Quando Trover Saves the Universe foi anunciado na E3 de sei-lá-quando, lembro que foi o que mais me chamou a atenção. Sim, tivemos jogos maiores, mais bombados e hypados, mas este foi um dos únicos que traria uma experiência mais autoral, sem ser continuação de algo, mas também sem ser exatamente de baixo orçamento. E claro, ajudou bastante o fato de este ser uma criação de Justin Roiland, co-criador de Rick and Morty, desenho do qual eu gosto bastante.
Infelizmente, quando ele saiu para PS4 e PC, eu não tive acesso a ele. Desde então, ele ficou na minha wishlist, e eu pretendia comprá-lo quando tivesse tempo de jogar algo por interesse pessoal. Antes disso, no entanto, ele saiu para Xbox One e Switch e, veja só, desta vez o pessoal da Squanch Games me mandou uma cópia de cada. Por motivos de força maior explicados em textos anteriores, eu o joguei no Switch em modo portátil, e agora é hora da nossa análise Trover Saves the Universe.
ANÁLISE TROVER SAVES THE UNIVERSE
Trover Saves the Universe é um jogo planejado para VR, embora ele sempre tenha sido compatível com uma experiência base, em 2D. Isso foi o que mais me surpreendeu quando anunciaram que ele sairia para Switch e Xbox One. Afinal, seriam duas versões nas quais VR sequer seria uma opção.
Mesmo nestas versões, fica claro a raiz VR do jogo. Você é um sujeito que nunca levanta da cadeira. Trover, o herói, é controlado pelo cadeirante porque “está cansado”. Basicamente, você é uma câmera. Quando Trover se movimenta, a câmera permanece estática, e para avançar nas fases, é necessário levar o herói até círculos de teleporte para onde a câmera pode ser transportada.
É um setup criado para evitar os enjoos que vêm com movimentação de câmera em VR, mas é tão inserido na história que acabou sendo mantido nas versões em 2D. Infelizmente, isso causa alguns problemas no gameplay que não existiriam se fosse um jogo de plataforma normal. Dito isso, o foco de Trover Saves the Universe não é no gameplay. Ele é uma comédia antes de ser um jogo.
PENSE EM PSYCHONAUTS
Enquanto jogava Trover Saves the Universe, eu me lembrava a todo momento de Psychonauts. Se você já jogou o clássico da Double Fine, deve se lembrar como o gameplay servia a história. Tinha combate, tinha fases mais focadas na plataforma, mas ele era acima de tudo uma história. E, para falar a verdade, analisando apenas pelo gameplay, ele era até meio chatinho.
É o caso aqui. Trover pula, luta com um sabre de luz e até trabalha em conjunto com o cadeirante para resolver puzzles. Mas a toda hora ele está falando com você, encontrando outros personagens e tentando te fazer rir.
E fazer rir ele consegue muito bem. Trover Saves the Universe lembra MUITO Rick and Morty, não apenas pelas vozes (Trover tem a voz de Morty e os inimigos todos têm a voz do Rick), mas pelo visual, roteiro e piadas. E o jogo não para de falar em nenhum momento. É sinceramente incrível a quantidade de vozes que gravaram para isso aqui.
Seu objetivo pode ser algo simples, tipo pegar algo que um personagem está dando. Daí este personagem e Trover ficam falando por minutos – sim, MINUTOS – variações de “o que você está esperando? Pega logo, é de graça!”.
Eu costumo esperar estes diálogos até o fim para ver todas as piadas, mas a coisa aqui chega a um nível tão absurdo que eu acabava ficando de saco cheio e progredindo a história antes de eles pararem de falar.
THE JOKES MUST GO ON
E as piadas simplesmente não param. Quando não há outros personagens na tela, Trover fica falando o tempo todo com você, e mesmo durante o combate, os NPCs ficam xingando com palavrões (há uma versão censurada para quem não quiser ouvir 60 fucks por minuto).
Eu fiquei um pouco chateado de jogar uma versão sem VR, mas a verdade é que, justamente por ser um jogo focado na história, isso não faz tanta diferença. Sim, se você tem um óculos de realidade virtual, opte por comprar uma versão compatível. Mas se não tiver, e for fã de Rick and Morty, pode pegar mesmo uma 2D sem medo.
E é basicamente isso que você deve saber sobre Trover Saves the Universe. Em matéria de jogo, ele não é nada especial, mas se você é fã de um bom humor nonsense crítico e, especialmente, de Rick and Morty, é uma experiência imperdível.