W. E. – O Romance do Século

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Eu sei o que você está pensando, delfonauta, mas você está errado. O W. E. do título não se refere ao jogo Winning Eleven e o romance do século não envolve o Ronaldinho nem o “insira aqui outro nome de jogador de futebol famoso porque o Corrales não conhece mais nenhum”. Confuso, não? E só piora a partir daí.

O W e o E são as iniciais dos pombinhos, mas o problema é que demora uma hora até você saber quem diabos são os pombinhos. Isso porque praticamente todos os personagens têm nomes que começam com essas letras. Edward, Ernest, William, Wally, outra Wally. Sim, meu amigo, temos não apenas uma, mas DUAS mulheres chamadas Wally aqui. E, se tem algo que aprendi com Scrubs (e eu aprendi muito), é que você até pode dar nome de homem para uma personagem feminina, mas nunca para duas.

Claro, talvez se você for um assinante assíduo da revista Caras desde a década de 30 não tenha essa mesma confusão. Isso porque um dos pombinhos seria o futuro rei da Inglaterra, e ele abdicou do trono em nome da garota, dando o posto para seu irmãozinho gago, o Bertie.

Pois é, delfonauta, desgraça pouca é bobagem. O que temos aqui é praticamente uma continuação/spin-off de O Discurso do Rei que se passa paralelamente à trama do pior filme de 2011.

A seu favor tem o fato de que uma história de amor é algo que merece ser contado. Mas apenas isso, pois abre mão de todas as qualidades de O Discurso do Rei, em especial o fato de ser um filme e contar uma história com começo, meio e fim.

Eu não estava brincando quando disse que não sabia quem eram os protagonistas. Uma das Wallys começa o filme casada com um tal de Ernest. Wally/Ernest = W. E., certo? O problema é que ela fica se engraçando com outro mancebo, daí eu ficava tipo “pô, mas então vai contar como ela traiu o cara depois de ele ter abdicado do trono?”. Só depois de cerca de uma hora de filme é que essa história da abdicação entra no jogo, e só aí eu fui saber de fato quem era o “E” do título.

Ok, talvez as pessoas que se importem o suficiente com príncipes e afins não fiquem tão confusas quanto eu, mas o fato é que a narrativa do filme não faz nada para ajudar aqueles que não são familiares ao caso. Para colocar em termos nerds, o que rolou comigo é exatamente o que aconteceria se alguém que nunca leu quadrinhos antes fosse tentar entender a cronologia dos X-Men. Ou seja, Missão: Impossível.

Para piorar, ainda tem essa segunda Wally, que tem horas que parece ser amiga da Wally caça-príncipes, e tem hora que parece nem viver na mesma época. Isso também só fica claro depois de muito tempo de projeção, tamanha é a falta de habilidade da Madonna em contar uma história.

E o final, meu amigo! Ou deveria dizer finais? Acontece que W. E. termina umas sete vezes, e daí, quando você já está de saco cheio de tanto final, entra um novo detalhe na história que o arrasta por mais 30 minutos. É como se, depois dos sete finais de O Retorno do Rei, Peter Jackson resolvesse contar o Expurgo do Condado. Não dá, meu amigo, a história acabou e ninguém tem saco para um novo McGuffin a essa altura!

W. E. é tudo que tem de errado com o cinema atual. Trata-se de uma cinebiografia vazia, feita apenas para ganhar prêmios, e só saiu do papel por causa dos contatos que a Madonna tem no submundo artístico. E dar câmeras para alguém cuja maior conquista até hoje foi tirar a roupa na frente delas definitivamente não é uma boa ideia.