Tom Clancy’s Rainbow Six: Vegas

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Uma coisa que você, delfonauta, já deve ter reparado em nossos artigos, é que sempre convidamos o leitor a pensar e refletir sobre um determinado produto, seja ele um filme, um jogo ou um CD de música. O que importa é você tirar suas próprias conclusões e não se iludir com resenhas fantasiosas de um ou outro veículo “marketeiro” por aí.

Não posso garantir quais outras páginas da Internet realmente têm uma independência jornalística concreta, mas posso afirmar que o DELFOS não se baseia em nenhum release e nem em certas empolgações fajutas para que possamos escrever nossos textos.

Isto posto, comecei minha resenha com esta alfinetada porque há anos não via um jogo ser unanimidade em tantos veículos como Tom Clancy’s Rainbow Six: Vegas, continuação da aclamada série para PC, lançada em 1998 e da qual sou fã há anos, mas ao encarar o novo joguinho cheio de expectativas… Santa decepção, Batman!

Para quem não leu nenhum livro do Tom Clancy ou nunca jogou nenhum exemplar da série, a tal Rainbow Six é uma divisão especial da polícia para situações de extrema periculosidade que envolvem terroristas e reféns. Mais ou menos um degrau acima da famosa S.W.A.T., que você já deve ter visto em filmes ou até em outros games.

Todos os jogos da série seguem um mesmo princípio: FPS tático, ou seja, nada de sair que nem uma vaca louca atirando em tudo que se mexe. Suas ações devem ser muito bem analisadas, pois a vida de inocentes corre perigo e a morte de qualquer um deles é game over na certa.

O novo exemplar da série para Xbox 360, PC, PSP e futuramente, PS3, segue no estilão dos episódios anteriores, porém um pouquinho mais focado na ação e totalmente inspirado na ótima série Ghost Recon: Advanced Warfighter, também idealizada por Mr. Clancy (que deve estar rico com o valor pago pelas licenças de uso de seus livros).

Enquanto nos jogos antigos, você controlava mais de um esquadrão e dava ordens isoladas através de um mapa, agora só temos um esquadrão à disposição, com apenas três integrantes (você e dois companheiros) e as ordens abrangem apenas o seu campo visual, nada mais do mapa tático (não confundir com o mapa normal de cada fase) para desenvolver ações, o que é uma pena e fazia uma enorme diferença na jogabilidade dos títulos antigos.

A história, ao contrário do que você pode imaginar, começa no interior do México quando você, na pele de Logan Keller, líder de um esquadrão da Rainbow Six, está em operação contra um núcleo terrorista. Por algum motivo que você vai entender depois, a investida falha, seus dois colegas são capturados e Logan volta voando (literalmente) para Las Vegas, onde uma série de ataques terroristas – de alguma maneira conectados com a ação no México – deixa os luxuosos cassinos em polvorosa.

Não se preocupe tanto com a história, pois tudo é bem explicadinho no decorrer da trama, mas uma coisa, eu preciso observar: algumas missões seriam muito mais plausíveis para o Ghost Recon do que propriamente para a Rainbow Six. De qualquer forma, depois você vai enfrentas centenas de terroristas, os famosos “tangos”, nas ruas de Las Vegas e, obviamente, no interior de diversos cassinos, todos muito bem caracterizados e distintos entre si.

Os gráficos, já que eu toquei no assunto, são fantásticos. Tudo é muito detalhado e você se sente – de fato – jogando um exemplar da nova geração. O som também é muito bom, os inimigos têm várias linhas de diálogo, toda trilha sonora colabora imensamente com o clima de tensão constante. Enfim, Rainbow Six: Vegas é um excelente exemplo para ser visto e ouvido.

A jogabilidade, pelo menos no Xbox 360, é muito intuitiva e simples. Inclusive para dar ordens ao seu esquadrão, o que foi bastante simplificado em Vegas. Exatamente como em Gears Of War, você também pode se esconder atrás de qualquer tipo de estrutura, mas isso não garante sua total segurança contra as balas inimigas.

Mas então, tio Bruno, se o jogo é tão bom assim, porque ele não recebeu cinco alfredinhos e nem o Selo Delfiano Supremo? Simples, meu caro delfonauta. Porque apesar de ter uma parte técnica impecável, Rainbow Six: Vegas sofre de um problema crônico: a sua altíssima dificuldade que, por muito pouco, não me fez jogar o controle do videogame pela janela. Prepare-se, este é o jogo mais frustrante que tive o desprazer de encarar em duas décadas de jogatina e não estou exagerando. O grande problema é a falta de um balanceamento decente, mesmo nos níveis mais simples de dificuldade.

Ok, sempre reclamamos que a Inteligência Artificial fica a dever em muitos jogos, mas aqui chutaram o pau no outro lado da balança. Enquanto em determinadas partes das fases, você luta contra apenas dois ou três terroristas (o que já dá certo trabalho, pois não basta sair atirando), em outras tem de encarar uma horda de suicidas armados até os dentes. Sem contar a munição dos “tangos”, que não acaba nunca e o estoque infinito de granada dos caras.

Para piorar, eles têm uma visão de lince e muitas vezes você é alvejado sem nem ter idéia onde os maledetos estão. Pior: seu personagem é lento (o que é justificável pelo realismo), então se você entrar na linha de tiro dos terroristas, é muito provável que não dê tempo de procurar um abrigo. Sério, a dificuldade deste Rainbow Six irrita demais e sacrificou totalmente a diversão do jogo!

Se você já é um veterano da série, sabe que a elaboração de uma estratégia minuciosa antes de adentrar qualquer ambiente é fundamental para o sucesso nas missões. Para tanto, você conta com uma mini-câmera, capaz de passar por baixo do batente da porta e visualizar o ambiente antes da ofensiva.

Na teoria, é lindo, mas infelizmente a falta de equilíbrio do jogo mina qualquer possibilidade estratégica. Isso porque muitas vezes (e bota muitas aí), os inimigos se escondem da sua pequena câmera atrás de mesas e sofás. Ou pior, eles caem do teto e atacam você por trás sem a menor chance de reação. Não estou brincando, em muitas salas, os inimigos simplesmente descem por cordas e fuzilam você por trás. Algo absurdo e totalmente nonsense para uma jogabilidade que deveria priorizar justamente a estratégia do combate furtivo.

Os “save points” são automáticos e acontecem em intervalos grandes, o que significa também que tive de repetir alguns trechos longos por uma dezena de vezes até conseguir passar. O mais frustrante é que muitas vezes você passa mais por sorte de não ter tomado nenhum pipoco do que propriamente pela sua habilidade em construir um planejamento eficaz.

Particularmente, na última fase, onde você deve libertar uma represa e destruir um lançador de mísseis, a coisa se torna insuportável e tirou qualquer possibilidade deste jogo receber a nota máxima.

Outra coisa, se um de seus amigos for abatido, você deverá revivê-lo (exatamente como em Ghost Recon, mas aqui é obrigatório), porém se você for abatido, já era, o que não faz o menor sentido, pois é possível ordenar também que um companheiro cure o outro, mas eles não fazem nada por você.

Enfim, Tom Clancy’s Rainbow Six: Vegas não é para qualquer um, nem mesmo para os antigos fãs da série, pois este exemplar é um pouco diferente dos jogos anteriores e sacrificou um de seus diferenciais: a estratégia.

Se você tem nervos de aço, experimente, pois a parte técnica compensa. Caso contrário, parta diretamente para a série Ghost Recon: Advanced Warfighter. Essa sim, difícil, porém justa.

Como não sou um jogador egoísta, vou dar algumas dicas importantes para quem se arriscar em Rainbow Six: Vegas:

– Prefira sempre invadir um ambiente pelo andar superior. É mais fácil de eliminar os inimigos dos andares de baixo e você terá maiores possibilidades de se proteger dos projéteis dos inimigos,

– Esqueça as tradicionais espingardas calibre 12. Neste jogo, elas praticamente não têm nenhuma utilidade. Procure sempre as submetralhadoras e fuzis se você for “pegar emprestada” a arma de algum inimigo abatido. Mesmo as Snipers devem ser preferidas com cautela, pois sua munição é muito limitada e você precisa do máximo de balas que puder carregar.

– Não confie na sua câmera antes de entrar em uma sala. Mande sempre seus companheiros na frente para fazer a limpa em ambientes pequenos.

– Em ambientes abertos, deixe seus companheiros de prontidão e abra a porta sem entrar. Com isso, vocês terão uma boa noção de onde se encontram os “tangos” e poderão se proteger e atirar da entrada do recinto, sem a necessidade de se expor.