Indiana Jones e o Grande Círculo é provavelmente o jogo mais caro e técnico estrelando o herói já feito. E curiosamente, ele chega às lojas com a gente sabendo pouco do jogo em si. Pois cá estamos. Neste humilde review Indiana Jones and the Great Circle, vou falar tudo e mais um pouco deste grande first party do Xbox que, nos tempos estranhos da atualidade, não será exclusivo por muito tempo.
Review Indiana Jones e o Grande Círculo
Contrariando todas as (minhas) expectativas, Indiana Jones and the Great Circle puxa forte para um immersive sim. Pois é, a franquia cinematográfica que inspirou jogos de ação como Uncharted e o reboot de Tomb Raider vem fortemente puxada para uma mistura entre Deus Ex e Hitman. E faz isso muito bem. O jogo é extremamente bem sucedido em fazer você se sentir como Indiana Jones, um herói muito mais cerebral, mas sem medo de sair na porrada.
Indiana Jones e o Grande Círculo combina fases propriamente ditas com mapas mais abertos, e alguns sendo literalmente mundos abertos de limpar mapa. Mas o timing é bom, e como o jogo não é um RPG, você tem liberdade de interagir com o quanto desejar deste conteúdo extra.
Visual parece mágica
Antes de entrar no gameplay e level design propriamente dito, quero falar um pouco sobre o audiovisual. Todos nos assustamos com as exigências da versão de PC, que é a primeira vez que um jogo promete dar uma canseira no meu notebook. A apreensão com a versão de console era forte, portanto. E, como já esperado, a versão de Xbox Series X vem configurada com opções gráficas abaixo do mais baixo disponível no Windows.
A parte impressionante vem agora. Apesar de a versão de Xbox Series X ser graficamente inferior ao mínimo possível no PC, o jogo é absurdamente lindo e técnico, com um sistema de iluminação e sombras do qual é impossível não sair impressionado. Quer saber mais? O jogo roda a 60 fps! Sério, como é possível um game com este visual rodar a 60 fps no console?
É difícil imaginar quão melhor ele pode parecer no Windows, a ponto de que acredito que as configurações deixem o jogo mais pesado, mas sem tanto retorno visual. A MachineGames, responsável pelos games mais recentes de Wolfenstein, era ótima para contar histórias, mas não exatamente técnica. Pois agora isso mudou, e a empresa se posiciona ao lado da irmã Id Software entre os maiores feiticeiros técnicos dos games.
Indiana Jones e o Grande Círculo é, antes de tudo, uma história
E que história! Tudo começa quando um sujeito muito alto rouba uma múmia de gato do museu em que o Indiana Jones trabalha. Nosso herói vai atrás, em uma perseguição mundial que o coloca em várias partes do mundo, com uma enorme variação de cenários.
Muitos estão dizendo que O Grande Círculo é a melhor história do Indiana Jones desde a trilogia original. Admito que gosto dos filmes mais recentes, mas coloco esta como uma aventura digna do herói e da sua história cinematográfica. Isso é completado por cutscenes lindas e técnicas e interpretações fantásticas de todos os atores. Eu não vou com a cara do Troy Baker, que faz o Indiana, mas não dá para negar que ele é um ótimo ator e sua imitação de Harrison Ford engana fácil. Como o personagem tem a cara e a voz dos filmes, é fácil pensar que o jogo teve envolvimento do ator – e não teve.
O único problema com as cutscenes é que elas têm um grande problema de performance, e chegam a rodar a 30 fps com frequência. Isso parece ser algo resolvido com patches futuros, mas é bem incômodo neste período de lançamento. Felizmente, a performance do gameplay é bem melhor. Não é 60 fps travado, mas cai com menos frequência do que nas cutscenes.
Finalmente, o gameplay de Indiana Jones and the Great Circle
Embora você tenha um revólver o tempo todo e possibilidade de pegar outras armas de fogo dos nazistas, este não é um jogo de tiro. Os nazistas são muito resistentes a tiros. Tiros na cabeça com rifles mal fazem eles se moverem. Curiosamente, eles são muito vulneráveis a socos, e mais ainda a armas improvisadas coletadas pelo cenário, como violões ou mata-moscas (sério mesmo). O chicote em combate serve para desarmar os inimigos ou para dar um get over here, não para vencer os vilões propriamente.
Apesar de Indy não ser indefeso, a ideia é evitar combate a todo custo. Se esgueire pelos cantos ou, mais recomendado ainda, pegue um disfarce. Se vista de soldado nazista e você terá acesso livre a suas bases. Só precisa ficar ligado nos oficiais, que são capazes de reconhecer Indy. Sim, muito parecido com Hitman.
Os mapas abertos
Indiana Jones e o Grande Círculo tem três mapas abertos. O primeiro, no Vaticano, é o melhor deles, e o que tem mais jeito de Deus Ex. Basicamente, é uma cidade, com uma infinidade de caminhos, portas trancadas e áreas restritas, mas não totalmente aberta. Explorar é uma delícia e fica ainda melhor no aspecto Turismo Virtual, já que o lugar é lindíssimo.
O segundo mapa é Giza, no Egito. Basicamente, é a região da Esfinge e das grandes pirâmides. Este é mais propriamente aberto. Como é no deserto, você pode simplesmente escolher uma direção e sair correndo por vários minutos. Os desafios curados do Vaticano aqui se tornam mais típicos de um jogo da Ubisoft.
Por fim, o último é Sucotai, na Tailândia. Apesar de ser um lugar que nunca vi antes em games, é bem comum jogar lá. Trata-se de uma selva separada em ilhas. Você explora de barco, e é de longe a parte mais cansativa de toda a história. Fica realmente cansativo porque você só pode chamar o barco em lugares específicos do mapa e o Indy nada MUITO devagar. Até chegar em Sucotai, estava achando que O Grande Círculo seria um dos melhores jogos do ano, e este mapa sozinho me fez mudar de ideia.
Mas isso é só metade da campanha
A outra parte é composta de missões mais lineares, que envolvem exploração e quebra-cabeças. Estes são os melhores momentos do jogo, e não por acaso são os que mais lembram Uncharted. Ao contrário do game de Nathan Drake, aqui quando você entra em uma área na qual nenhum humano entrava há séculos, não há inimigos, o que narrativamente faz muito mais sentido. Isso, claro, não significa que não haja perigos. Armadilhas e a simples movimentação são desafios mais do que suficientes. E a sensação de explorar uma área secreta do Vaticano ou do Egito coloca fortes sorrisos no meu rosto.
Embora haja um monte de breguetes para pegar em todos os mapas abertos, temos um punhado de sidemissions propriamente ditas que são tão boas quanto as missões principais. Fazia muito tempo que eu não fazia conteúdo secundário com prazer e Indiana Jones and the Great Circle conseguiu esta façanha.
Eu gostei bastante do timing e da alternância entre mapas abertos e outros mais lineares. Gostaria que o jogo tendesse um pouco mais a este último, mas o timing é muito melhor do que God of War Ragnarok, por exemplo. Pelo menos até chegar na Tailândia, que realmente foi quando me cansou.
Indiana Jones e o Grande Círculo
Eu não diria que Indiana Jones e o Grande Círculo é o melhor first party da Microsoft, pois dou esta medalha para Hi-Fi Rush. Mas fica perto. É um jogo sensacional, com valores de produção dignos de um AAA sem o monte de pentelhações que costumam vir junto com esta alcunha. Se fosse tendência, o futuro seria promissor. Como é exceção, podemos apenas torcer para que se torne tendência. E nos deliciar enquanto isso.