Wilson Hawk – The Road

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Versatilidade e talento são características que definem bem Richie Kotzen. Conhecido principalmente por ter sido o guitarrista em duas das mais famosas bandas de Hard Rock para pegar mulher (Poison e Mr. Big), possui uma vasta discografia de verdadeiros clássicos que infelizmente passaram desconhecidos pelo grande público.

Durante sua carreira, flertou com os mais diversos estilos, desde a música essencialmente instrumental nos moldes de artistas como Joe Satriani, passando pelo Hard Rock mais agressivo, na linha Skid Row, até experimentos com o Blues e o Fusion. Muitas vezes tudo isso no mesmo álbum, e o mais impressionante, soando como algo coerente, sem parecer que simplesmente decidiu jogar um monte de influências diferentes na esperança de atrair públicos diversos, como muitos artistas “moderninhos” tentam fazer.

Apesar de todo esse experimentalismo, uma coisa que sempre teve destaque nos seus álbuns foram as baladas. É como se a cada álbum do Mr. Big, ao menos três canções tivessem o potencial de To Be With You para ser uma música para pegar mulher (não que a banda não tenha se esforçado nesse sentido. Vejo-me obrigado a mencionar que a última balada de sucesso do grupo, Shine, é uma composição de Kotzen). Ele, que não é burro nem nada, chegou inclusive a lançar um disco acústico reunindo dez de suas baladas mais grudentas.

O produtor é Richie Zito, verdadeiro especialista em incentivar bandas a produzirem músicas românticas grudentas e com quem já havia trabalhado antes em projetos como o Avalon e durante sua carreira solo. Kotzen mais uma vez demonstra seu talento no projeto Wilson Hawk. Influenciado em sua infância por artistas como Otis Reading e Curtis Mayfield, aqui o guitarrista encontra espaço para expressar as influências que sofreu da música Soul, que embora já tivessem aparecido em lançamentos anteriores, sempre o fizeram de forma bastante discreta.

O tom que o disco segue é dado desde o começo, pela faixa How Does It Feel. São essencialmente onze baladas tratando sobre o amor de maneira bastante fofinha, característica tanto do Soul quanto do resto da produção do cantor/guitarrista. Os destaques ficam mesmo para o timbre de voz de Kotzen, bastante semelhante ao de Chris Cornell, e para os riffs e levadas inspiradas de sua guitarra. Imperdível para quem procura um lançamento de qualidade numa era em que o Soul e o R&B clássico parecem esquecido.