Eu gosto muito do The Killers. Sempre digo que, dessas bandas mais recentes, dentro da subdivisão dos grupos que não buscam criar um som diferente, mas apenas reciclar elementos diversos do passado, eles são os mais competentes. Então estava bem ansioso pela sua volta, após quatro anos de ausência para a banda dar uma descansada e o vocalista Brandon Flowers lançar seu primeiro disco solo, Flamingo.
Tudo bem que, se considerarmos que hoje em dia a maioria das bandas lança um disco a cada três anos, até que não foi tanto tempo de espera, mas ainda assim, era mais que obrigação voltar com um trabalho tremendão. Não é o caso. Battle Born está longe disso.
Confesso que, no momento em que escrevo essa resenha, ainda não tenho uma opinião tão segura quanto ao álbum. Isso porque já o escutei várias vezes e pouco dele ficou na minha cabeça. E escutei pra valer. Não do jeito que fazemos hoje em dia, fazendo um monte de outras coisas ao mesmo tempo. Parei exclusivamente para ouvi-lo. E… bom, para sair de cima do muro de uma vez: é razoável, mas facilmente esquecível, conforme acabei de relatar.
Não o considero um trabalho ruim. Não dá vontade de tirar o CD (sim, eu ainda ouço por este formato) do aparelho de som e tacar pela janela. Mas não chega a empolgar realmente em nenhum momento, tornando-o perfeito para ouvi-lo da forma como ouvimos música atualmente, sem prestar atenção. Temos aqui um trabalho inofensivo.
Seu principal problema é que os arranjos estão muito genéricos. Não há uma linha de baixo matadora, um riff de guitarra grudento, um fraseado de sintetizador (uma das marcas registradas da banda) assobiável. Enfim, o disco não chega nem a ser radio friendly por não ter sequer uma canção chiclete. O mais parecido com o antigo The Killers é justamente o primeiro single, Runaways, que é competente, mas não muito empolgante.
Todo o resto do tracklist é composto basicamente por baladas com um excesso de produção. Muitas camadas de teclados cobrindo cada brecha que ameace surgir. Talvez por isso mesmo todas as músicas tenham ficado com a mesma cara e fáceis de confundir.
Contudo, é preciso reconhecer algo. Se o instrumental não empolga em nenhum momento, aqui Brandon Flowers está cantando muito. O cara parece ter atingido seu ápice como vocalista, e, sinceramente, embora eu goste da sua voz, eu não imaginava que ele fosse tão capaz assim. Pode-se dizer que ele carrega o álbum nas costas com suas interpretações. Mas dá para imaginar como seria tremendão se o resto da banda tivesse entregado canções à altura desse ápice? Pois é.
Destaques do disco? Vejamos: a já citada Runaways, depois de váááárias audições fica simpática. A faixa de abertura, Flesh and Bone, e a de encerramento, Battle Born, têm bons momentos. De todas as outras, sinceramente, nem me lembro. O mais bizarro é que a melhor música do disco é uma das faixas bônus da Deluxe Edition! Prize Fighter é a única que resgata os melhores elementos da banda, poderia facilmente ser um single e até estar no tracklist de seus discos anteriores. Não dá para entender o motivo para não a terem colocado oficialmente no disco.
Para quem estava com saudades da banda, Battle Born é passável, mas não deixa a melhor das impressões. Uma pena. Agora é esperar que eles se recuperem e voltem à boa forma no próximo trabalho. Tomara que não levem mais quatro anos para isso.