Cá estamos mais uma vez falando de The Last of Us no DELFOS. O assunto de hoje, como você já sabe, é The Last of Us Part II Remastered, versão nativa de PS5 de um dos melhores jogos de PS4. Já falamos muito do game original por aqui. Tipo, um montão. Muito mesmo. Eu realmente amo o jogo, e ele ainda tem um lugar especial no meu coração porque a Sony me mandou o original com muita antecedência, e minha platina popou antes do lançamento oficial. Então não precisa de muito para eu desembestar e falar sobre ele.
Então como manter este texto interressante, especialmente para aqueles que já leram tudo que falamos dele aqui no DELFOS e até já jogaram por conta própria a versão de PS4? Pois resolvi fazer um texto honesto falando do que há de novo e do que foi melhorado. Em outras palavras, o que o upgrade pago te traz para quem já tem o jogo. Quem ainda não tem e quer saber minha opinião detalhada e sem spoilers, é só ler minha análise da época. Então pegue seu cogumelo e venha comigo nesta jornada por The Last of Us Part II Remastered.
THE LAST OF US PART II REMASTERED: NO RETURN
Talvez a novidade mais chamativa e com maior sustância seja o modo roguelike, intitulado No Return. Porém, ao contrário do DLC Valhalla, de God of War Ragnarok, aqui não há história e nenhuma motivação para jogar além do gameplay em si. Quanto mais você joga, mais cumpre desafios, e isso, por sua vez, destrava outros personagens e mais desafios para cada um deles.
No começo dá para escolher apenas Ellie ou Abby, mas praticamente todos os outros personagens importantes da história são destraváveis. Além disso, o modo tem troféus exclusivos que, felizmente, não interferem na platina. Sim, dá para desbloquear a platina da versão de PS5 simplesmente carregando seu save de PS4 no jogo.
NO RETURN, O MODO ROGUELIKE DE THE LAST OF US
O modo No Return é uma sequência de arenas de combate, intercalado com visitas ao abrigo, uma sala onde você pode fazer upgrades e comprar armas. Você recupera a vida entre cada arena, o que as torna totalmente independentes. Tirando isso, não há contexto. São simplesmente cenas de ação, seguindo uma pequena variação de modalidades. Estas são bem tradicionais, do tipo ondas de inimigos ou sobreviver até o timing chegar a zero.
O combate do The Last of Us Part II é bacana, e bastante trabalhoso. Os inimigos são agressivos e resistentes, então o stealth é muito recomendado. No modo “caçada”, em que você só precisa sobreviver, o esquema é se encolher num canto ou numa planta e matar silenciosamente quem chegar perto demais.
Você tem algumas opções além dos upgrades. Quando visitar o abrigo, pode escolher um caminho, o que envolve cenários, tipos de inimigos e modo de jogo. Todos os caminhos levam a um chefe, e depois dele o jogo acaba. Então No Return é um roguelike mais tradicional, que você joga até o fim ou até morrer, o que vier primeiro.
ROGUELIKES E A FRUSTRAÇÃO
Eu não gosto de roguelikes. Você sabe disso. Até desisti de cobrir o gênero depois de jogar e não gostar de Hades. Assim, mesmo o combate de The Last of Us sendo bacana, eu prefiro jogar a história mais uma vez do que este modo No Return uma única vez. Ele é curto e, na minha primeira tentativa, cheguei até o chefe, onde fui morto pelos minions que me rodearam. Não quis tentar de novo. Como não há história e não me importo com o que ele destrava, não traz incentivos para mim e só joguei mesmo o suficiente para te contar como é. O que realmente me apetece mais é o outro conteúdo extra: as cenas deletadas.
AS CENAS DELETADAS DE THE LAST OF US PART II REMASTERED
Há três fases extras. Todas são apresentadas de forma independente, pelo menu, e no estado em que se encontravam quando foram cortadas. Todas têm uma introdução em vídeo do diretor Neil Druckmann e comentários opcionais de um desenvolvedor, que podem ser ativados interagindo com balões espalhados pela fase.
Uma delas envolve explorar Jackson na noite em que Ellie beija a Dina. Ela tem alguns minigames, como derrubar copos e, o mais legal, brincar de pega-pega zumbi com as crianças. É a melhor “cena excluída”, mas é também a menos finalizada, pois é quase totalmente silenciosa, com pouquíssimos efeitos sonoros e sem falas.
O ESGOTO, O JAVALI E O VIOLÃO
As outras cenas já estão bem mais avançadas. Uma delas envolve navegar pelo esgoto, sem combate. Esta é uma versão estendida de um trecho que de fato está no jogo. A outra é inédita, e mostra uma caçada a um javali que visa mostrar como a Ellie foi afetada por sua exposição a violência. Esta tem um pequeno trecho de combate, mas é simples. Esta foi cortada bem perto do final do jogo e se encaixaria perfeitamente no game final.
Seria legal se todas essas cenas tivessem sido finalizadas e colocadas de volta no jogo, como se costuma fazer em versões de diretor de filmes. Já vi até mesmo DVDs que trazem cenas excluídas em um menu extra, mas terminadas para o lançamento em home video. Porém, se você se interessa pela produção técnica de um game, também é legal ver estas cenas que mostram claramente seus objetivos criativos antes de estarem totalmente construídas, o que é algo que dificilmente se vê nesta indústria tão fechada.
Por fim, tem também um free play do minigame de violão. Neste você pode escolher o instrumento (entre coisas como banjo ou guitarra) e o personagem. A maior novidade é que dá para “tocar” como o Gustavo Santaolalla, compositor da trilha do game.
REMASTERIZADO
Finalmente, temos as melhorias técnicas. O jogo apresenta dois modos gráficos. Como tradicional, dá para escolher uma versão com resolução mais alta em 30 quadros por segundo, ou uma mais moderada que roda a 60. Tem também uma opção para desbloquear a taxa de quadros se sua TV suportar. Então embora o jogo não fale com todas as letras, se sua TV for de 120hz, o jogo pode rodar melhor do que o supracitado. Segundo minha TV (e recomendo que você cheque a Digital Foundry para testes mais elaborados), ele parece atingir perto de 60 fps no modo qualidade e manter uma média de 80 no modo performance.
Dito isso, The Last of Us Part II, mesmo em sua versão de PS4, tem um visual muito mais elaborado do que outros jogos que são apenas next-gen. Isso mostra como hoje em dia a potência do console faz menos diferença no resultado final do que o dinheiro e tempo investidos nos jogos. Afinal, se TLOU2 roda a 80 fps no PS5, não vejo motivos para o Jedi Survivor sequer atingir 60. Com isso, não digo que otimizar é fácil. Longe disso. Mas sim que a Naughty Dog tem o privilégio de trabalhar no jogo até ter um visual perfeito e rodar liso, o que a maioria das desenvolvedoras não tem.
Curiosamente, jogando a história desta versão remasterizada, eu encontrei pequenos inconvenientes que não existiam na versão de PS4. Coisas pequenas, como o hud que se recusa a desaparecer, ou que não aparece “direito”, inimigos atravessando paredes ou ficar preso em pedaços do cenário. Nada disso quebra o jogo, mas espero que sejam inconvenientes arrumados até o lançamento.
O ÚLTIMO DE NÓS TUDO
O último de tudo são alguns conteúdos novos pequenos, como roupinhas, que podem ser destravados com os pontos que o próprio jogo dá. A maior parte do conteúdo descrito aqui só pode ser acessado após terminar a campanha, mas se você já terminou no PS4, dá para restaurar o save e desbloquear tudo imediatamente, inclusive os troféus e a platina.
Isso é tudo que The Last of Us Part II Remastered traz de conteúdo extra. De novo mesmo, é bem pouca coisa, e não deixa de ser curioso que semanas antes deste lançamento pago, o God of War Ragnarok deu um DLC roguelike muito mais elaborado de graça. Sinceramente, minha recomendação é que este seja comprado não pelo conteúdo novo, mas por aqueles que se imaginam jogando a campanha muitas vezes no futuro e querem a melhor experiência possível. Ou, claro, se você ainda não tem a versão de PS4, daí é compra certa, pois é um dos melhores jogos de Playstation.