A Dontnod Entertainment deve ter sido uma das desenvolvedoras mais ocupadas da geração Xbox One/PS4. Eles lançaram dois Life Is Strange, Tell Me Why e Vampyr. E agora terminam a geração com mais uma história interativa, a mais diferente que eles fizeram. Bem-vindo à nossa análise Twin Mirror.
ANÁLISE TWIN MIRROR
Em Twin Mirror, você assume o papel de Sam, um galãzinho genérico com cara de Edward Norton que retorna à pequena cidade onde cresceu para o funeral de seu melhor amigo de infância.
A história engrena quando a filha do presunto, afilhada de Sam, coloca dúvidas sobre o acidente que levou o sujeito. Talvez tenha sido um assassinato. Cabe a você, e às suas habilidades de jornalista investigativo, descobrir se foi mesmo e resolver o caso.
UMA HISTÓRIA SOBRE PESSOAS
Apesar de a toada da história ser a solução de um assassinato, Twin Mirror segue o forte que a Dontnod apresentou desde o excelente e esquecido Remember Me. O legal aqui são os personagens, e as relações entre eles. Inclusive, Twin Mirror faz muito por diversidade.
Enquanto jogos como Watch Dogs Legion consideram diversidade simplesmente mostrar raças diferentes, a Dontnod vai muito além. Temos, por exemplo, pessoas idosas e gordas, duas características que são quase inexistentes em videogames.
Twin Mirror acontece em uma cidade muito pequena, daquelas em que todo mundo conhece todo mundo. Particularmente, eu adoro esse tipo de lugar na vida real. Algumas das memórias mais queridas da minha vida são visitando essas cidadezinhas. E o jogo realça muito bem quão gostosos são esses lugares, não apenas pelas pessoas, mas especialmente pelo design de som que reflete o silêncio (que na verdade não é silêncio, mas são os barulhos da natureza).
VISUALMENTE
Visualmente, Twin Mirror é menos estilizado que Life is Strange e Tell Me Why. Ele tem mais cara de videogame normal, mais próximo de um jogo da Quantic Dream. Verdade, talvez não tenha o mesmo orçamento e realismo, mas ainda é super bonito, com cenários interessantes e uma iluminação impressionante.
Falando um pouco do gameplay, Twin Mirror é bem semelhante a Life is Strange. Envolve um intermediário entre o point and click tradicional e o adventure moderno. Você passa boa parte do tempo explorando cenários relativamente pequenos e clicando em pontos de interesse. O foco não é em puzzles, mas mesmo assim vai exigir bastante da sua dedução.
Uma enorme vantagem é que Twin Mirror não é episódico. Isso significa que não é necessário esperar mais de um ano para ver o final da história, como em Life is Strange. Em matéria de duração, este provavelmente dura o equivalente a dois episódios de Life is Strange.
Quando vi que a história estava para acabar, temi que ela terminasse de forma corrida, mas não foi o que aconteceu. O final que eu encontrei foi bem satisfatório, e fiquei impressionado com a forma como tudo foi amarradinho, sem pontas soltas ou ganchos para continuação.
DO CONTRA
Antes mesmo de eu jogar Twin Mirror, eu vi que as resenhas estavam negativas. Curiosamente, eu me envolvi bastante com a história. Diria, inclusive, que gostei mais dele do que de Life is Strange 2, até porque aqui não foi necessário esperar quase dois anos para a história terminar.
Já falei sobre isso antes. Embora eu goste muito de histórias interativas, eu odeio elas serem normalmente lançadas em episódios. Twin Mirror é, portanto, um passo na direção certa, com a história inteira sendo lançada de uma vez. E é uma boa história, que falou comigo e me entreteve muito bem enquanto durou.