Planeta dos Macacos: O Confronto

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Já faz três anos que o excelente Planeta dos Macacos: A Origem estreou em nossos cinemas. Agora, em 2014, temos o prazer de ver sua continuação chegar às telonas. Mas será mesmo um prazer? O filme não traz ninguém do elenco de volta (pelo menos não do elenco que dá as caras, pois Andy Serkis, intérprete do macaco César, retorna) e volta com um novo diretor, um cara conhecido especialmente por ter medo de Campo de Trevos – Monstro. Além disso, trata-se da continuação de um bom remake, o que historicamente não costuma dar muito certo.

Pois espalme seus fundilhos e se acalme, delfonauta. Planeta dos Macacos: O Confronto pode não ser tão bom quanto A Origem (e não me refiro ao filme de Christopher Nolan, embora também não seja tão bom quanto ele), mas ainda é diversão de primeira.

DEZ ANOS DEPOIS

O Confronto começa dez anos depois de seu antecessor. Neste meio tempo, um vírus dizimou boa parte da população humana, a ponto de o grupo de macacos inteligentes liderados por César (Andy Serkis) acharem que nunca mais verão uma ruiva por aí – já pensou que horror?

Porém, um pequeno grupo de humanos acaba dando as caras (sem nenhuma ruiva entre eles, para desespero de César e de qualquer homem de bom gosto), e seu primeiro encontro com os macacos não é muito amigável. César avisa: “aqui é nossa casa. Nós não vamos até vocês e vocês não vêm até nós”. Uma oferta um tanto irrecusável quando vem de uma centena de macacos mal encarados montados a cavalo e carregando lanças, não é mesmo?

Acontece que a casa dos macacos fica perto de uma pequena hidrelétrica, e a única chance das pessoas fazerem contato com outros eventuais sobreviventes de sua espécie é restaurando e usando a energia que ela é capaz de gerar.

Como o delfonauta já deve imaginar, O Confronto é inevitável, até porque está ali, no título do longa. Porém, durante boa parte da projeção – a melhor parte – as duas espécies até tentam se entender. Claro, nem todos os personagens (sejam humanos ou símios) concordam com as motivações pacifistas de César e do humano Malcolm (Jason Clarke) e é daí que vão eventualmente surgir as tensões que vão culminar na guerra do terceiro ato.

SÍMIOS ATORES

Uma coisa que não dá para colocar defeitos é na atuação do elenco símio. Realistas até dizer chega, eles ao mesmo tempo conseguem passar emoções que os diferenciam de macacos comuns. Em determinado momento, um deles até chega a agir como um macaco comum, arrancando risadas do público pelo, veja só, inusitado da coisa.

Algo que me incomodou um pouco é que os macacos são um tanto indecisos quanto a falar em inglês ou em linguagem de sinais. Vá lá, eles são fluentes nas duas línguas, mas como os humanos do longa não entendem linguagem de sinais, esta opção é muito mais viável para que eles conversem entre si sem ouvidos externos. Apesar disso, o roteiro parece optar pelo inglês em todo momento dramático, mesmo que isso não faça sentido e envolva apenas macacos conversando.

Também vá preparado para ter dificuldade de diferenciar os macacos. Não apenas César, mas outros personagens do primeiro filme retornam. Contudo, com exceção de Koba, que tem uma cicatriz no olho, e Maurice, que é laranja, todos os outros são muito parecidos. Em várias cenas eu ficava confuso se o macaco em questão era César ou seu filho, por exemplo.

Em geral, o único defeito que realmente tira nota de Planeta dos Macacos: O Confronto é que sua história não é tão boa quanto a do filme anterior e ele não gera as mesmas discussões. Temos aqui um filme mais padrão, com uma história que você já viu outras vezes, inclusive com as mesmas viradinhas.

Não dava muito para ser de outra forma, uma vez que a franquia tem que construir seu caminho para chegar ao ponto que todos esperam, o dos macacos tendo dominado a Terra. Assim, isso nem me incomodou tanto, apenas o tornou menos especial do que o original.

Temos aqui, no entanto, um filme de ação bem divertido, com excelentes atuações e efeitos especiais impressionantes. Recomendado para qualquer fã de macacos que se preze.

CURIOSIDADES:

– A resenha delfiana de Planeta dos Macacos: A Origem é uma das recordistas em quantidade de comentários aqui no DELFOS, e a imensa discussão começou com uma simples piada/desabafo feita no texto. Daí o Tio_Zé apareceu e pronto, habemus discussão. Aliás, faz tempo que o Tio_Zé não compra briga com ninguém por aqui, né?

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
planeta-dos-macacos-o-confrontoPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Duração: 130 minutos<br> Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver.<br> Elenco: Andy Serkis, Gary Oldman, Keri Russell, Jason Clarke e Kirk Acevedo.<br> Diretor: Matt Reeves<br> Distribuidor: Fox<br>