A primeira cabine do ano vem em um gênero que eu muito aprecio: terror claustrofóbico. Mas será que o filme merece estar entre os destaques do gênero? Descubra na nossa crítica Ameaça Profunda.
CRÍTICA AMEAÇA PROFUNDA
O fundo do oceano é um lugar fantástico e misterioso. Há várias espécies não catalogadas, não dá para ver nada, e é tão hostil à vida humana quanto o espaço. Ou seja, é um tremendo cenário legal para um filme de terror.
Em Ameaça Profunda, conhecemos um grupo de pessoas (incluindo a moça que tem fetiche em monstros e o marido da Monica Belucci) que trabalham em uma estação submarina lá na Fossa das Marianas. Você sabe, o ponto mais profundo do oceano, não o lugar que aquela menina da sua classe ia para chorar.
Um acidente na estação, que rola nos primeiros cinco minutos de filme, coloca a equipe na tradicional situação “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O bicho em questão é o oceano, e o lugar do qual eles têm que decidir se correm ou ficam é a estação que vai ser totalmente destruída em alguns minutos.
Obviamente, a turminha do barulho faz um perigoso plano, que envolve usar as demais estruturas construídas pela empresa para chegar a uma estação relativamente distante e, esperançosamente, usar cápsulas de fuga. O problema é que para chegar lá, eles precisam andar no breu do oceano. Mais problema ainda é que o oceano é cheio de monstros.
LOVECRAFT
Em muito, Ameaça Profunda lembra o excelente Abismo do Medo. Ambos se passam em um cenário hostil e naturalmente perigoso, e os personagens têm o objetivo de sair dali. E por causa disso, este precisava de monstrinhos tanto quanto o filme de espeleologia. Ou seja, não precisava.
Aqui a coisa até faz algum sentido. É sabido que nas profundezas do oceano há muitas espécies não catalogadas, justamente por quão difícil é levar alguém até lá. Porém, a aparência humanoide e o comportamento das criaturas deixa claro que a ideia era que fossem de fato monstros, e não apenas bichos desconhecidos. E é uma pena, até porque as partes mais tensas do filme são aquelas que colocam o pessoal contra as intempéries de sua localização.
Também há uma clara inspiração de Lovecraft, a ponto de que no final aparece um monstrão que é literalmente a cara do Cthulhu. O design é tão absurdamente idêntico que eu fiquei em dúvida se esta era mais uma das muitas obras que poparam recentemente baseadas nos contos de Lovecraft. Realmente pode ser o caso, mas em uma breve pesquisa, não achei nada ligando este filme ao autor, então pode ser só uma… ahem… influência.
CLAUSTROFÓBICO
Há bastante a se gostar aqui, especialmente se você, como eu, gosta do gênero e da ambientação. A coisa chega a ficar absurdamente tensa, mesmo quando não há monstro nenhum presente.
Meu principal problema com ele é a direção. Este é mais um daqueles filmes de terror que não mostra nada. Há uma corrente de pensamento que diz que, quanto menos você ver, mais medo terá. Isso faz sentido para monstros, mas estes até são mostrados bem claramente. Por outro lado, não vejo necessidade de filmar uma cena em que as pessoas estão lidando com problemas nos equipamentos com câmeras tremidas e closes exagerados. Isso deixa claro que a motivação foi mais orçamentária do que artística. E isso prejudica o filme.
Não me entenda mal, Ameaça Profunda ainda tem qualidades, mas tudo isso soma para que acabe sendo um programa mais recomendado para ver em casa do que no cinema.