Alguns filmes são bons por terem helicópteros, explosões e mulheres com pouca roupa. Outros conseguem ser bons apesar de uma total ausência destes itens essenciais para uma boa obra cinematográfica. Este é um desses casos.
Meryl Streep e Tommy Lee Jones estão casados há décadas, e seu relacionamento está totalmente estagnado. Eles não brigam, nem nada do tipo, mas a falta de carinho e afeto é tão visível quanto o fato de isso atingir bem mais a moça do que o moço.
É então que ela fica sabendo de uma terapia intensiva para casais, comandada por um virgem de 40 anos, e compra um pacote sem consultar o marido. Daí em diante, o filme se alterna entre as cenas de terapia e os momentos do casal tentando recuperar a intimidade.
A primeira coisa a ser destacada são as atuações nada menos que fenomenais, talvez até a melhor da carreira desses atores. Meryl Streep sempre manda bem, mas aqui ela se superou, e consegue falar muito sem falar nada. Steve Carell aparece pouco em comparação ao casal, mas convence também como alguém que entende muito do assunto. Considerando que ele fez carreira com personagens cômicos que não entendiam nada de nada, isso diz muito.
Tommy Lee Jones também está muito bem, e até sorri em algumas cenas. O roteiro, no entanto, deixa difícil gostar do seu personagem. Sim, dá para entender que ele é um cara fechadão e que não está em paz com seus sentimentos, mas em muitos momentos as reclamações dele beiram a crueldade, e exige algum esforço do espectador para não colocá-lo como o vilão em uma história que não deveria ter vilões.
Se você é um delfonauta old-school, deve se lembrar da minha resenha para Pequena Miss Sunshine. E se não lembra ou não leu, pode clicar no link e desfrutar dela como se fosse 2006. Ora, veja só, a internet é mesmo uma coisa maravilhosa.
Mas por que eu citei Pequena Miss Sunshine? Um Divã Para Dois me lembrou muito dele, e não digo isso por causa da presença de Steve Carell, mas porque se trata de um filme que para quase todo mundo é uma comédia e que eu achei deveras triste. Este segue na mesma linha. Em muitos momentos, a sala inteira gargalhava e eu estava com um nó na garganta.
Assim, talvez após assistir este filme, você diga que é uma comédia e que não entendeu porque eu o achei tão triste. Já eu, assim como acontece com Pequena Miss Sunshine, vou continuar considerando-o um filme deveras triste sem entender o que diabos faz as pessoas rirem dele. De qualquer forma, é de se elogiar um roteiro que consegue tirar reações diferentes das pessoas. Até porque um espectador não é uma tela em branco, mas entra na sala do cinema com suas próprias experiências e sua própria história.
Este é daqueles filmes pessoais e extremamente realistas que não são para todo mundo. Como delfonauta, você provavelmente compartilha da minha predileção por helicópteros explodindo, mas às vezes é legal assistir algo diferente. E não é sempre que temos uma opção diferente com tamanha qualidade. Assista.