Weezer – Weezer (White Album)

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Even Izzy, Slash and Axl Rose/When I call you put them all on hold: a descrição bem-humorada da perfeição na conduta de uma moça chamada Susanne poderia ser um delírio ego maníaco do próprio Axl Rose, mas é apenas um dos vários trechos engraçadinhos usuais nas músicas do Weezer e composições do notório nerd e vocalista Rivers Cuomo.

Relembro esta pérola por alguns motivos: em primeiro lugar, é engraçada pra caramba. Ainda mais considerando a recente reconciliação de Axl e Slash sem que nenhum buraco negro tenha engolido a Terra. Celebremos apesar da ausência do Izzy! Em segundo lugar, a minha história com o Weezer começou justamente com Susanne.

Para ser mais sincero, com o filme Barrados no Shopping (Mallrats no título original) do Kevin Smith. É a música dos créditos finais, enquanto Jay e Silent Bob rumam para uma nova história; e é a trilha sonora perfeita para a narrativa recheada de nerdices, com direito às decepções amorosas, problemas com sogros, conselhos amorosos do Stan Lee e um Ben Affleck muito antes daquele crossfit.

O Weezer é um exemplo de genialidade pela simplicidade. Poucos artistas conseguiram compor tantas músicas objetivas e divertidas para escutar balançando a cabeça de um lado para o outro com um sorrisão estampado na fuça e consagrar-se como uma das boas trilhas sonoras para a vida nerd, a exemplo do ocorrido em Mallrats.

Mas nem tudo são flores na história da banda. Os rapazes lançaram uns discos questionáveis e foram devidamente detonados pelos próprios fãs. O Weezer já estava praticamente carimbado com a pecha de banda de singles e incapazes de lançar um trabalho consistente. Até que veio o excelente Everything Will Be Alright in the End para mostrar a disposição da banda em retomar tanto a alegria do Blue Album quanto a densidade de Pinkerton.

Todo este papo para começar a falar da nova cria colorida autointitulada dos caras, Weezer (White Album). O Álbum Branco se junta à galeria da banda junto com seus irmãos Vermelho, Verde e Azul.

IF I WAS KING OF THE WORLD

Escrever sobre música é assumir o risco de incorrer em gafes irreparáveis pelo tempo. Lembre-se das pobres almas que um dia descreveram os primeiros trabalhos dos Beatles e do Led Zeppelin como “sem futuro”. Portanto, peço licença e assumo o risco de registrar uma besteira irreparável, mas o Álbum Branco é o melhor disco da história do Weezer.

Os delfonautas estão cientes do peso de cinco Alfredos e do Selo Delfiano Supremo. Tais honrarias, assim como levantar a Mjolnir, não são para qualquer um. Você pode até estar incrédulo, mas Weezer (White Album) é uma das experiências sonoras mais agradáveis do ano corrente.

A capacidade de lançar um disco definitivo com míseros 34 minutos divididos em 10 faixas remete àquela genialidade pela simplicidade sobre a qual estava falando. Tudo o que consagrou a banda está aqui: guitarras marcantes, backing vocals competentes, letras bem- humoradas dentro do Rock Alternativo nerd que brinca de ser Grunge e Pop.

O novo autointitulado demonstra que o Weezer resolveu marcar com clareza qual é sua identidade, assim como o Arctic Monkeys fez em AM e o Metallica no Master of Puppets. Faz sentido considerando o histórico recente de altos e baixos causado justamente pela confusão e indefinição nos rumos criativos.

L.A. GIRLS, PLEASE ACT YOUR AGE

A faixa de abertura California Kids é a versão em inglês e repaginada de California, originalmente lançada por Scott & Rivers (projeto paralelo do Rivers Cuomo com músicas cantadas em japonês). E está dentro do conceito de disco californiano e praiano.

As letras descrevem de forma bem-humorada (por vezes estereotipada) a mentalidade de quem vive em cidades litorâneas e todo o cotidiano de praia. Wind In Our Sail e Thank God For The Girls são bons exemplos disso e não poupam referências a temas variados passando por religião, Darwin e Mendel.

A minha favorita do álbum é (Girl We Got A) Good Thing. Uma balada grudenta e divertida sobre o romance de um casal feliz como Hare Krishnas que vive o sonho de estar na praia vendendo sua arte. Do You Wanna Get High? e King Of The World têm a pegada mais próxima do Pinkerton e lembram outras canções da discografia da banda como Getchoo e The Good Life.

A alegre Summer Elaine and Drunk Dori e a transição para L.A. Girlz são os pontos altos do álbum. Aliás, o processo criativo por trás de Summer Elaine and Drunk Dori é bem curioso e foi detalhado pelo Rivers para o podcast Song Exploder. Vale a pena conferir.

10 CANÇÕES PARA 10 FILMES DO KEVIN SMITH

O álbum se encerra com as melancólicas Jacked Up e Endless Bummer e com a certeza de que o Weezer definitivamente voltou a fazer o que sabe melhor: 10 canções divertidas que cabem em uma playlist de viagem de praia ou apenas nos próximos 10 filmes do Kevin Smith.