A Autópsia

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Necrotérios são lugares assustadores por natureza. Nada mais natural então que ambientar um filme de terror em um. A Autópsia é exatamente isso, e já sai na frente de muitas produções do gênero causando calafrios só por essa ambientação, mas felizmente ele tem mais predicados do que apenas o local no qual se passa sua história.

Brian Cox é um médico legista dono de uma casa funerária e necrotério. Emile Hirsch é o filho e assistente/aprendiz dele. Um dia o xerife leva até lá o presunto de uma mulher desconhecida encontrada na cena de um crime. As circunstâncias do ocorrido são estranhas, então eles decidem começar a autópsia imediatamente. À noite. No necrotério que fica no porão da casa da família. O que os torna imediatamente dois dos seres mais colhudos do universo conhecido.

À medida em que vão realizando o procedimento, vão encontrando coisas muito estranhas no cadáver, como sinais de múltiplas torturas e outras coisas que caem melhor como surpresa. Obviamente, isso atiça ainda mais a curiosidade deles, e todos sabemos aonde isso leva, certo?

Pois coisas estranhas também começam a acontecer no ambiente ao redor deles, sugerindo algo paranormal. Pois é, não bastasse o longa se passar quase todo em uma sala de autópsia, ela ainda por cima é assombrada! E isso funciona que é uma beleza. O filme é bem legal e climático durante toda sua duração.

O mistério de quem é a mulher na mesa e que raios aconteceu com ela também prende a atenção e o longa conta com boas atuações dos dois atores principais bem conhecidos, algo que não é costumeiro nesse tipo de produção (me refiro tanto a boas atuações quanto a contar com atores mais famosos).

Este é o tipo de filme que se passa praticamente todo num único ambiente e tira o máximo proveito desse espaço, construindo um clima bastante sinistro e tenso. Eu, particularmente, gosto de produções confinadas a ambientações limitadas. E como já estabeleci antes, que esse espaço seja um necrotério num porão à noite é um bônus a mais.

No entanto, também acho que ele poderia render mais. Mesmo para uma produção claramente modesta, fica uma sensação de “quero mais”. O começo, particularmente, é muito bom, mas à medida em que eles vão descobrindo os fatos, a qualidade começa a decair um pouco. Nunca fica ruim, mas nem sempre é o caminho que eu gostaria de ver.

A explicação de quem é a morta e porque aqueles fenômenos estão acontecendo, eu achei especialmente besta. É questão de opinião, e muitos podem achar algo satisfatório, mas eu não gostei. Não é a direção que eu tomaria, embora precise admitir que é mesmo algo inesperado. No entanto, ele perdeu muito do apelo para mim após essa revelação, que felizmente só ocorre já mais próxima ao final.

Seja como for, A Autópsia é um filme de terror pequeno, mas muito competente, com uma excelente ambientação e um clima de dar calafrios durante toda sua duração. Um bom exemplar recente do gênero que merece uma assistida por parte de todos os apreciadores de um bom filme de medo.

REVER GERAL
nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
a-autopsiaTítulo original: The Autopsy of Jane Doe<br> País de origem: Reino Unido/EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Terror<br> Duração: 86 minutos<br> Distribuidora: Diamond<br> Direção: André Ovredal<br> Roteiro: Ian B. Goldberg e Richard Naing<br> Elenco: Brian Cox, Emile Hirsch e Ophelia Lovibond.