Para ler o nosso especial também é só começar:
– Entrevista coletiva com a equipe do Filme – Se o Cyrino estivesse presente, trocaria todo mundo pela Ana Paula Arósio.
A primeira vez que vi o trailer deste Trair e Coçar é só Começar não gostei nem um pouco. Pensei que se o trailer era ruim daquele jeito, o filme devia ser uma bomba! Certamente eu passaria longe dele, não fosse pelo meu trabalho aqui no DELFOS, afinal não gastaria o meu dinheiro com um filme que me causou uma grande rejeição logo de cara, em sua estratégia de marketing (leia-se trailer e pôster).
Pois eu esperava mesmo uma droga, um lixo, uma bobagem, uma chatice, um humor chulo e sem graça, enfim, tudo o que o deixasse bem longe de um filme de comédia. Pensava em algo nem sequer comparável à inesquecível época dos Trapalhões no cinema, isso para não falar de Oscarito, Grande Otelo e outros nomes como Mazzaropi, que fizeram parte de tempos mais remotos.
A grande surpresa que tive, ao final do filme, entretanto, foi que consegui dar algumas risadas, o que mostra, ao menos, que se trata de uma comédia de verdade e não de mentira. Confesso que eu não conhecia a peça e achei o texto de Marcos Caruso (adaptado para o cinema) deveras engraçado e bem bolado. De fato, Trair e Coçar é só Começar – o filme, enquanto roteiro, funciona razoavelmente bem como uma comédia de mal entendidos, pois tem boas situações cômicas. Mas não se pode dizer o mesmo da direção de Moacyr Góes e da atuação de Adriana Esteves.
Para ser sincero, não tenho nada contra o diretor e também acho que Adriana Esteves já fez boas interpretações, principalmente em televisão. O problema é que Góes, a meu ver, deu muita liberdade de criação à atriz, como você pode ler na cobertura da coletiva e isso fez com que ela se sentisse praticamente um Renato Aragão no filme, fazendo uma doméstica repleta de caras, bocas, olhos envesgados, ou seja, uma personagem de tamanho exagero, que acaba perdendo boa parte da verossimilhança e se tornando a menos interessante da história.
A bem da verdade, o fato de o espectador perder o interesse na protagonista de um filme é bem grave, afinal, tudo gira em torno dela. Isso pode ser o primeiro passo de uma série de problemas, que podem levá-lo ao fracasso nas bilheterias. Entretanto, acho que isso não vai acontecer e digo o porquê. Sem contar o fato de ser um filme bem distribuído em circuito nacional, que será exibido em inúmeras salas por todo o Brasil e certamente atrairá um grande público, há também a questão da propaganda, que funciona, na minha opinião, às avessas.
Trair e Coçar é só Começar teve uma estratégia de marketing tão apelativa nas cores e nas caretas de Adriana Esteves, que é natural que as pessoas o rejeitem logo de cara, mas isso não será capaz de afundá-lo, pois a propaganda boca a boca dos corajosos que pagarem os primeiros ingressos será justamente essa: “ah, eu esperava algo bem pior”. É exatamente aí que um filme pode triunfar, mesmo sendo de qualidade duvidosa.