Eu comecei a beber tarde, quando estava prestes a completar 21 primaveras. Mas quando não praticava o ato de consumir álcool, achava o universo da bebedeira fascinante. Creio que há quase algo mágico em reunir algumas pessoas ao redor de uma garrafa em uma mesa de bar, de onde saem conversas que podem ser apenas boas histórias, ideias revolucionárias ou até mesmo decisões para o destino do mundo de uma ordem secreta.
E se você também curte este clima de taverna, com certeza vai se identificar com a sonoridade do SuperSonic Brewer, uma banda gaúcha que faz uma interessante mistura de metal com música sulista estadunidense, trazendo aquela atmosfera de “bar de motoqueiros badasses” que vai muito bem acompanhada de um whisky.
Falando assim, parece que a banda é uma versão tupiniquim do Black Label Society, mas não é por aí. Apesar da influência óbvia (afinal, o primeiro álbum do BLS se chama Sonic Brew), a sonoridade dos caras é muito mais agressiva e complexa que a do projeto de Zakk Wylde, com elementos que vão do thrash tradicional ao prog e até mesmo um pouco de death metal.
GARRAFA VELHA, BEBIDA NOVA
Em 3rd Chapter: One More Binge o grupo literalmente revisita suas raízes: das sete faixas, cinco são regravações das canções presentes em seu álbum de estreia, Broken Bones, lançado em 2011. Porém, isto não significa que o disco não tem inovação alguma. Aliás, é o contrário.
Por curiosidade, eu comparei as duas versões de cada uma das cinco faixas e são duas experiências completamente diferentes: enquanto as primeiras versões têm uma produção mais crua, com vocais quase exclusivamente guturais, o instrumental delas é muito abafado e dissonante da voz e isso é algo que me incomodou bastante. Já as novas versões são muito mais cristalinas. Os instrumentos agora estão muito mais claros e agradáveis de ouvir e várias faixas ganharam linhas mais elaboradas, embora a base se mantenha a mesma. Os vocais também estão mais limpos e provavelmente vão agradar uma quantidade muito maior de pessoas. Os guturais ainda estão presentes, mas bem menos do que no disco original.
Para ilustrar o que estou dizendo, dê uma comparada nas versões de Blood Washed Hands, que se transformou em uma belíssima canção acústica com direito a um coro muito maneiro.
As faixas que mais gostei foram a agressiva Illusion e a totalmente gutural Destruction Overtruck, tão rápida e brutal que faz você se sentir dirigindo um daqueles caminhões-monstro que passam por cima de tudo.
Também vale destacar Society In Ruins, que possui um refrão muito maneiro e um dos solos mais versáteis do disco.
E se você é um delfonauta que curte o lado progressivo da Força, com certeza vai gostar de Embrace Disgrace, a única inédita do disco, e The Ocean/Kashmir, que como você já deve imaginar, é uma bacanuda versão de duas músicas famosas do Led Zepellin.
No fim, 3rd Chapter: One More Binge é um álbum bastante divertido, que provavelmente vai agradar aos fãs de vários estilos de metal, do mais clássico ao mais extremo, e talvez até de outros estilos de música. Se você está procurando uma trilha sonora para acompanhar aquela sua merecida garrafa de cerveja ou dose de whisky ao fim do dia, este disco sem dúvida não vai te decepcionar.