Dias atrás eu contei por aqui minha história com Burnout Paradise. Hoje chega às lojas Burnout Paradise Remastered, então é hora de falar um pouco sobre os mimos e detalhes deste relançamento.
COMO É?
Burnout Paradise é mais ou menos um jogo de corrida. Mais ou menos porque ele não tem pistas cuidadosamente criadas e está mais para um jogo de mundo aberto do tipo “faça sua diversão”, como Zelda: Breath of the Wild.
Boa parte de seus 120 eventos são, sim, corridas, onde você tem que chegar do ponto A ao ponto B. Mas não há pistas. Você faz seu próprio caminho.
Isso significa que os corredores logo se separam, e é também a causa de esta iteração ter dividido opiniões, uma vez que a série Burnout era bastante linear nos lançamentos anteriores.
Porém, as corridas são apenas um dos tipos de eventos presentes. Há provas que nada têm a ver com velocidade. Nas Road Rages, por exemplo, você deve destruir uma certa quantidade de carros rivais antes que eles destruam o seu. Em Marked Man, basta chegar ao ponto B vivo e sem limite de tempo enquanto é caçado por outros carros. Stunt Run, o que eu considero mais chatinho, envolve fazer acrobacias e assim ganhar pontos. E ainda tem uma série de Time Trials que devem ser feitos por carros específicos.
Além destes eventos, que são a campanha propriamente dita, tem a parte do playground em si. Tudo que você faz no jogo é marcado de alguma forma. Por exemplo, o tempo que você consegue dirigir do início ao fim de uma rua é salvo e comparado com os recordes de outros jogadores. O mesmo é feito com seus pulos, acrobacias ou coisas que você destrói, como barreiras e outdoors. Basicamente todas as suas ações geram algum progresso.
E AS IDIOSSINCRASIAS?
Burnout Paradise, para mim, sempre foi um jogo ao mesmo tempo divertido e estranho. Tem detalhes de qualidade de vida que simplesmente não existem aqui. Por exemplo, não dá para pedir para o jogo usar o sistema métrico, tudo é mostrado em milhas.
O mais grave, no entanto, é que o minimapa não gira de acordo com sua posição. O norte fica sempre para cima. Acredito que isso foi uma decisão criativa, uma vez que as corridas normalmente te dão direções como “corra para o sudoeste”. Ainda assim, é algo que confunde bastante, e poderia ser resolvido com alguma marcação de direções no mapa, como é padrão hoje em dia.
Também incomoda a forma que os eventos que só podem ser completados por carros específicos foram implementados. Se você tentar ativar um deles com outro carro, ele avisa “carro errado”, mas não te dá a opção de trocar pelo certo. Para isso, você precisa dirigir até uma garagem, escolher outro carro, passar por uma oficina para consertá-lo e só então pode dirigir até o evento e fazê-lo. Ah, e não há fast travel. É tanta perda de tempo que eu fiz apenas três deles e meu tempo no jogo foi passado mais nos eventos gerais mesmo.
Por fim, uma coisa bem chatinha é que ele reseta o mapa toda vez que você sobe de nível. Corridas que já foram completadas voltam a ser mostradas como novas, o que é bem chato para quem, como eu, tiver vontade de jogar todas.
Nenhuma dessas coisas é sinal de que o jogo envelheceu mal. Não são coisas datadas, são características que já incomodavam no lançamento original, 10 anos atrás. O minimapa que gira, por exemplo, é padrão em jogos de corrida desde Virtua Racing, de 1992. Seria legal se tivessem mexido no jogo para melhorar essas coisas, mas isso não aconteceu. O que nos leva ao próximo assunto.
QUÃO REMASTERIZADO É BURNOUT PARADISE REMASTERED?
Normalmente, quando eu pego um jogo remasterizado, costumo me decepcionar com os gráficos. Eu tenho a sensação de que eles são mais feios do que eram na época o que, claro, significa apenas que minhas expectativas avançaram com a tecnologia. Mas isso acontece até com jogos que eram lindos em seu lançamento, como Uncharted.
No entanto, isso não rolou com Burnout Paradise Remastered. De fato, seu visual não vai impressionar quem joga Forza 7 ou outros jogos de corrida atuais. Mas isso não significa que ele parece feio ou datado. Na verdade, eu o achei até bem bonito, tanto quanto achei quando o joguei no PS3 anos atrás.
Tenho visto reclamações em fóruns que dizem que este é um remaster preguiçoso. Você pode julgar isso por si mesmo vendo vídeos de comparações, mas eu fiquei bem satisfeito com o novo visual, que no Xbox One X roda a 4k e 60 fps.
TEM PROBLEMAS TÉCNICOS?
Este é um ponto que me chamou a atenção. Sim, há alguns problemas bem chatinhos, que você não espera que estejam presentes em um jogo lançado dez anos atrás, especialmente quando ele é relançado a quase preço cheio.
Mais de uma vez, o som fez um estalo e simplesmente parou de sair. Levei um susto, achando que era problema do meu receiver, mas os sons do sistema do Xbox continuavam funcionando. Em outro problema, a música ficou tocando abafada como ela fica quando você bate, mesmo após a animação da batida terminar. Em ambos os casos, eu precisei reiniciar o jogo para resolver.
E CONTEÚDO EXTRA?
Nada de realmente novo, mas esta versão inclui todo o DLC previamente lançado. A imensa maioria deles são novos carros, incluindo uma categoria de carros lendários onde você pode jogar com um Delorean, com o carro dos Caça-Fantasmas e até com a Super Máquina.
O mais relevante, e que para mim foi novidade, é o DLC Big Surf Island, que adiciona uma ilha nova ao mapa, com eventos especificamente feitos para ela. Ao contrário das corridas do jogo baunilha, estas são mais definidas, e exigem passar por checkpoints para avançar.
A Big Surf Island é uma área criada para incentivar as mais loucas acrobacias. Ela é cheia de rampas e caminhos alternativos. Se no jogo baunilha eu tinha dificuldade para fazer 30 mil pontos em uma stunt run, nos eventos da ilha eu passava facilmente dos 100 mil.
Eu gostei da ilha, mas ela não é um acréscimo especialmente substancioso. Eu cumpri todos os eventos dela em apenas duas horas, então o grosso do seu tempo ainda vai ser com o conteúdo padrão, este sim com bastante sustância.
Há também eventos específicos para motos, mas estes são todos time trials e portanto não são tão interessantes quanto os de carro.
REMASTERIZANDO
O principal ponto que você deve levar em consideração, no entanto, é que os problemas que o jogo tem são mais de decisões criativas questionáveis do que de sua idade. Aliás, ao jogar Burnout Paradise Remastered, é notável o quanto ele não envelheceu. Ele se mantém tão divertido e tão bonito quanto era dez anos atrás.
Eu costumo dizer por aqui como Destiny tem o gameplay mais gostoso dos FPS. Pois se você gosta de jogos de corrida arcade, a mesma coisa pode ser dita de Burnout Paradise: ele é um dos jogos do gênero mais gostosos e com maior sensação de velocidade.
Considerando que os jogos de corrida hoje viraram RPG para vender microtransações, eu diria não só que Burnout Paradise é um bom jogo de corrida, mas talvez este relançamento o torne o melhor jogo de corrida desde Forza Horizon 3. E isso não é pouco.