Os thunder buddies estão de volta. Afinal, o primeiro Ted foi bem engraçado e, mais importante, fez um bom dinheiro para garantir uma sequência que chega agora aos cinemas brasileiros. Mas seria ela necessária e também estaria essa segunda parte no mesmo nível do longa original?
A resposta a essas duas perguntas é não, caro delfonauta. Eu gostei do primeiro filme, já o vi de novo várias vezes na televisão e ainda dou risada. Mas particularmente, para mim bastava um. Não estava ansioso para ver um novo longa do urso de pelúcia politicamente incorreto. Para mim, o primeiro Ted era o tipo de produção que dependia dos fatores novidade e surpresa e uma continuação automaticamente elimina esses quesitos. Quanto à qualidade desta segunda parte, falarei mais adiante, logo depois da sinopse.
Nesta nova produção, Ted se casa com Tami-Lynn, sua namorada do filme anterior, e o casal decide ter um filho. Sendo Ted um urso de pelúcia desprovido de genitália, eles optam por tentarem métodos alternativos até que decidem pela adoção. É aí que vem o problema. O Estado não considera Ted uma pessoa e sim uma propriedade, e, portanto, sem qualquer direito.
O urso, apoiado pelo amigo John (Mark Wahlberg), vai então ao tribunal lutar por seus direitos civis. Enquanto isso, John anda deprê porque a Mila Kunis não está neste filme, mas logo vai pintar um clima entre ele e a advogada (Amanda Seyfried) contratada para ajudar Ted a conquistar sua cidadania.
Ted 2 repete absolutamente tudo do primeiro, tanto o que funcionou quanto os defeitos. E esse talvez seja seu grande pecado. É apenas mais do mesmo, tanto para o bem quanto para o mal. Novamente o que mais funciona é a relação tanto entre Ted e John, de amigos que adoram tirar sarro um do outro, quanto dos dois com os outros personagens. São essas as passagens mais engraçadas e novamente elas parecem gagues completamente independentes do resto do filme. Tanto que, se você analisar friamente, verá que elas não têm qualquer importância para o andamento do enredo.
Novamente, a história principal fica eclipsada pelas piadas avulsas e não rende tanto quanto poderia, principalmente considerando que o mote do novo longa (a luta de Ted para ser reconhecido como um humano) é mais interessante e poderia gerar bem mais piadas do que acabou conseguindo (sem contar que abria espaço até para colocar algumas críticas sociais se os realizadores assim o desejassem).
Mark Wahlberg também acaba virando uma espécie de coadjuvante de luxo aqui, perdendo de vez o protagonismo para o urso digital, mas no fim das contas isso acaba não influindo tanto, visto que, como já disse, a relação entre os dois continua bem divertida.
As piadas novamente se escoram em elementos da cultura pop que devem divertir o público nerd, mas talvez não causem o mesmo efeito no espectador comum. É o humor típico das animações de Seth McFarlane e esse talvez seja o problema. Muitas piadas funcionam, mas não é nada que quem assista Family Guy ou American Dad já não tenha visto antes muitas vezes. Fica aquele gosto de coisa requentada.
Ted 2 é inferior ao original, embora ainda consiga render piadas suficientes para ser uma comédia razoável. Sabendo disso de antemão, você ainda pode se divertir a contento assistindo-o, embora talvez seja melhor deixar para ver na televisão, na companhia de uma galera zoeira, ao invés de numa sala de cinema.