The Rolling Stones – Shine a Light

0
Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

Segundo a assessoria da Imagem, essa é a primeira vez que alguma distribuidora lança um show nos cinemas tupiniquins. Legal, vamos torcer para que venham muitos outros. Mas a pergunta que fica é: será que o brasileiro encara gastar 40 reais (pensando nos ingressos para duas pessoas) para assistir a um show no cinema quando, por menos que isso, consegue comprar um DVD com praticamente o mesmo material? Sei não.

Mas falemos sobre o filme. Antes do show propriamente dito começar, vemos um mini-making of de uns 10 minutos que mostra a irresponsabilidade dos Stones, que só deram o setlist para o Martin Scorsese quando o show já estava para começar. Talvez seja eu que sou estressado demais, mas acho que se você contrata alguém para filmar seu show e lançar no cinema, não vai querer que nada dê errado e, portanto, deveria fechar o setlist antes da pré-produção terminar.

Quando finalmente o show começa, as músicas são alternadas com algumas entrevistas antigas com a banda, a maior parte delas com os jornalistas perguntando quando eles parariam de tocar. Isso é até interessante e ajuda a quebrar o ritmo, mas em alguns momentos, o tio Scorsese decide colocar isso no meio de uma música. E isso, convenhamos, é uma falha grave que não dá para acreditar que o cara cometeu. Sem falar que uma maior variação nos temas seria deveras bem-vinda.

Pelo menos no meu ponto de vista, de um cara que até curte o som dos Rolling Stones, mas que nunca comprou nenhum disco deles, o setlist conta principalmente com faixas desconhecidas. Ele começa com Jumpin’ Jack Flash, mas daí passa cerca de uma hora e meia até que realmente comece o desfile de clássicos, que conta com Sympathy for the Devil, Start Me Up e Satisfaction. Estranhei que não sejam tocados hits como It’s Only Rock’n’Roll, Gimme Shelter e Paint it Black, considerando tantas músicas menos famosas que estão presentes. Para falar a verdade, eu até curti a maior parte do que é tocado, mas eu esperava clássico atrás de clássico e não foi o que aconteceu.

O show também conta com participações especiais que não acrescentam nada. Jack White é o primeiro momento morno do show, sem falar que ele parece uma menininha. É uma pena que ele não tenha escolhido restringir sua presença a uma nota, como costuma fazer nos shows da sua banda. Buddy Guy até poderia render algo legal, mas também não foi grande coisa. A que mais acrescentou ali, por incrível que pareça, foi a Christina Aguilera, não tanto por sua presença, mas principalmente por ter sido a única dos três que cantou uma música animadinha. Aliás, bem que os Stones podiam ter escolhidos músicos mais relevantes para participar, né?

Depois dos 122 minutos do longa, sou obrigado a dizer que fiquei entediado boa parte do tempo. Talvez isso se deva ao fato de que eu não sou um grande fã dos “Vagabundos” (Rolling Stones é uma expressão para dizer vagabundos, não pedras rolantes, por mais que esse segundo seja mais engraçado), ou talvez seja uma barreira cultural e brasileiro não está acostumado a assistir a shows no cinema. Se bem que a maior parte das pessoas costuma escolher assistir pela telinha do celular, mesmo quando está frente a frente ao palco, então ver no cinema é sem dúvida um upgrade.

De qualquer forma, a iniciativa da Imagem é legal e espero que dê certo. Tenho certeza que o público alvo do filme, aqueles que conhecem tudo da banda, não vão ficar nem um pouco entediados, embora eu ainda tenha minhas dúvidas em relação à comparação dos preços entre o ingresso e o DVD. No final das contas, contudo, é certo que Shine a Light vai ser um tremendo sucesso em DVD. Afinal de contas, se você tem a possibilidade de escolher entre um show genérico dos Stones e um dirigido pelo Martin Scorsese, qual escolheria?

Ah, e só para constar, eu assistiria a um filme que envolvesse pedras rolantes com monocelhas. Se elas fossem assassinas, melhor ainda. Poderia ser um dos grandes clássicos do cinema de terrir.