony, já que o direcional consistia de quatro botões independentes, o que era ainda menos apropriado que a famosa “cruz” da Big N. Posteriormente, foram lançadas outras versões do controle, incluindo duas alavancas analógicas e vibração, mas mantendo todos os problemas citados acima.

Sobre os jogos: Teve o início de algumas boas franquias e a continuação de outras, mas, para ser sincero, não gosto de quase nenhuma delas. Posso citar, entre elas, Crash Bandicoot, Final Fantasy VII, Gran Turismo, Resident Evil, Tekken, etc. Meu preferido, contudo, foi Tenchu, o primeiro jogo stealth que eu joguei, e que me deixou bem impressionado. Também foi o console responsável pela popularização dos jogos de dança, que usavam um controle popularmente conhecido como “tapete”.

Pontos fortes: A pirataria. Só isso.

Pontos fracos: O controle. Gráficos e sons são os piores da geração.

Carros-chefes: Final Fantasy VII, Winning Eleven, Gran Turismo, Resident Evil, Tekken, Dance Dance Revolution e, principalmente, a pirataria.

Nintendo 64

Fabricante: Nintendo

Lançamento: 1996

Sobre o console: Talvez o maior erro da história da Nintendo. O 64 foi uma sucessão de más decisões, a começar por pular a geração dos 32 bits e, mesmo assim, fazer um console tecnicamente inferior ao Saturn. Além disso, deu um passo para trás, escolhendo cartuchos como mídias. Pois é, a sempre inovadora Nintendo, que popularizou coisas como os botões de “ombro”, os portáteis e tantas outras novidades, foi contra a tendência da época e se negou a usar CDs para os jogos. Por quê? O motivo oficial é que cartuchos têm um tempo de carregamento bem mais curto, mas provavelmente o motivo real é que CDs são muito fáceis de piratear. Por outro lado, desvantagens óbvias da mídia não faltavam, como o pouco espaço para armazenamento, que impedia que os jogos tivessem longas cenas filmadas, por exemplo.

Sobre o controle: Talvez o controle mais confuso da história dos games. Tinha o tradicional direcional digital em cruz (praticamente inutilizado), mas também tinha um analógico (o que deixava muito difícil para os jogadores se acostumarem, já que esse conceito não era comum na época e a maior parte dos jogos não davam a opção de você utilizar o digital para mover o personagem). Tinha seis botões na frente, os tradicionais A e B em uma ordem bizarra (dessa vez, se não me engano, o B ficava em cima e o A embaixo) e mais quatro amarelinhos que tinham nomes e funções extremamente estranhas. Em vários jogos, esses quatro botões controlavam a câmera, basicamente fazendo o papel que hoje é feito pela alavanca analógica direita. Além disso, o controle também tinha um gatilho (que ficava ATRÁS do controle) e dois botões de “ombro”. Confuso? Pois é, e olha que hoje quase tudo isso é comum, imagina na época em que era tudo novidade, quão difícil era jogar um título para crianças, como Mario 64. Ah, antes que eu me esqueça, também era possível comprar um acessório chamado Rumble Pack, que fazia com que o controle vibrasse. O primeiro jogo a suportar essa funcionalidade foi Star Fox 64, que é maravilhoso, diga-se de passagem.

Sobre os jogos: Aqui a Nintendo perdeu o apoio das softhouses que a acompanhavam há tanto tempo e teve que fazer quase todos os jogos ela mesma. Isso resultou em uma overdose de games estrelados pelo Mario, que se mostrou o personagem mais polivalente da história dos games, já que ele não só domina a ação, mas também manda muito bem andando de Karts, jogando tênis, saindo na porrada ou até mesmo jogando tabuleiro. Para um encanador, ele é deveras tremendão, diz aí! Mas verdade seja dita, embora tenha um excesso de Mario, a maior parte desses jogos eram bem legais e outros igualmente tremendões também foram lançados, como Starfox 64 e Goldeneye (que popularizou os FPS em consoles).

Pontos fortes: Os gráficos, embora mais limitados que o Saturn, eram capazes de criar imagens cartunescas bem fofinhas. Jogos como Mario 64, na minha opinião, têm até hoje gráficos belíssimos. Além disso, seus jogos focaram bem mais na diversão do que os seus concorrentes, que costumavam ser sérios e longos demais. Portanto, games como Mario Kart 64 ou Mario Party estão até hoje na lista dos que mais gosto de jogar.

Pontos fracos: Jogos em cartucho faziam com que os gráficos, no geral, só fossem bons para os que seguiam a linha Mario: fofinhos e coloridos. Além disso, cartuchos eram mais caros que CDs. O controle era cheio de inovações, o que deixava proibitivamente difícil para um jogador casual conseguir se divertir com o console. Para quem joga hoje, não tem nenhuma novidade ou dificuldade, mas lembro que a primeira vez que tentei jogar Mario 64, eu mal conseguia andar na direção que eu queria e só ficava frustrado pelo fato de não poder usar o direcional digital. Apesar dessa dificuldade, muitos lembram do Nintendo 64 como um console para crianças, o que é, ao mesmo tempo, verdadeiro e falso. Sim, a maior parte dos seus jogos são fofos e têm um jeitão infantil, mas o controle é tão complicado que as crianças da época não conseguiam jogá-lo. Então, o certo seria dizer que o 64 era um videogame para crianças grandes, aqueles caras com mais de 16 anos, mas que, mesmo assim, não perdem um filme da Disney. Como eu, e provavelmente, como você. 😉

Carros-chefes: Mario 64, Mario Kart 64, Mario Party, Zelda, Starfox, Goldeneye.

A ÉPOCA DO EMPURRAMENTO DE CAIXAS – 1998 a 2006

Essa foi a época da falência da Sega e do início do reinado dos jogos onde você passa boa parte do tempo empurrando caixas para lá e para cá ou andando até as fases (também conhecido por mim como a época negra dos videogames) – Satã amaldiçoe GTA por isso. Essa foi a geração que eu menos acompanhei e a primeira em que eu não cheguei a jogar todos os principais consoles. Foi também a primeira vez que eu não tive um videogame da Sega e só fui comprar meu PS2 no início de 2006. Aliás, essa geração consolidou o domínio da Sony no mercado de videogames, com uma posição que nem a Nintendo chegou a alcançar nos anos 90 (quando a Sega a encarava de frente). Agora não existe mais aquela divertida rivalidade entre seguistas e nintendistas: praticamente todo mundo se curva ao poderio da marca Playstation. Essa também foi a primeira geração onde a quantidade de bits se tornou irrelevante, já que outras coisas eram mais importantes para se medir o poderio técnico de um console.

Dreamcast

Fabricante: Sega

Lançamento: 1998

Sobre o console: Assustada com o Playstation, a Sega decide jogar o Saturn no lixo muito antes do necessário e, assim, iniciar a nova geração prematuramente. Assim como fez com o Mega, cujo objetivo era ser melhor que o Nintendinho, o Dreamcast foi construído para ser melhor que o Playstation. Big mistake, já que isso fez com que o filme da Sega ficasse queimado com a maior parte das desenvolvedoras que estavam fazendo títulos para um console que seria abandonado (lembre que muitos jogos começam a ser desenvolvidos anos antes do lançamento e ninguém esperava que o Saturn fosse abandonado de um dia para o outro, como aconteceu). Assim, muitas fabricantes boicotaram o futuro videogame, piorando a situação que já estava ruim por causa do 32X. Errar uma vez é humano, permanecer no erro é burrice. E foi exatamente isso que a Sega fez ao abandonar o Saturn. E pagou caro. Além disso, o Dreamcast foi ultrapassado meros dois anos depois de seu lançamento. Quando a briga pela geração em questão realmente começou, a Sega tinha um console ultrapassado e uma péssima reputação de abandonar seus produtos antes de tirar todo o leite que poderiam dar (vide Saturn e 32X), curiosamente o contrário da atitude que mostrou na época do Mega Drive (que teve seu tempo de vida estendido graças ao 32X e, principalmente, ao Sega-CD). Não deu outra, ninguém comprou o Dreamcast. Nem eu, que sempre torci para que ela detonasse a Big N. No final das contas, o console nem chegou a competir com o Gamecube da Nintendo, já que foi descontinuado antes mesmo do lançamento do Cubão. Do lado positivo, foi o primeiro a vir com funcionalidades online já de fábrica. Nos seus últimos dias, o Dreamcast chegou a empacar nas lojas, mesmo sendo vendido novo em folha a meras 50 doletas, mais barato do que um jogo hoje em dia. Um fim triste para uma grande fabricante, que alegrou muito a minha vida e a de tantas outras pessoas. Hoje, a Sega ainda existe como fabricante de games, mas poucos de seus jogos realmente merecem ser jogados, deixando muito a dever à criatividade e à imaginação que exibiu em seus tempos áureos. RIP, Sega.

Sobre o controle: Eu nunca joguei Dreamcast, então meus comentários aqui serão um pouco limitados. O controle era grande, dizem que desconfortável para segurar. Tinha quatro botões na frente, dois gatilhos, uma alavanca analógica e um direcional digital, curiosamente no terrível formato “cruz” da Nintendo. Também foi o único joystick da história que tinha uma tela onde, pelo que consegui descobrir, eram mostradas informações dos arquivos nos memory cards e alguns minigames podiam ser jogados.

Sobre os jogos: Dizem que este foi o console com os melhores jogos de luta da história (batendo até o especializado Neo Geo). Mas, francamente, não posso dizer com propriedade.

Pontos fortes: Uhn… os jogos de luta?

Pontos fracos: O tempo de vida curto. Difícil de encontrar, tanto o console quanto os jogos. Falta de apoio das softhouses.

Carros-chefes: Phantasy Star Online (o primeiro MMORPG de console da história), Sonic Adventure, King of Fighters, SNK vs. Capcom.

Playstation 2

Fabricante: Sony

Lançamento: 2000

Sobre o console: Ganhou o título de console mais popular da história, com mais de 105 milhões de unidades vendidas. Pô, todo mundo tem um PS2. Assim como o anterior, a facilidade para piratear também ajudou muito na popularidade. Suas funcionalidades online só foram implementadas posteriormente, devido à concorrência do Xbox. Uma das coisas mais legais introduzidas aqui é a retrocompatibilidade de série, a coisa mais óbvia do mundo e que não dá para entender porque demorou seis gerações para implementarem isso. Uma pena que na atual estejam tendo problemas para fazer isso funcionar. Foi o primeiro console a rodar DVDs.

Sobre o controle: Talvez o mais frustrante de todos, já que manteve todos os problemas do anterior (aliás, até o design é o mesmo) e a única melhora é que todos os botões agora são analógicos o que, convenhamos, não faz diferença nenhuma. Ah, sim, a vibração também é de série o que, a essa altura do campeonato, era o mínimo esperado pelos jogadores.

Sobre os jogos: O PS2 parece um Nintendinho moderno: tem apoio irrestrito de um zilhão de softhouses, o que faz com que exista uma variedade imensa de jogos (a não ser que você procure por beat’em ups, como eu). E já que tem um monte de gente fazendo jogos, a Sony só se preocupa em fazer um ou outro título, todos muito tremendões, como God of War e Shadow of the Colossus. Outra coisa que leva/levou muita gente a comprar esse console são os jogos mais físicos, como Guitar Hero e Dance Dance Revolution.

Pontos fortes: Grande variedade de jogos de alta qualidade. Franquias populares e exclusivas (ou quase), como Devil May Cry e GTA.

Pontos fracos: É feio pra burro, tanto na versão original como na slim, lançado posteriormente. O controle é o mais estúpido da história, pois não apresentou nenhuma evolução em relação ao anterior. Tecnicamente fraco. Gráficos não impressionam e o som surround não passa de um Dolby Pro Logic mequetrefe.

Carros-chefes: Dance Dance Revolution, Final Fantasy, Guitar Hero, God of War, Shadow of the Colossus, Metal Gear, Kingdom Hearts, Devil May Cry.

Gamecube

Fabricante: Nintendo

Lançamento: 2001

Sobre o console: Mais uma seqüência de péssimas decisões da Nintendo fizeram esse o maior fracasso comercial de sua história. A maior parte dos erros foi por pura teimosia em insistir no que já era um problema no 64, como a utilização de uma mídia diferente e inferior à dos outros consoles, no caso, um mini-DVD, com capacidade de apenas 1,5 Gb (contra 9 giga dos DVDs utilizados pelo PS2 e pelo Xbox). Além disso, aqui a empresa consolidou sua reputação de fazer videogames para crianças, o que foi uma péssima decisão, já que mais da metade do mercado é ocupado por jovens adultos e o restante por adolescentes. Com isso, a única força do console vem do carisma de suas franquias, como Zelda e Mario que, por si só, podem fazer com que alguém que cresceu na época do Nintendinho invista seu rico dinheirinho em um Gamecube. Aliás, um desses foi o Bruno aqui do DELFOS em uma decisão que, pelo que ele me disse na época, foi uma das piores da sua carreira de gamemaníaco. Sinceramente, é de se admirar a insistência da Nintendo em não ter desistido de fazer videogames depois de dois fracassos seguidos. A Sega deveria ter aprendido com ela.

Sobre o controle: Talvez o mais estranhudo da história, principalmente pelo formato, que parece um capacete para formigas. Tem duas alavancas analógicas, um direcional digital, quatro botões de ação que, além da ordem bizarra de sempre (ela não aprende mesmo), ainda estão dispostos em um formato deveras estranho e nada instintivo. Tem também dois botões de “ombro” e um gatilho.

Sobre os jogos: Esse eu só joguei uma vez e não foi o suficiente para formar uma opinião sobre os jogos. De qualquer forma, como todo videogame da Nintendo, a força está nos jogos fofos, sobretudo na franquia Mario.

Pontos fortes: Preço abaixo dos concorrentes. Personagens queridos por todos os gamers, sejam seguistas ou sonystas. O console realmente é um cubo, o que é bem engraçado.

Pontos fracos: Jogos principalmente infantis, mídia com baixa capacidade, tecnicamente o videogame mais fraco de sua geração (o que aqui começa a virar uma tradição, que será consolidada com o Wii, na próxima leva).

Carros-chefes: As franquias de sempre: Mario, Zelda e Starfox.

Xbox

Fabricante: Microsoft

Lançamento: 2001

Sobre o console: Ao contrário do PS2, esse é o console dessa geração que ninguém tem, pelo menos aqui no Brasil. Por causa disso, nunca joguei um desses. A exemplo do Dreamcast, foi lançado originalmente com um suporte online bem forte, graças ao serviço pago Xbox Live. Há algum tempo, me falaram que era possível você comprar um Xbox modificado, que rodaria jogos de todos os consoles anteriores que usavam CD. Não sei se isso é verdade, mas seria bem legal se fosse. Dizem que é bem problemático, dando erro de leitura e coisas do tipo.

Sobre o controle: Outro controle estranhão. Grande, tem seis botões na frente (mais start e back/select), duas alavancas e um direcional digital semelhante ao do Mega Drive. Como nunca joguei um Xbox, não posso dizer se o controle é bom ou não.

Sobre os jogos: A Microsoft foi também muito apoiada pelas softhouses. O Xbox viu o surgimento de grandes franquias, como Halo e o ressurgimento de uma antiga muito querida: Ninja Gaiden.

Pontos fortes: Tecnicamente o melhor de sua geração e com o serviço online mais desenvolvido.

Pontos fracos: Serviço online é pago. Controle é grande.

Carros-chefes: Halo, Ninja Gaiden.

A NEXT-GEN – 2005 a ?

A geração atual, cuja largada foi decretada há poucos meses, com o lançamento do Wii e do PS3 (o Xbox 360 saiu um ano antes). Vem cercada de muitas promessas, mas ao mesmo tempo de muitas decepções.

Xbox 360

Fabricante: Microsoft

Lançamento: 2005

Sobre o console: Tudo que tinha a dizer sobre ele está aqui.

Sobre o controle: Quatro botões em ordem lógica, direcional digital meio podre, duas alavancas analógicas, dois botões de ombro e dois gatilhos. Tem na ergonomia fraca seu principal defeito (e dane-se os prêmios por ergonomia que ele ganhou, para mim é bem desconfortável). Pilhas recarregáveis duram muito pouco (precisam ser trocadas praticamente todo dia). É sem fio.

Sobre os jogos: Ainda é cedo para dizer, mas fãs de games de ação old-school estão rezando para seguirem a linha de Gears of War, sem caixas para empurrar e com uma fase depois da outra. Seguindo a tradição do Xbox, tem uma grande quantidade de bons FPS e um bom apoio das softhouses.

Pontos fortes: Gears of War. Controle sem fio. É bonito pra caramba. Lançado oficialmente no Brasil. Gears of War. Som Dolby Digital 5.1 beira a perfeição. Acredito mais nele do que no PS3. Gears of War.

Pontos fracos: O console nacional é proibitivamente caro (3000 dinheiros) e alguns jogos lançados aqui chegam a custar mais de 200 reais, bem mais do que se você comprar diretamente de lojas online, como a Play-Asia. É o único console da geração sem controle com sensor de movimento. Retrocompatibilidade meio bichada, só roda alguns jogos seletos de seu antecessor e o console precisa estar conectada na internet para isso. Xbox Live é paga e a conexão é com fio (a não ser que você compre um adaptador que custa quase 100 doletas). Precisa de um acessório à parte para tocar HD-DVD. Roda apenas vídeos em formato WMV. Leitor de DVD costuma dar vários erros quando está carregando um jogo. Dá um trabalho do cão para comprar, já que você precisa ver datas de fabricação, ligar em nobreaks, coolers e coisas do tipo e mesmo assim é constantemente ameaçado pela possibilidade de tudo ir pro brejo com as três luzes vermelhas.

Carros-chefes: Gears of War, Halo 3 (ainda não lançado), Call of Duty 3, Viva Piñata, Dead Rising, Lost Planet.

Playstation 3

Fabricante: Sony

Lançamento: 2006

Sobre o console: Depois de lançar os dois consoles mais populares da história seguidos, a Sony cometeu o mesmo erro que a Nintendo pós-SNES e achou que ninguém podia mais com ela. Assim, decidiu forçar seu novo formato de mídia, o Blu-Ray, para os consumidores. Mas aí está o problema, ninguém quer um substituto para o DVD ainda, principalmente ao preço absurdo que estão cobrando pelo console (no Brasil, não sai por menos que 4000 reais). Resultado: até o momento, o console vendeu quatro vezes menos que o Wii (que foi lançado uma semana depois) e 10 vezes menos que o Xbox 360 (que saiu um ano antes). Um ensaio mais elaborado sobre o console pode ser lido aqui.

Sobre o controle: A mesma porcaria que o do PS2, mas agora trocando a vibração por um sensor de movimento colocado às pressas para competir com o Wii. Aliás, dizem por aí que ele é bem mequetrefe, mas como eu ainda não joguei, não posso falar nada.

Sobre os jogos: Por enquanto quase todos foram lançados também para Xbox 360 e dizem que existe muito pouca diferença entre as versões. O apoio irrestrito que as softhouses deram para os dois primeiros Playstations vem minguando, pois o PS3 parece ter um kit de desenvolvimento de jogos bem complicado. Assim, algumas de suas franquias exclusivas já estão migrando para o 360, ou, pelo menos deixando de ser exclusivas (vide Guitar Hero e Devil May Cry).

Pontos fortes: É o videogame tecnicamente mais avançado no momento. Retrocompatibilidade com os dois Playstations anteriores. O Blu-Ray possibilita mais espaço para armazenamento e, conseqüentemente, jogos maiores. Resta ver se os desenvolvedores vão aproveitar isso.

Pontos fracos: É caro pra dedéu e o preço não é justificado pela qualidade dos jogos, pelo menos até o momento. Visualmente, parece um George Foreman Grill. O controle repete os mesmos erros do passado e não traz nenhuma evolução significativa.

Carros-chefes: Até o momento apenas Virtua Fighter 5.

Wii

Fabricante: Nintendo

Lançamento: 2006

Sobre o console: O queridinho da nova geração. Todo mundo quer um Wii. TODO MUNDO! O motivo para tamanho hype é o controle, que parece ter um sensor de movimento tremendão que coloca o Wii não como um videogame, mas como um novo brinquedo completamente diferente. Isso fez com que surgisse um movimento chamado Wii60, que são jogadores que querem ter o 360 para suas necessidades gamísticas e o Wii simplesmente porque ele é divertido. Na verdade, este console vai completamente na contramão de todo o desenvolvimento tecnológico até o momento. Tecnicamente, ele é fraquíssimo e nunca vai conseguir competir com os outros nos quesitos gráficos e sons. Contudo, seu posicionamento é completamente diferente, é um console que foca na diversão em grupo, ao contrário da atividade solitária que jogar se tornou desde a geração dos 32/64 bits, quando os jogos se tornaram uma experiência longa e difícil de aprender. Pelo que é divulgado, o Wii é compatível com todos os jogos do Gamecube, o que é ótimo. Ainda não joguei um desses, mas fiquei bem decepcionado com a qualidade dos gráficos pelas fotos que vi. Acho muito legal e acertada a decisão da Nintendo de tentar recuperar o espaço que perdeu criando um console completamente diferente, mas ela não precisava e nem deveria ter aberto mão da qualidade técnica. Se o Wii fosse tecnicamente tão bom quanto o 360, sem dúvida essa geração estaria garantida para a Big N. Também é possível comprar jogos antigos pela Internet, inclusive alguns clássicos da grande rival do passado, a Sega (quem diria?). Leia uma detalhada resenha sobre o Wii clicando aqui.

Sobre o controle: Aqui é onde o Wii brilha, graças ao sensor de movimento. Existe o Wii-mote e o Nunchuck e ambos são necessários para alguns games. Para jogos antigos, existe o Classic Controller ou você pode simplesmente utilizar o controle do Gamecube.

Sobre os jogos: Existem pouquíssimos jogos exclusivos para o Wii. Dizem que as grandes franquias que saíram até o momento para ele, como Need For Speed e Call of Duty não são adequadas ao controle e são bem inferiores às suas contrapartes do 360 e do PS3, tanto em gráficos quanto em jogabilidade. Precisamos dar um tempo nessa área para que mais jogos específicos sejam fabricados, já que essa é exatamente a graça do Wii. Quem quiser jogar Need for Speed, sem dúvida vai ficar com o 360 ou com o PS3, então eu diria que nem adianta ficar lançando versões para Wii, que não é apropriado para games mais tradicionais.

Pontos fortes: Totalmente o controle! Se esse negócio funcionar bem, vai revolucionar a indústria e, se não funcionar, bem… é provável que vejamos jogos do Mario sendo lançados para o PS4 e para o Xbox 720.

Pontos fracos: Gráficos e sons nunca foram tão inferiores aos dos outros videogames da mesma geração. Poucos jogos até o momento.

Carros-chefes: Wii Sports e, aposto que num futuro próximo, as franquias Mario, Zelda e Starfox.

Ufa. Sinceramente, não esperava que esse texto ficasse tão grande e desse tanto trabalho para ser escrito. De qualquer forma, a pesquisa me rendeu boas lembranças e espero que você tenha se divertido bastante lendo. Se esqueci algo, o espaço para comentários é todo seu.

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