Território Restrito

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Dizem por aí que o público decide se vai gostar ou não de um filme nos primeiros dez minutos. Pois nos primeiros dez minutos, eu tinha decidido que Território Restrito é um saco.

Para começar, ele segue aquela nova modinha de várias histórias que se encontram em alguns momentos. A meu ver, isso já está tão desgastado quanto mostrar nazistas malvados matando judeus inocentes.

A liga que permeia todas essas histórias é a imigração estadunidense. Vários dos personagens são imigrantes ilegais e vão sofrer por isso. Outros estão do lado da fiscalização e vão causar o sofrimento. Outros, ainda, são apenas imigrantes legalizados em busca da naturalização e do sonho americano.

Como em qualquer conjunto de contos, algumas histórias se destacam. Nesse caso, as mais legais são as da loirinha que sonha em ser atriz e, especialmente, a da adolescente do oriente médio que entende as motivações dos terroristas. Essa, aliás, é deveras comovente e vale o filme.

Assim, durante boa parte da projeção, o troço só me ganhava quando mostrava o conflito de uma dessas moças. Porém, em algum momento lá da metade, alguma coisa aconteceu. O longa fez “clique” e daí eu comecei a me importar com os personagens. Foi aí que eu percebi que minha decisão, tomada nos primeiros dez minutos, foi equivocada. Por Satã! Eu estava gostando!

Portanto, quando o final se aproximava, eu já estava completamente investido na história e torcendo pelos personagens. Alguns deles vão ter finais felizes. Outros, definitivamente não. E isso acaba deixando aqueles em que tudo termina bem ainda mais forte.

Recomendar Território Restrito para os delfonautas é uma decisão difícil. Não é especialmente divertido. Não existem explosões, perseguições de carros ou referências a Star Wars aqui. Porém, existem personagens bem desenvolvidos e histórias tocantes, por mais que toda essa história de imigração ilegal e a paranóia estadunidense sejam um tanto distantes da nossa realidade. Se isso é o suficiente para você, vai fundo.

Curiosidades:

– Brasileiros são uma incógnita para mim. A Alice Braga aparece neste filme por apenas dois minutos e mesmo assim o nome dela está lá no pôster, ao lado dos personagens realmente importantes. Lembra até uma cena do filme, onde o Ray Liotta diz que, se você não faz sucesso nos EUA, não importa para mais ninguém. Pelo jeito, nem para nós.

– Os policiais do filme usam uma jaqueta onde está escrito POLICE ICE. Esse ICE, se não me falha a memória, significa Immigration Customs Enforcement, mas toda vez que eu lia POLICE ICE, a única coisa que me vinha à cabeça era “sanduíche iche”.

– O Van Halen tem uma música secreta com o mesmo título deste filme (Crossing Over). Ela está presente apenas na versão japonesa do álbum Balance.

– Não confunda! O diretor deste filme, Wayne Kramer, não é o guitarrista do MC5.

– Promoção! Descubra de onde saiu a chamada de capa que usei para esta resenha (“La Migra, La Migra, Te chingan los pollos, Te coje en el hoyo”) e ganhe um exclusivo e personalizado comentário delfiano, incluindo o seu nome e meus mais sinceros parabéns. Não gaste tudo em um lugar só, hein?

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