Ontem você conferiu aqui no DELFOS a resenha de Lemuria. Se você perdeu, recomendo que leia antes dessa, já que alguns dos defeitos e qualidades que também estão presentes em Sirius B foram relatados ali e não serão repetidos neste texto.
Quando coloquei Sirius B no meu aparelhinho de som tive uma grande surpresa. A faixa de abertura The Blood Of Kingu soa completamente diferente do que eu esperava. Uma faixa 100% Heavy Metal, com vocais 100% Heavy Metal, que chega até a lembrar bandas tradicionais do estilo, como o Primal Fear (confira a resenha do último show da banda em São Paulo, a do álbum Devil’s Ground e a do DVD The History Of Fear), por exemplo. Cheguei até a pensar que estava ouvindo o CD errado, pois a primeira característica do Therion a aparecer na música, o coral, só mostra sua presença depois de cerca de um minuto. Claro que isso não significa que eu não gostei da música, apenas que a achei diferente.
E o CD continua em clima de Heavy Metal. E vêm Son Of The Sun, The Khlysti Evangelist e Dark Venus Persephone, todas bem mais pesadas e rápidas do que o Therion costumava fazer em seus últimos lançamentos. Assim como Three Ships Of Berik de Lemuria, Sirius B também tem sua faixa dividida em duas partes. Intitulada Kali Yuga, sua primeira parte é mais lenta e tem vocais de Piotr Wawrzeniuk, enquanto a segunda, mais Metalzona, conta com vocais de Mats Levén. Ao contrário de Three Ships Of Berik, porém, esta música realmente se beneficia da divisão, visto que são duas músicas quase distintas e duram quase 10 minutos se somadas.
The Wondrous World Of Punt é uma bela balada, que também lembra bastante o estilo anterior do Therion, onde a orquestra e o coral são privilegiados. E o CD continua bem, com a pesada Melek Tails, a suave Call Of Dagon e a quase instrumental Sirius B. O “quase instrumental” se refere ao fato de o coral cantar apenas duas palavras em toda sua duração: “Po Tolo”. Aliás, se alguém souber o que essas palavras significam, eu gostaria de saber.
O álbum fecha com Voyage Of Gurdjieff (The Fourth Way) que traz melodias lindíssimas e chega a lembrar até bandas de Metal Melódico. Assim como Three Ships Of Berik, do Lemuria, considero esta música um dos grandes destaques entre os dois álbuns e uma grande decepção por não ter sido tocada ao vivo em São Paulo. Claro que sua melodia predominantemente alegre e a bateria veloz típica de bandas melódicas pode levar alguns fãs que esperavam algo mais deprê a fazerem bico. Novamente, aí vai do gosto pessoal de cada um.
Sirius B é um disco cabuloso. É incrível como o Therion consegue lançar discos bons ininterruptamente, até mesmo quando lançam dois simultâneos. Como já ficou claro, não se tratam de discos típicos da banda, pois têm uma aproximação bem maior do Heavy Metal Tradicional, embora ainda mantenham aquela veia única e maravilhosa que só essa banda é capaz de fazer. Se você é daqueles que sempre acharam o Therion meio chato, essa é a sua chance de conhecê-los melhor. Agora se você é daqueles que sempre gostou do Therion justamente pela capacidade que eles tinham de serem diferentes de todas as outras bandas, pode ser que fique um pouco decepcionado. Independente da sua opinião sobre a banda, uma coisa é certa: eles realmente fizeram (e fazem) por merecer o prestígio que conseguiram no cenário mundial do Metal.
E não deixe de ler também a detalhadíssima resenha delfiana para o show da banda em São Paulo. É só entrar aqui e relembrar. Aproveite e leia também a resenha para o show do Dio, que aconteceu um dia depois e que está aqui.