Já faz um tempo que estou um tanto saturado da fórmula dos games de Lego. Porém, no entanto, contudo, todavia, eu gostei bastante de Lego Star Wars: O Despertar da Força, que foi o último que joguei. Assim, como um fã da Marvel, achei que Lego Marvel Super Heroes 2 seria no mínimo divertido.De fato, se você ainda não jogou muitos jogos da série Lego + Franquia famosa, sem dúvida há diversão por aqui. Porém, a essa altura acredito que a maioria dos jogadores já está um tanto enjoado, e este lançamento faz pouco para mudar isso.
A MESMA FÓRMULA DE SEMPRE
Lego Marvel Super Heroes 2 é bastante parecido – para não dizer igual – aos anteriores. Basicamente, você é solto em um cenário relativamente aberto e vai sair quebrando tudo para ganhar pecinhas coloridas. Eventualmente, um puzzle aparece no meio do caminho e você deve solucioná-lo para progredir. Em geral as coisas terminam em uma batalha contra um chefe, normalmente um vilão famoso da Marvel.
O jogo é imediatamente familiar para qualquer um que já teve contato com a série, e acredito que a essa altura, praticamente todo mundo já jogou algum Lego. Então vamos focar nas coisas mais próprias deste exemplar…
UMA AMEAÇA INTERESTELAR
O vilão Kang resolve dominar o mundo, mas como o preço do metro quadrado não anda muito barato, ele resolve juntar várias eras e locais no mesmo mapa. Assim, temos uma pá de Nova Iorques diferentes (a normal, a noir, a 2099), além de outras eras como a Inglaterra Medieval. Para conter a ameaça, todos os heróis da Marvel se juntam contra o vilão. Todos menos os X-Men, é claro. Depois das primeiras fases de história, o mapa fica aberto com todas essas áreas para você explorar.A história, no entanto, é contada em fases mais lineares, normalmente com uma divertida introdução a cargo de J. Jonah Jameson.
O mundo aberto está lá como interlúdio, embora você possa passar centenas de horas ali procurando colecionáveis e fazendo sidequests. A história principal obriga você a fazer algumas coisas rápidas no mundo aberto, mas se você desejar ele é bastante ignorável.A principal novidade no gameplay está no fato de que todos os chefes – e muitos dos inimigos normais – agora têm barras de energia. Assim, mesmo o adversário mais birosca precisa de uma boa dezena de tapas para arregar. Com isso, as batalhas contra os chefes se tornaram longuíssimas.
A princípio pode não parecer muito diferente. Os chefes tradicionalmente tinham três corações e você precisava deixá-los vulneráveis para tirar um deles. A fórmula é a mesma, mas quando os chefes estão vulneráveis, você tem um tempo limitado para esbofeteá-los com vontade na esperança de tirar um terço da energia e assim avançar a briga.
CONTROLES CONFUSOS
A série Lego é bem simples, e vem dessa simplicidade seu principal apelo. No entanto, na tentativa de encaixar tantos personagens diferentes no jogo, acabaram complicando demais os controles.Por exemplo, se você apertar X com o Homem-Aranha, ele pula. Porém, se você segurar X, ele vai carregar um super-pulo. Isso, que parece simples descrevendo, se torna deveras irritante quando você quer simplesmente pular e o jogo fica carregando o pulo porque você segurou o botão um pouco mais.Parece simples? Pois o quadrado faz o Aranha atirar teias. Até aí, beleza. Só que às vezes, ao invés de atacar, ele resolve se pendurar nas teias e ficar fazendo piruetas. Mas será o Benedito?
Um caso que prejudica mais a jogabilidade é que o triângulo serve para mudar de personagem, mas também serve para dar ataques estilosos em dupla. Eu não saquei o que faz o jogo decidir que você quer dar um golpe desses, mas é extremamente comum você querer mudar de personagem para bater em um chefe e, ao invés disso, ter que esperar uma elaborada animação de ataque. Especialmente porque você costuma ter poucos segundos para tirar um terço da energia dos chefes.
FALTA POLIMENTO
Este talvez seja o problema. Lego Marvel Super Heroes 2 parece ter sido desenvolvido por uma empresa diferente, pois ele é tecnicamente bastante inferior aos jogos da Traveller’s Tales. Eu até arriscaria dizer que foi feito por um time B da desenvolvedora, mas não acho que este seria o caso em uma propriedade tão popular quanto os heróis Marvel.
E isso não se limita ao gameplay. Em duas fases diferentes, eu cumpri o objetivo que me permitiria avançar, mas a cutscene que deveria entrar não entrou. Eu fiquei preso na fase, sem saber o que fazer, procurando guias na internet, até que finalmente resolvi reiniciar a fase.Veja bem, não me refiro a reiniciar o checkpoint, pois o jogo não permite isso. Tive que voltar ao início da fase, jogar tudo e ver toda a historinha de novo (algumas cutscenes são puláveis, mas a maioria não é).O excesso de personagens na tela ao mesmo tempo também torna um suplício você trocar para um personagem específico no meio da ação, e isso é exacerbado pelo fato de, mesmo enquanto você tenta resolver puzzles, estar sempre sendo atacado por inimigos infinitos, um problema que a série tinha no início, mas que tinha parado de fazer.Outras vezes meu personagem morria sem motivo aparente. Em determinado chefe, o Thor atravessou o chão e ficou preso num andar de baixo fora da tela. Só não precisei reiniciar porque tinha uma outra Thor (Thor Jane Foster) que tinha os mesmos poderes e quebrou o galho.
CADÊ OS HERÓIS?
Aqui a culpa é da Marvel e da sua insistência em que as desenvolvedoras usem apenas personagens que ela tem o direito cinematográfico. Porém, os jogos, especialmente estes que são baseados no universo completo da editora, sofrem com isso.Por exemplo, em determinada fase, você vai controlar um tal de Kid Colt. Kid Colt? É, Kid Colt. Quem diabos é Kid Colt? Não faço a menor ideia. E sabe quem você não vai controlar? O Wolverine. A Tempestade. Absolutamente nenhum dos X-Men ou do Quarteto Fantástico. E ao invés do Deadpool, temos uma tal de Gwenpool que, segundo a internet, é uma amálgama da Gwen Stacy com o Deadpool. Da fãc, meu?
O primeiro Lego Marvel Super Heroes também tinha um monte de personagens desconhecidos, mas isso porque era um jogo praticamente completo, que tinha todos – ou quase todos – os personagens Marvel. Colocar Kid Colt e Gwenpool no jogo como personagens importantes e não ter nenhuma referência a Magneto ou Doutor Destino é cuspir na cara dos fãs.
Isso faz com que, ao invés de ser um Lego Marvel Super Heroes 2, o que tenhamos aqui seja basicamente um Lego Marvel’s Avengers 2, uma vez que esta é basicamente uma história dos Vingadores com os Guardiões da Galáxia. E vou dizer, ele seria bem menos decepcionante com este nome. Meu sobrinho veio aqui em casa jogar e ficava constantemente me perguntando aonde no menu estavam o Wolverine, o Tocha Humana e outros personagens com os quais ele gostava de jogar no anterior.
MAS AINDA É CHARMOSO
O que a série Lego tem a seu favor – e arrisco dizer que foi o que possibilitou dezenas de jogos – é sua fofura. E nesse aspecto o jogo continua legal. O design dos personagens é muito legal e criativo e pequenos toques, como o fato de que vários deles andam de formas diferentes, dão todo um charme extra. Dá uma olhada, por exemplo, neste Cabeça de Martelo, que engraçadinho.O jogo é cheio de momentos assim, quando um personagem aparece e surpreende com um design criativo, e isso acaba sendo o que faz você continuar jogando.
LEGO MARVEL SUPER HEROES 2
É pouco, no entanto. Embora seja quase igual aos outros, há outros exemplares da série Lego que são melhores do que este, incluindo as duas iterações anteriores no universo Marvel.Parte da culpa é da própria Marvel que não deixa alguns de seus medalhões aparecerem, mas parte também é da desenvolvedora que entregou um jogo menos polido do que deveria. Mas ei, pelo menos Kun-Lun está seguro.