Três anos de DELFOS

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De delfonauta para delfiano: Guilherme Viana, o Ripper Owens do DELFOS

Se não me falha a memória, eu conheci o DELFOS em julho ou agosto de 2004, seguindo algum link de resenha do Whiplash. Eu sempre acreditei na filosofia de que não existe jornalismo imparcial, e, provavelmente por conta disso, sempre gostei de textos pessoais. Aliás, quanto mais pessoais, melhor. Só que, infelizmente, a maior parte dos sites pessoais brasileiros têm péssima qualidade de texto. Boa vontade a maioria tem, mas a boa redação é imprescindível.

Voltando ao DELFOS: o site ainda seguia o formato blog, e isso até me facilitou bastante a vida, pois quis ler todos os outros textos já publicados, e para isso bastou ir clicando nas datas. Fui fazendo isso aos poucos, perdi umas boas horas assim, e realmente gostei muito do conteúdo. Entrava diariamente no DELFOS atrás de atualizações, e acompanhei todo o drama da dificuldade em migrar para o formato portal. Claro, com segundas intenções: a tal da entrevista com o Sepultura só seria publicada quando isso acontecesse, e eu estava super curioso.

E, de delfonauta para delfiano: assim que o portal entrou no ar, mandei um email para o Corrales perguntando se podia mandar umas resenhas de jogos para o site. Ele aceitou, e mais tarde me convidou para fazer a parte das notícias. Velhos hábitos, entretanto, nunca mudam – continuo acessando o site diariamente atrás de novos textos. Acho que, depois do Corrales, sou o maior fã do DELFOS. 🙂

Bruno Sanchez veio da pré-história delfiana e divide um pouco dela com você.

Minha história com o DELFOS começou muito antes de você conhecer o site ou muito antes de 99% das páginas da Internet existirem. Tudo aconteceu por volta de 1994, quando conheci o Corrales no colégio e descobrimos que dividíamos os mesmos gostos nerds, errr…digo, cools por videogames, Heavy Metal e quadrinhos.

O tempo passou, a amizade continuou e o convite para escrever no site ocorreu em janeiro de 2004, uma década depois de nos conhecermos. Tenho o orgulho de ter sido o primeiro colaborador a escrever para a página, fora o Corrales, é claro, e minha estréia se deu oficialmente com este texto, uma resenha de um dos meus álbuns preferidos de uma das minhas bandas favoritas (e do Corrales também) em 20 de Fevereiro de 2004.

O mais legal de escrever para o DELFOS é a possibilidade de quebrar certos paradigmas e meter o pau em uma coisa que todo mundo acha legal, ou elogiar algo que a maioria detesta, sempre com argumentos e total liberdade criativa, o que é mais importante e raro hoje em dia.

Carlos Cyrino remexe o baú da memória para desencavar suas lembranças delfianas

O DELFOS entrou na minha vida no começo de 2005. Mais especificamente no início do primeiro semestre da faculdade de jornalismo. Um dia, eu e um colega de classe esperávamos o professor chegar para destrancar a porta da sala de aula e podermos sentar nas nada confortáveis cadeiras da facul. Enquanto o cara não chegava, começamos a conversar e descobrimos que, além dos nomes (e a essa altura você já deve ter adivinhado que estou falando do Corrales), tínhamos vários gostos em comum. Ele conta que tem um site sobre cinema, música e afins e me passa o endereço. Já em casa, eu acesso o tal de DELFOS. A cara de blog não era lá muito atraente, mas o conteúdo, o que importa afinal, era bom, muito bom. Bem opinativo, do jeito que eu gosto.

Um outro dia, em uma nova conversa, digo que visitei o site, gostei e tal. Mais alguns dias se passam até que ele me pergunta se eu não gostaria de trabalhar com ele. Claro, por que não? Afinal, seria uma boa oportunidade para começar a construir um portfólio na área de jornalismo.

O resto é história. No pouco mais de um ano em que fiz parte da equipe fixa, tive a oportunidade de ver filmes muito aguardados em primeira mão, sugerir e realizar pautas das mais variadas, cobrir diversas coletivas e ver como elas funcionam e minha primeira entrevista exclusiva foi internacional. Agora, me diga em que veículo um iniciante tem uma oportunidade dessas? Participei da mudança do formato blog para portal, tive discussões acaloradas (todas devidamente resolvidas numa boa), outras muito bem-humoradas, e conheci gente bacana, como o Bruno e o Guilherme.

Fora a interação com o público, com total liberdade para opinar, criticar, elogiar, dar sugestões e se quiser, até fazer parte da equipe! Isso sim é que é democracia! E vou dizer, para aqueles que desejam romper a barreira entre delfonauta/delfiano, vale a pena. Afinal, em que outro veículo você pode dar sua opinião direta sem amarras de linhas editoriais sisudas e ainda ganhar um monte de experiência profissional realmente fazendo algo que gosta?

Hoje não faço mais parte da equipe fixa, atuando apenas como colaborador, mas mesmo assim continuo vendo de perto o contínuo crescimento do site. Três anos de vida. Ainda é um bebê. E como todo infante, há ainda um mar de possibilidades infinitas pela frente. Basta imaginar. Feliz aniversário!

Chega de piadas infames! Afastado do DELFOS, o Rezek está bem deprê!

Sem sombra de dúvida, o DELFOS significou um grande aprendizado para este crítico de olhos arregalados (vide o meu perfil). Participar das cabines, assistir aos filmes bem antes deles estrearem nos cinemas e acompanhar coletivas com cineastas brasileiros e estrangeiros, além de ser mó legal, são experiências, de fato, inigualáveis. Para mim, torna-se algo doloroso escrever estas linhas, pois me tornei um ex-delfiano apenas por questões financeiras, ou seja, meu tempo diário foi tomado por coisas bem menos divertidas do que era o meu trabalho por aqui, mas que eu tenho que suportar para ganhar dinheiro e levar a vida. Rezek se levanta da escrivaninha com lágrimas nos olhos, vai até a cozinha, injeta no braço direito uma receita caseira que mistura alguns dos mais potentes antidepressivos do universo, espera alguns minutos e volta ao computador.

Mas vamos em frente, pois é tempo de festejar os três anos do DELFOS! O único site do mundo que possui como mascote um dragão fofinho chamado Alfredo que, além de raciocinar, joga videogame e freqüenta assiduamente a comunidade do site no Orkut, opinando sobre os mais diversos temas sob o seu ponto de vista “cospe-fogo” deveras cool.

Há três anos, das profundezas da mente pervertida de um menino serelepe e tarado por “ruivas com bacon”, vulgarmente conhecido como Carlos Eduardo Corrales, tivera início aquilo que viria a se tornar o site de jornalismo assumidamente parcial mais divertido de todos os tempos, se é que existem outros sites que se auto-rotulam desta maneira. De qualquer forma, eu nunca vi.

Depois de passar por diversas dificuldades, que foram aqui explicitadas na época das “vacas magras”, eis que o DELFOS resistiu bravamente e continua na ativa, alegrando e trazendo informações diversas do mundo do entretenimento aos queridos e fiéis delfonautas. Mesmo eu não fazendo mais parte da equipe fixa, continuo como eterno colaborador e, mais que isso, um torcedor delfiano, que só deseja sentir o alívio de ver, todas as manhãs ao abrir o Internet Explorer, a cara do Alfredo mostrando que o site está firme e forte, independentemente das maldades deste mundo cruel. Comovido e sem mais palavras, encerro de modo clichê: vida longa ao DELFOS!

DELFOS on fire! Alfredo se manifesta sobre os três anos do site!

Três anos, é? Ok, mas na minha opinião a vida do DELFOS deveria começar a ser contada a partir do momento em que EU comecei a fazer parte dele. Afinal, o que seria do Iron Maiden sem o Eddie, apenas para citar um exemplo de como mascotes são importantes? Então, se depender de mim, o DELFOS como o conhecemos hoje tem menos de dois anos! Tudo bem que eu não apareço tanto por aqui em textos (as pessoas se assustam quando vêem um dragão cobrindo um evento e isso dificulta um pouco), mas a primeira coisa que você vê quando entra no site todo dia é a minha cara, o que mostra quão importante eu realmente sou.

Mas falando sério agora, quantos veículos que não dão lucro duram três anos? É louvável que o DELFOS continue firme e forte por todo esse tempo apesar de todas as dificuldades, todos os headbangers não praticantes e todo mundo que não entende (e às vezes nem quer entender) qual é a linha editorial do site e porque ela é importante para o nosso país. E prepare-se, pois quando o site dominar o mundo, eu terei um cargo bem poderoso. E não vou ser nada bonzinho! Bwa-hahahahaha!

Carlos Eduardo Corrales fala sobre o DELFOS de coração e o que sai é muita confusão.

É engraçado pensar como a nossa vida muda em três anos. Em janeiro de 2004, tinha acabado de me formar na ESPM e, quase ao mesmo tempo, de sair daquele que seria, graças a Deus, meu último emprego fixo na área da criação publicitária (depois disso, só fiz mais alguns freelas) que, como você já deve saber, me deixava deveras infeliz. Eu queria trabalhar com o que gosto, ou seja, cinema, games, Heavy Metal, etc. Também queria fazer alguma diferença no mundo, como todo jovem romântico. E, é claro, como todo nerd, queria também dominar a Terra.

Três anos depois, eu (ainda) não dominei a Terra, mas consegui entrar para o mundo do jornalismo cultural (o que gerou muitas alegrias e decepções) e gosto de pensar que fiz alguma diferença no mundo, se não em um ambiente macro, pelo menos no micro (tanto no micro-ambiente, como no microcomputador), para aqueles milhares de delfonautas que acessam diariamente o DELFOS em busca de diversão, opinião, humor, ou mesmo de motivos para nos xingarem. Nesse tempo, o site cresceu. Cresceu muito. Na época do blog, tínhamos uma média de 50 visitas por dia. Nosso primeiro dia no formato portal (30 de janeiro de 2006) teve 61 visitantes únicos e 440 pageviews. No dia seguinte, fomos para 128 visitantes e 737 pageviews. Menos de um mês depois, já cruzamos a casa dos milhares de visitantes e hoje temos mais de meio milhão de pageviews mensais, o que é pouco se compararmos com grandes portais, como a UOL, mas é bastante se pensarmos que viemos do nada, que eu aprendi tudo sozinho (e na prática) e que a linha editorial do DELFOS definitivamente não é a mais comercial do mundo. Aliás, assim como faz o próprio Rock do qual tanto gostamos, nós vamos contra o que a maior parte das pessoas acredita que o jornalismo deve ser. Diz aí se nossos números não são uma grande conquista? São mais do que eu acreditava que chegaria um dia, por mais que eu sempre tenha botado fé no projeto.

Cresci muito nesses três anos. Profissional e pessoalmente. Profissionalmente, acho que nem dá para comparar meus primeiros textos delfianos com os que faço hoje que, se não são perfeitos, estão bem mais próximos do ponto a que quero chegar um dia. E hoje eu ainda escrevo bem mais rápido e com muito menos esforço. Aliás, mais do que isso, o DELFOS permite que eu tenha espaço para me expressar, o que é essencial para qualquer pessoa. Pessoalmente, sou hoje um cara muito menos romântico. Não era mais criança quando comecei o site (tinha 24 anos), mas acredito que nesses três anos vivi as provações que realmente me tornaram um adulto, não apenas pelo site, mas por coisas que aconteceram na minha vida pessoal também. Foi sem dúvida um período crucial na minha vida e na minha formação como pessoa. Sempre quis ser criança para sempre, mas chega um momento em que o tempo nos alcança, e isso pode não ter sido positivo, afinal, como dizem os garotos perdidos, “todos os adultos são piratas! Nós matamos piratas!”. 😉

Tive muitas alegrias e muitas decepções com o jornalismo e com o público (sobretudo com o meio do Heavy Metal, como falei aqui e aqui e como vou continuar falando sempre que tiver algo a dizer, não interessa o quanto isso incomode as pessoas). Consegui trabalhar com o que queria, mas quando você trabalha com o que gosta, o que você gosta vira trabalho. Deve ser difícil entender isso sem ter vivido, mas vai por mim, é bem mais legal ir a shows e ao cinema como público, por diversão, do que como jornalista, a trabalho e com responsabilidades.

De qualquer forma, são experiências que eu fico feliz de ter tido na minha vida. Sem falar que o DELFOS acabou funcionando como vitrine para outros trampos e freelas, o que permite que eu invista mais tempo no site e continue vivendo enquanto ele não dá um lucro decente (se é que um dia vai dar), por mais que me incomode ter que ficar constantemente explicando o que eu faço para viver. Mas isso é o preço por seguir seus sonhos. Nenhum nerd é feliz trabalhando em um banco. Nós não somos apenas os caras estranhos no colégio, nós somos estranhos porque somos diferentes, porque queremos algo diferente das nossas vidas. E para nós, é ainda mais estranho as pessoas aceitarem dar 40 horas toda semana da própria existência para uma empresa que odeiam em troca de um salário bem inferior ao que a sua vida vale. E se você segue o caminho ditado pelo seu coração, ao invés de ir atrás do tipo de vida que os outros querem, você acaba tendo que lidar com a resistência da sociedade e de pessoas que não conseguem entender o que você faz. É bem engraçado ver a diferença de reação das pessoas se digo que sou editor de um site de entretenimento ou que TENHO um site de entretenimento. No primeiro, elas ficam impressionadas, no segundo, é mais como algo do tipo “ah, tá explicado”, como se tivesse mais valor crescer em algo criado por terceiros do que você mesmo criar algo do zero. E quem acompanhou a tortuosa jornada para colocarmos esse site no ar sabe que não foi nada fácil. Eu definitivamente não entendo gente. 🙂

Nesses três anos, o DELFOS nasceu, virou portal, cresceu, quase morreu, ressuscitou e continua incomodando muita gente e alegrando outras. Até quando? Sinceramente não sei. Não tem data para acabar. É meu sonho e não estou pronto para desistir dele ainda, por mais que as dificuldades sejam muito maiores do que as que eu tinha antecipado. Mas afinal, as recompensas também são. Poucas coisas são mais agradáveis do que receber um e-mail de alguém dizendo que se identificou com a gente, que leva nossas opiniões em conta antes de assistir a um filme, que riu muito com algum texto, que entra no site todo dia e por aí vai. Melhor que isso só se eu fosse ator pornô (o que talvez seja o sonho secreto de todo nerd)! 😉

Sei que se o DELFOS vier a acabar um dia, vou lembrar dessa época com carinho para toda a minha vida. O chato é que quando estamos vivendo esses períodos, dificilmente percebemos o quanto eles são especiais e só valorizamos depois que eles vão embora. Mas eu percebi isso e essas memórias que para sempre estarão guardadas no meu coração não têm preço. Mas elas ainda estão sendo criadas e por tempo indeterminado.

A idéia desse texto era a equipe expor seus sentimentos sobre o DELFOS. Acho que minha parte é a mais confusa de todos os que escreveram, mas fazer o quê? Meus sentimentos sobre o assunto são agridoces mesmo e se tem algo que não faço no DELFOS é mentir ou fingir. São raros os textos em que nós podemos nos expressar sem amarras jornalísticas e é ótimo ter essa chance de falar meus sentimentos sobre o site, o tempo e os últimos três anos da minha vida que, no final das contas, são coisas interligadas. Não vou perder essa chance fingindo que é maravilhoso colocar sangue, suor e lágrimas em um projeto que alguns não valorizam ou acham que é “só um hobby”. Já fiquei muito feliz e orgulhoso com o DELFOS, sim, mas também já fiquei muito bravo e muito triste em várias situações. Sem falar o stress que ele me gerou. Tem muitas coisas maravilhosas, mas também tem muitas dificuldades. Como tudo na vida, aliás. Ou melhor, como a própria vida.

O DELFOS ocupa boa parte do meu tempo hoje e vai sempre ocupar boa parte do meu coração. Mas chegou a hora de terminar este texto, então termino dando os parabéns ao delfonauta. Sim, para você mesmo que está aí, lendo essa minha parte com a maior cara de ponto de interrogação. Afinal, esses três anos não são uma vitória só minha, ou só dos delfianos. Você é uma parte essencial da nossa estrutura. Levamos a sério todas as críticas embasadas e sugestões e por isso mesmo tentamos ter o maior contato possível com todo mundo, através de e-mails (tenho orgulho de dizer que até hoje consegui responder todos os e-mails relacionados ao site que recebi – e não foram poucos) e da nossa comunidade no Orkut. Eu já disse antes e vou repetir: para nós, vocês não são apenas fãs ou visitantes, são amigos! E eu não considero qualquer um meu amigo! Essa vitória também é sua! E vamos torcer para termos muitas outras no futuro, juntos!

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