Para alguém que foi um garoto SEGA, tem algo muito mágico em rodar pela primeira vez um novo jogo do Sonic. E Sonic Mania sabe disso. A primeira coisa que você vai ver será o tradicional logo cantado da Sega. Daí nosso herói popa no logotipo do jogo e faz que não com o dedo. O que tanto o Sonic não quer? Ninguém sabe. Pode ser que ele seja um prisioneiro da Sega, obrigado a estrelar jogos e esta seja a forma de ele dizer que está lá à revelia de sua vontade. O mais importante: ninguém se importa. Este é Sonic Mania, mano!
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Não vou negar que sou fanboy do Sonic. Você provavelmente já sabe disso. Vários de seus jogos recentes são realmente ruins, mas eu sempre os jogo com uma pontinha de esperança. Felizmente, este não é o caso de Sonic Mania. Bom é pouco para defini-lo. Temos aqui um Sonic roots, não apenas nos gráficos, mas em absolutamente todo o jogo.
UMA LINDA HOMENAGEM
Depois de alguns minutos com Sonic Mania, você vai ficar com a sensação de que ele é um daqueles muitos jogos feitos por fãs. E de certa forma, é mesmo. Ele não foi desenvolvido pelo Sonic Team, mas por uma galerinha que cresceu com o personagem. Não à toa, o jogo começa lá na Green Hill Zone. E quero ver você conseguir jogar a fase sem cantar a musiquinha.
Uma das primeiras coisas que pensei é que estava jogando Sonic 1 (o level design a princípio é o mesmo) com os poderes e escudos do Sonic 3. No entanto, logo o ato 1 da Green Hill se expande. É o mesmo visual, mas a fase é nova. Esta é a grande toada do jogo inteiro. É novo, mas é familiar.
Comecemos pelos gráficos. Pelas imagens, ele parece igualzinho aos jogos de Mega Drive. Ao vê-lo em ação, você percebe que não é bem assim. Houve uma clara melhora. Há novos quadros, novos movimentos. Se tivesse sido lançado um Sonic 4 ainda para Mega Drive, provavelmente ele teria o visual de Sonic Mania.
Particularmente, eu preferia um visual mais moderno, em 2.5D, mas não dá para negar que os jogos do Sonic estavam entre os mais bonitos dos 16 Bit, e continuam uma coisinha linda.
Uma novidade são os chefes. Cada ato termina em um chefe. Alguns fazem referências aos já conhecidos, mas trazem surpresas. A maioria é totalmente nova. E devo dizer, não teve um chefe que eu tenha achado chato. Tem até um no qual você assume a navinha do Robotnik (ou Eggman, se preferir) e ensina uma lição ao bigodudo malvado.
A música traz surpresas também. No primeiro ato da Green Hill Zone, é aquela clássica que todos conhecemos e gostamos, mas no segundo ato ela aparece em uma nova versão. Um remix mais moderno e bastante interessante. Isso acontece em todas as fases tiradas de outros jogos.
EU JÁ NÃO JOGUEI ISSO ANTES?
Talvez este seja um ponto fraco do jogo. Eu achei legal começar na Green Hill, mas, quando várias horas depois, eu estava jogando fases genéricas de Sonic & Knuckles, comecei a querer que houvesse aqui mais cenários novos. Das 12 zonas disponíveis em Sonic Mania, apenas quatro são exclusivas, e todas as outras são tiradas dos três Sonics numerados, Sonic & Knuckles e Sonic CD.
Veja bem, não são as mesmas fases em level design, elas apenas se utilizam dos cenários e mecânicas para criar uma nova versão das clássicas. Porém, como o gráfico se manteve semelhante ao de Mega Drive, não traz tantas novidades jogar esta Green Hill Zone quanto ao jogar a versão altamente turbinada de Sonic Generations.
As fases especiais são referências aos clássicos também. A mais comum acontece quando você passa por um checkpoint com mais de 25 argolas. Estrelinhas vão surgir e basta você pular nelas para ser transportado às mesmas fases de Sonic 3, nas quais você tem que pegar as bolas azuis e evitar as vermelhas. Vença e você ganha não uma esmeralda, mas uma moeda. Parece-me que elas liberam coisas no menu de extras, mas as quatro que consegui catar na minha campanha não liberaram nada.
A outra fase especial é bem mais legal, e é nova, embora faça uma referência ao Sonic CD. Para entrar nela, você deve encontrar um argolão escondido no cenário e pular dentro dele. Nela sim você consegue as tradicionais esmeraldas, mas não espere que seja fácil. Seu objetivo é alcançar o OVNI e para isso é necessário pegar uma pá de bolas azuis que vão aumentar sua velocidade até atingir Mach 3. Só aí você pode ir atrás do seu objetivo.
Para se manter na fase, você deve pegar argolas, cada uma aumentando seu tempo em um segundo. É mais difícil do que parece, mas é bem divertido.
O chato é que não dá para tentar de novo. Cada argolão e cada checkpoint dão direito a uma tentativa. Perdeu, vai ouvir pagode. E se você vai entrar muitas vezes nas do Sonic 3, as que dão esmeraldas e que possibilitam alcançar o final real do jogo são bem mais raras. Seria interessante que seguisse o esquema do DmC, ou seja, uma vez que você encontre a fase, pode tentá-la quantas vezes quiser, direto do menu.
SONIC CD
Uma coisa que eu gostei é que é o primeiro jogo do Sonic que eu vejo levar o Sonic CD em consideração, não só pela presença da fase Stardust Speedway, mas inclusive fazendo referências à viagem no tempo, ao Metal Sonic e tem até a possibilidade de destravar aquela corridinha única, ativada colocando para cima + botão (inexplicavelmente, só dá para usar essa habilidade se você jogar sem salvar).
Mas não é apenas de referências que Sonic Mania é feito. O level design, que é 79,23% novo, é excelente. Ele segue bem aquela linha dos Sonics clássicos, nos quais você não corria o tempo todo. Há horas em que você claramente é incentivado a correr, mas tem também um monte de exploração e plataforma. As fases têm dezenas de caminhos, mas curiosamente não há caminhos errados. Se você encontrar um beco sem saída, provavelmente será recompensado com uma vida ou algo igualmente apetitoso, mas a imensa maioria deles parece levar para a saída.
Vidas? Pois é. Inexplicavelmente, Sonic Mania ainda tem limites de vida. Ao perder todas, você volta ao último save com três vidas. Ele salva entre todas as zonas, então o pior que pode acontecer é você morrer no chefe final de uma zona e ter que jogá-la inteira novamente, que foi exatamente o que aconteceu comigo. Não é o fim do mundo, mas é mais frustrante do que deveria. Felizmente, isso só aconteceu comigo uma vez, ou seja, o jogo não é especialmente difícil. Pelo menos não se você desconsiderar as fases especiais.
Outra frustração do passado é o limite de tempo. Você tem 10 minutos para passar de cada ato, e o tempo é salvo com o checkpoint. Pode parecer muito, mas cada ato de Sonic Mania é bem mais longo do que os tradicionais, então seria interessante que no mínimo tivessem aumentado o tempo. Até porque o relógio continua contando nos chefes e alguns deles levam vários minutos para serem derrotados.
Tem também um monte de coisas novas, como a possibilidade de ser jogado a segundo plano e novos power-ups. Um que eu achei bem legal é uma argola azul, que significa que quando você é atingido, perde as argolas em versões maiores e de maior valor. Isso significa que, se você estiver com mais de 100 argolas, pode pegar apenas umas cinco e recuperar tudo, além de ganhar uma vida no processo. É bem satisfatório.
SONIC MANIA É UMA DELÍCIA
O jogo é simplesmente muito divertido. Enquanto o jogava, pensava constantemente quão gostoso ele era. Um bom Sonic faz com que cada fase seja um parque de diversões e isso é basicamente o que rola por aqui. Apesar da falta de novos cenários ser um ponto negativo, o level design é tão bom que torna cada fase, cada nova mecânica e cada chefe encontrado um enorme prazer.
Eu joguei Sonic Mania em uma tacada só para poder publicar esta resenha próximo do lançamento e, com 12 fases, ele é relativamente longo. Admito que ao final estava um pouco estafado, mas mais por ter passado tanto tempo seguido com ele do que por culpa dele propriamente dito. Eu só gostaria que as últimas fases fossem mais coloridas e alegres. Parece que todas as cores estão concentradas na primeira metade, e depois fica tudo escuro e monocromático demais para um jogo de mascote.
A campanha pode ser jogada com Sonic e Tails, apenas Sonic, apenas Tails ou apenas Knuckles. Cada um tem habilidades diferentes. Tails voa, enquanto Knuckles escala paredes e plana, o que significa que cada herói seguirá caminhos diferentes nas fases. Infelizmente, não dá para trocar sem iniciar um novo save. Eu fiz minha jogatina com a dupla clássica, e a raposinha foi uma mão na roda, me ajudando bastante a pegar as argolas que eu queria ou acertando golpes extras nos chefes bigodudos. Jogando com a dupla, aliás, um amiguinho pode pegar um segundo controle e assumir imediatamente o controle da raposinha, exatamente como nos jogos clássicos.
Depois que você acabar a campanha, ainda pode jogar um time attack e uma competição para dois jogadores, que é basicamente uma corrida com tela dividida. O time attack tem leaderboards, mas toda vez que eu tentava acessá-la dava um pau e o PS4 voltava para a dashboard.
Seu save também libera a possibilidade de seleção de fases, o que significa que você pode jogar tudo novamente para tentar pegar novas esmeraldas e conseguir o final bom. Eu consegui pegar apenas duas na campanha inteira, então o jogo terminou com uma mensagem bem clara, que eu também vou usar para terminar esta resenha.
