Amigo delfonauta, este game recém-lançado para o PS4 tem grandes chances de estar na minha lista de melhores do ano. Ao mesmo tempo, eu não o recomendaria para qualquer pessoa. Lendo as mal traçadas abaixo, você pode tirar sua própria conclusão se vai gostar dele. Esta, afinal, é a beleza de uma resenha, sobretudo em um site de jornalismo parcial.
UM DETETIVE SOBRENATURAL
Aqui você assume o papel de um detetive sobrenatural, ou seja, alguém com poderes psíquicos. O objetivo é descobrir o que aconteceu com o menino Ethan Carter. E isso é basicamente tudo que vou falar por aqui em termos de história.
O jogo é totalmente focado na exploração de cenários belíssimos. Turismo virtual em sua melhor forma. Para quem gosta de fazer screenshots, este jogo é um achado. Se liga na galeria, veja se não parece um fotolog de uma viagem. Cada pedacinho do mundo parece uma foto de cartão postal.
Não existem inimigos nem nenhum tipo de perigo (a única exceção é um pequeno trecho no qual, se você for visto, voltará um pouco) e o jogo não diz para onde ir. Explore no seu tempo, vá para onde der vontade. Neste aspecto, The Vanishing of Ethan Carter lembra muito o clássico dos PCs, Myst.
Infelizmente, ele faz um péssimo trabalho no quesito tutorial. No começo do jogo, eu fui explorando e interagindo com o que dava para interagir, mas não tinha sacado como funcionam os puzzles. Só depois me toquei que o gameplay consiste em reconstituir cenários onde ocorreram os assassinatos, o que possibilita que você, ao tocar o presunto, veja como tudo aconteceu. Daí um outro tipo de puzzle começa, no qual você deve encontrar e arranjar cronologicamente as cenas que levaram ao assassinato, possibilitando que assista como tudo aconteceu.
Quando você toca um assassinado e ainda não completou a reconstituição do cenário, aparece um “portal” pequeno. Quando você já reconstruiu tudo e toca o falecido, o portal se abre totalmente fazendo a história seguir adiante. Eu só fui me tocar que tinha que voltar no morto depois de ter passado por alguns. Felizmente, próximo ao final do jogo, tem um elevador que te leva para um trecho no início. Eu aproveitei a oportunidade para resolver os que tinha deixado passar.
No entanto, antes do final em si, o jogo libera um fast travel, possibilitando que você volte para outros trechos do seu mundo e resolva o que ficou em aberto. Isso parece opcional, no entanto. Pois é, meu amigo, dá para terminar este jogo sem ter de fato solucionado toda sua história. E durante o início do meu jogo, eu ficava com uma incômoda sensação de que estava deixando algo para trás. Acabei terminando com 100%, mas isso graças ao milagroso elevador que possibilitou que eu voltasse aos primeiros puzzles.
A trilha sonora também merece destaque. Não só ela é belíssima, como cada trecho do cenário tem uma música específica para ele. O que achei mais legal é que a mudança de uma música para outra é totalmente orgânica. Parece que você passa o jogo inteiro ouvindo apenas uma música longa com várias partes diferentes, mas ela está ligada aos cenários. Efeito caprichado e que eu nunca tinha visto antes.
O DESAPARECIMENTO DE ETANIEL CARTEIRA
Lembra lá no início quando eu falei que não recomendaria este jogo para qualquer um? Pois é. É um jogo parado, introspectivo e meditativo. É para você pegar e esquecer do mundo por algumas horas (ele é bem curto, dá para terminar em uma ou duas partidas). Quem é mais hiperativo e gosta de explodir tudo com big fuckin’ guns não vai gostar do que temos aqui. No entanto, para aqueles que jogam Journey e acham genial, vale uma arriscada. Talvez não seja tão bom quanto o dito-cujo, mas se você gosta de jogos mais lentos e mais artísticos, não dá para perder.