E a primeira análise que escrevo em 2022 é de um jogo que parecia muito legal. Este é um jogo de corrida com cara e jeito de Wipeout. Será que ele tem a mesma qualidade do clássico? Descubra na nossa análise Gravity Chase.

ANÁLISE GRAVITY CHASE

Embora Gravity Chase seja um jogo independente, lançado ao fim desta semana meio na maciota, eu estava animado para ele. Gosto muito de Wipeout e esse estilo rende bem mais do que recebemos até o momento. Veja só o trailer de Gravity Chase, e tente não ficar com vontade de jogar.

Tecnicamente ele obviamente não é um Forza Horizon, mas é surpreendentemente elaborado para um jogo independente. Além disso, ele usa e abusa daquela estética dos fliperamas que tanto me agrada. Você sabe, cores brilhantes, design berrante. Certamente se estivesse em um shopping na segunda metade dos anos 90, Gravity Chase seria bastante chamativo.

Aliás, ele tem muito cara e jeito de fliper dos anos 90. As músicas, em especial, são uma relíquia da época. Aquele tipo de música eletrônica dançante e empolgante que tornou Yuzo Koshiro um dos principais compositores de games na era 16-bit. Digo mais, a trilha de Gravity Chase é mais digna de um Streets of Rage do que a que está no Streets of Rage 4 (ou até no 3, para ser bem exigente).

Em outros aspectos, como no estilo de design e na jogabilidade, Gravity Chase lembra muito o que víamos no gênero na época do PS1 (os gráficos são bem mais elaborados, claro). Isso significa que a sensação de jogar não é especialmente moderna. Porém, não é deliciosamente retrô, como o que vimos em Horizon Chase Turbo.

ANÁLISE GRAVITY CHASE: CORRIDA EM TUBOS

Análise Gravity Chase, Gravity Chase, Repixel8, Delfos
Você corre dentro dos tubos, ou do lado de fora deles.

Assim como outros jogos nessa linha, a gravidade em Gravity Chase é apenas uma sugestão. As corridas acontecem sempre em tubos: ou do lado de fora, ou de dentro. E você pode correr pelas paredes e tetos como se estivesse no carrinho do Homem-Aranha.

O efeito curioso disso é que você não faz as curvas conforma a estrada determina. Aliás, você mal sente as curvas. Na prática, você vai se movimentar pelo tubo para tentar pegar carga para seus boosts, passar por botões de boost imediato e, claro, evitar os botões que diminuem sua velocidade.

Análise Gravity Chase, Gravity Chase, Repixel8, Delfos
Correndo do lado de fora do tubo.

GRINDING E PACIÊNCIA

Gravity Chase, como um arcade, é bem livre de firulas. Basicamente, você escolhe a pista, a dificuldade, o modo de jogo e o carro. Não há história nem campanha propriamente dita. O mais próximo disso é que você ganha pontos ao fim de cada corrida, e a quantidade de pontos totais acumulados vai destravando as pistas mais avançadas. Há 16 pistas e, se a primeira metade delas é destravada rápida e naturalmente, a segunda metade incentiva bastante o grinding.

Para você ter uma ideia, para liberar a última pista após destravar a penúltima, você precisa da mesma quantidade de pontos que acumulou para destravar as primeiras oito.

MODOS DE JOGO

Os três modos de jogo disponíveis também não trazem novidades. Há a corrida tradicional, corrida de combate – estilo Wipeout – e Elimination. Neste, quem estiver na última posição é eliminado a cada 30 segundos.

Análise Gravity Chase, Gravity Chase, Repixel8, Delfos

O modo de corrida permite apenas o uso dos boosts, enquanto os outros dois permitem boosts e armas. As armas têm munição limitada, que deve ser coletada nas pistas, assim como o boost. O problema é que o uso da arma não tem impacto nenhum. Basicamente, quando tem um caboclinho na sua frente, você vai segurar o Y. A mira é automática e, se você tiver munição suficiente para acabar com a vida do desafeto, ele explode e retorna à corrida segundos depois. Aliás, a jogabilidade em si é o principal problema de Gravity Chase.

O PRINCIPAL PROBLEMA DE GRAVITY CHASE

Um jogo de corrida precisa fazer com que controlar seus carros seja impactante e divertido. Os carrinhos de Gravity Chase simplesmente não empolgam. Eles parecem leves demais, e o fato de todas as corridas acontecerem em tubos faz com que as curvas em si sejam quase imperceptíveis. Você estará muito mais preocupado em pegar munição e boosts do que em frear para fazer uma curva como um profissional.

Em todo meu tempo com Gravity Chase, eu não freei nenhuma vez, simplesmente porque este é um jogo em que é do seu interesse estar sempre em velocidade máxima. E isso até pode ser legal também, mas aqui falta algo. Afinal, só segurar o acelerador e esperar chegar ao final não é um gameplay muito interessante.

Falei no título, Gravity Chase é arcade até o osso. Eu realmente acho que ele se daria bem se fosse lançado nos fliperamas nos anos 90. Jogar uma ou duas corridas é divertido, mas a coisa logo fica repetitiva e chatinha, e isso sem entrar no fato de que você tem que repetir milhões de corridas para liberar todas as pistas. É o tipo de jogo que funciona melhor uma ficha por vez, não no ambiente caseiro.