Venha bater cabeça e homenagear o Rock com a gente:
– Como ser um metaleiro true: Um guia prático para os verdadeiros descendentes de Odin.
– Top 5: Bandas fofas: O Cyrino escolhe os ursinhos de pelúcia do Rock. Hum, isso saiu meio esquisito…
– O Rock e a Sociedade do Espetáculo: Uma reflexão sobre a história do Rock e uma crítica ao Heavy Metal.
O Rock está para as guitarras como as ruivas estão para o bacon. Acredito que ninguém vai discordar dessa afirmação. Indubitavelmente, este maravilhoso instrumento elétrico é a coisa mais importante de qualquer banda de Rock que se preze. Isso, claro, não quer dizer que tenha um jeito específico de usá-la para o estilo. Aliás, a versatilidade guitarreira é um de seus grandes charmes. Alguns guitarristas são fábricas de riffs bangueáveis e empolgantes. Outros gostam de fazer o instrumento cantar, muitas vezes melhor até do que os vocalistas de suas bandas. Já as bandas que o Cyrino curte preferem fazer acordes dissonantes e o que parecem ser barulhinhos estranhos para os ouvidos não treinados.
O que falta? Ora pois, os solos, meu amigo. E eles merecem um parágrafo só para eles, já que são quase um capítulo à parte. Como você bem sabe, algumas pessoas preferem solos cheios de nota, outros, cheios de melodia. Alguns gostam de coisas curtas, outros enormes. Outros, ainda, odeiam solos.
Eu, particularmente, gosto de solos de quase todos os estilos e tamanhos (só não me agradam mesmo aqueles barulhos sem lógica dos solos de bandas como Sepultura ou Slayer – aliás, tem alguém que realmente gosta do solo de Raining Blood? O pior é que a guitarra da música inteira é bem legal, só fica feia no solo mesmo). Contudo, é inegável que os realmente memoráveis são aqueles que ficam na cabeça (daí o uso da palavra memorável. Sacou? Hein, hein?). Manja aqueles que dá para cantar com a boca? Esses são os inesquecíveis, na minha opinião. Por causa disso, a maioria dos que você vai encontrar aí embaixo são nessa linha – afinal, este é o MEU Top 5.
Fiz questão que todos os solos selecionados fossem daquele tipo que melhoram uma música. Nada de coisas desnecessárias ou de músicas que são exclusivamente solos (como Eruption, do Van Halen, que costuma estar em quase toda lista dessas). Nenhuma das faixas escolhidas é instrumental, e todas têm solos que a tornam ainda mais especial, sem ser necessariamente a parte mais importante da dita-cuja. Também me proibi de escolher mais de um solo de cada banda.
Não foi levada em conta a duração ou a dificuldade em tocá-lo (afinal, fazer coisas difíceis simplesmente por fazer é coisa de adolescente inseguro). Por outro lado, solos que são exclusivamente melodias (como o Iron Maiden costuma fazer muito bem) também não entraram na lista. Preferi focar em solos que, embora sejam melódicos, ainda sejam solos, não apenas uma guitarra cantando. Como sou muito legal, ainda decidi colocar vídeos de cada uma das músicas escolhidas, para que quem não as conheça, possa fazê-lo imediatamente. Explicações feitas, me acompanhe neste Top 5: Solos de guitarra. E não se esqueça de deixar seu Top 5 aí nos comentários.
Menções honrosas:
Highway Star, Burn (Deep Purple) – Se essa não fosse uma lista de solos, mas de guitarristas abrangendo todas as características (riffs, solos, composições, etc), Ritchie Blackmore provavelmente estaria em primeiro lugar.
Kill the King (Rainbow) – Como disse acima, o Ricardinho Pretomais é um tremendão.
Rock ‘n’ Roll All Nite (Kiss) – ok, o Ace Frehley é um guitarrista tecnicamente limitado, mas não dá para negar que os solos dele são extremamente divertidos. E, considerando que o Kiss é uma banda focada na diversão, eles são perfeitos para o que se propõem. Ah, e Detroit Rock City só não entrou na lista abaixo porque o solo dela está mais para uma melodia do que para um solo. Mas se um dia escrever um Top 5: Melodias na guitarra, o primeiro lugar já é dela.
Eric Johnson – várias. Esse é um sujeito que manda muito bem e faz músicas instrumentais sem nunca perder o feeling ou cair na masturbação desnecessária.
Aces High (Iron Maiden) – além de muitos outros. Eu adoro as guitarras do Maiden, tanto para as melodias quanto para os solos propriamente ditos.
November Rain (Guns N’ Roses) – simplesmente lindo.
Talk Dirty to Me (Poison) – este é divertido e bonitinho. Dá para cantar ele inteiro e ainda bater palminhas ao mesmo tempo. Todo solo deveria ser assim.
E agora, vamos aos escolhidos:
5 – Rock You Like a Hurricane (Scorpions)
Álbum: Love at First Sting (1984)
Quem faz: Matthias Jabs
Outros solos tremendões do guitarrista/banda: Dynamite, Blackout, Big City Nights.
Por que está aqui: Desde antes de o Matthias entrar na banda, o Scorpions já se destacava por solos lindos e cheios de melodia (afinal, Michael Schenker e Uli Jon Roth também são grandes tremendões das seis cordas). Contudo, para mim, os melhores solos mesmo são os do sorridente Mr. Jabs. O trabalho do cara é tão bonito que dá vontade de tocar guitarra até em quem não gosta de Rock. Sobre o solo em questão, essa música tem dois solos e meio (o do final não é exatamente um solo, é mais uma seqüência de licks). O que mereceu a indicação foi o primeiro, que toca logo no início da faixa, logo depois daquele riff também fuderoso, que dá vontade de pular e de bater cabeça. Infelizmente, a minha opinião é que imediatamente depois desse solo, a música esfria muito, e talvez por isso não tenha conseguido uma colocação melhor. Se estivéssemos analisando o trabalho de guitarra, como um todo, faixas como Dynamite estariam na frente, mas como o papo aqui é apenas o solo, o primeiro de Hurricane é o mais legal para mim.
4 – Right Now (Van Halen)
Álbum: For Unlawful Carnal Knowledge (1991)
Quem faz: Eddie Van Halen
Outros solos tremendões do guitarrista/banda: Not Enough, Humans Being, Feelin’, Dreams, Ain’t Talkin’ ‘Bout Love, Ice Cream Man.
Por que está aqui: É até engraçado ver um guitarrista do porte de Eddie Van Halen preso na quarta posição. Especialmente quando percebemos que Eruption, considerada por muita gente como um dos melhores da história, nem sequer está na parte de outros (pelo motivo explicado na intro de que não quis escolher músicas que sejam apenas solos). Outro motivo pela “baixa” posição do sujeito é que estamos escolhendo apenas solos específicos, não fazendo um Top de guitarristas, analisando o conjunto da obra. Sobre a música, foi escolhida por ser um ótimo exemplo de um solo que serve a composição, sem querer ganhar mais destaque do que o necessário. Ele não dura mais do que 20 segundos, mas, meu amigo, são 20 segundos simplesmente fenomenais. Quem conhece a música sabe que o instrumento principal dela é o piano. Depois do segundo refrão, ela dá uma paradinha, fica bem lentinha, daí vem aquele “tum-tum-tum” tradicional que, na linguagem do Rock, todo mundo entende como “vem coisa boa por aí”, então Sammy Hagar (o vocalista), grita “right now” e a guitarra entra fulminante em um dos solos mais bonitos do senhor Dudu Van Halen. Está muito longe de ser o maior, o mais famoso, ou o mais complexo solo do Eddie, mas é, na minha opinião, o que melhor funciona no contexto de uma música que, independente do solo, já é uma composição maravilhosa. E eu o conheço de cor e consigo cantá-lo com a boca direitinho. Quantos solos realmente dá para falar isso? Aliás, o clipe também merece destaque. É um dos mais legais que já vi. Confira abaixo. Só não vale ficar lendo as frases e esquecer de ouvir o solo. 😛
3 – Foreplay/Long Time (Boston)
Álbum: Boston (1976)
Quem faz: Barry Goudreau
Outros solos tremendões do guitarrista/banda: Peace of Mind, Hitch a Ride, More Than a Feeling.
Por que está aqui: O Boston talvez seja a banda de Hard Rock que faz o som mais melódico (possivelmente rivalizando com o Van Halen nesse ponto) e mais bonito. Considerando essas características, chega a ser até meio óbvio de que quase todos os seus solos são memoráveis. Aliás, a dupla Brad Delp (vocal) e Tom Scholz (guitarra) é uma das grandes duplas do Rock (em seus respectivos instrumentos e em composição), na minha opinião, rivalizando até com os quase intocáveis Michael Kiske/Kai Hansen. Curiosamente, Long Time é uma das duas únicas faixas do álbum de estréia em que os solos são de Barry Goudreau, e não do líder Tom Scholz. Para quem não conhece, Foreplay e Long Time são duas músicas, mas estão em uma única faixa do CD. A primeira é um show de riffs, repleta de viradas de bateria e pesadona. A segunda é extremamente fofa, cheia de palminhas, super positiva e com melodias que são simplesmente impossíveis de ouvir sem ser contagiado pela sua alegria. Também é na segunda que estão todos os três solos – e todos são memoráveis, mas eu gosto mais do primeiro e do terceiro (na versão ao vivo aí embaixo tem quatro – o quarto não está na original). Eles começam com notas longas e depois entram na parte do solo propriamente dito o que, na minha opinião, é uma das melhores formas de se fazer um solo.
2 – All That I Bleed (Savatage)
Álbum: Edge of Thorns (1993)
Quem faz: Criss Oliva
Outros solos tremendões do guitarrista/banda: This is the Time (1990), Not What You See, Turns to Me.
Por que está aqui: O Criss Oliva é daqueles músicos que ficaram mais famosos depois de sua morte. Contudo, como quem conhece a banda pode perceber acima, eu gosto mesmo dos álbuns que a banda fez após esse triste fato, talvez porque a dor da perda possa ter turbinado o gene compositor do brother do cara, o Jon Oliva, e só depois disso o cara desenvolveu completamente o Metal bonitão da banda. Contudo, All That I Bleed, presente no último álbum que Criss gravou antes de bater as botas, é uma daquelas poucas músicas que eu considero absolutamente perfeitas. E parte do que a torna, talvez, a melhor balada da história do Rock, é aquele solo de guitarra absurdamente lindo e extremamente sentimental (no vídeo abaixo, o solo é tocado por Alex Skolnick e está bem inferior ao original. Como não achei nenhuma versão com o Criss Oliva que tenha vídeo, vai também a de estúdio, apenas com o áudio). Sem exageros, se você ouvir aquilo prestando a devida atenção, é de tirar lágrimas. Várias vezes estou ouvindo essa música no iPod em um ônibus ou metrô, ela começa a tocar e eu sou obrigado a ficar enxugando meus olhos, para que as pessoas não percebam os efeitos que ela tem em mim. 😛
Versão ao vivo:
Versão de estúdio (apenas áudio):
1 – Free Bird (Lynyrd Skynyrd)
Álbum: (pronounced ‘lĕh-‘nérd ‘skin-‘nérd) (1973)
Quem faz: Allen Collins
Outros solos tremendões do guitarrista/banda: Simple Man, What’s Your Name e vários outros.
Por que está aqui: Quase tudo que o Lynyrd gravou é lindo e suas músicas contam com solos fenomenais, tanto de guitarra quanto de teclado. Contudo, Free Bird é especial. A faixa dura nove minutos, sendo que quatro deles são de solos ininterruptos. Falando assim, parece chato, exibição desnecessária. Contudo, ninguém – e absolutamente ninguém – que eu conheço que tenha ouvido essa música a considerou chata. É solo atrás de solo, variando perfeitamente entre melodias e notas rápidas, sem nunca ficar cansativo. E toda vez – toda vez – que eu a ouço, eu fico justamente com o solo na cabeça, apenas para você ter uma noção de quão pegajoso ele é. Como não poderia deixar de ser, aliás, ele é perfeitamente acompanhável por palminhas, e isso você confere no vídeo abaixo. É simplesmente o solo longo mais Pop e mais comercial que eu conheço – e digo isso da forma mais positiva possível (qualquer um que já tentou fazer algo pegajoso sabe quão difícil isso realmente é). Afinal, fazer quatro minutos de solos sem ficar cansativo é um grande feito para qualquer guitarrista que se preze. E ao vivo Free Bird costumava ficar ainda maior, muitas vezes passando dos 13 minutos (sendo pelo menos sete de solos). E ainda assim, continuava linda e nem um pouco chata. Uma curiosidade é que todo mundo sabe que o Lynyrd tinha três guitarristas, que costumam se alternar nos solos – e era isso que faziam quando libertavam o passarinho ao vivo. Contudo, de acordo com as informações que encontrei, Allen Collins foi o único que gravou a leadguitar na versão de estúdio da faixa. Palmas para o cara que criou o solo definitivo deste gênero tão apaixonante. E, se você tem o menor interesse por uma boa guitarra de Rock, Free Bird é A MÚSICA a ser ouvida. Portanto, se você não a conhece ainda, dê um play aí embaixo. Agora mesmo!
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