Super Street Fighter II Turbo HD Remix

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Qualquer delfonauta que se preze conhece o clássico Street Fighter II. Digo mais, provavelmente temos um consenso se falarmos que se trata de um dos melhores jogos da história, certo? Tendo estabelecido isso, falemos desta nova iteração da série, Super Street Fighter II Turbo HD Remix, ou seja, um remake em alta definição daquele que muitos consideram o melhor de todos os SFs, Super Street Fighter II Turbo.

Disponível apenas nas lojas online, sob o salgado preço de 15 dólares (ou 1200 pequenos e moles se seu console for do tio Gates), sou obrigado a admitir que não acho que vale a compra. No final das contas, eu senti que paguei 15 dólares para comprar o Street Fighter de Mega Drive. E, nas próximas linhas, vou explicar o motivo.

O jogo é basicamente o mesmo que a gente já conhece. Ou seja, é maravilhoso e digno de levar um Selo Delfiano Supremo com honras. Porém, aqui estamos falando das mudanças que foram feitas nele e, na minha opinião, não foram suficientes. Comecemos pelo mais óbvio.

GRÁFICOS

Todos os gráficos, partindo dos rostos dos lutadores no menu de escolha, até os cenários e inclusive os personagens durante o jogo foram redesenhados e estão com um jeitão de animê. E estão lindos, coloridos e vibrantes. Só que Street Fighter sempre foi lindo, colorido e vibrante. Em outras palavras, admito que não vi tanta diferença assim.

O menu de escolha, claro, está bem diferente. Afinal, cada personagem ganhou um novo rosto. Os cenários estão com um jeitão de pintura bem legal e, enquanto alguns parecem outros lugares, outros têm apenas poucas diferenças de cor. Já os personagens, que são o que realmente importa, não mudaram quase nada, com exceção das cores. Tá, eles têm um jeitão mais animê do que antes, mas os gráficos do Street Fighter Alpha 3, por exemplo, estão bem mais legais. Talvez faça uma boa diferença caso seja jogado em uma TV de alta definição, mas na minha CRT de 29 polegadas, ficou quase igual.

Também tem alguns outros detalhes novos, como fumacinha saindo dos caboclos queimados ou novas explosões para os hadoukens. Porém, algumas coisas curiosamente não foram mexidas. Por exemplo, quando E. Honda pega fogo, ele ainda tem o mesmo corpo esbelto do Ken. Isso já era feio no Mega Drive, e é imperdoável no PS3.

Porém, o mais imperdoável mesmo é que as animações são exatamente as mesmas. É possível, por exemplo, contar quantos frames o soco de um personagem tem. E em cenários mais cheios de detalhes, como o do Fei Long, a coisa fica assustadoramente estática. Afinal, tem um monte de bichos lá atrás que só se movem quando a luta acaba – e mesmo assim em apenas dois ou três frames.

Uma novidade legal é que todos os finais foram redesenhados e estão mais longos, com mais detalhes da história de cada um (embora tenham calculado mal o tempo que cada frase fica escrita na tela). Também existem novas falas na tela de vitória, que estão bem legais. O Blanka, por exemplo, pode humilhar seu perdedor falando algo como “tigres são como gatos para mim. Você é só um rato”.

O jogo permite que você jogue os gráficos da versão clássica ou da HD, e aí temos uma grande decepção e uma falsa propaganda: na verdade isso só afeta os personagens. Cenários, finais e rostos estão todos na sua versão nova. Assim, não é como jogar o clássico.

SOM

Aqui a coisa mudou bastante. O narrador é novo, mas as vozes em geral são as mesmas (a do Guile é a versão true, não a mariquinha do Super Turbo). Agora as músicas, maninho, quanta diferença!

Embora seja divulgado que a trilha sonora foi remixada, a impressão que dá na maior parte delas é que foram regravadas com instrumentos reais, mantendo as mesmas melodias. Assim, se prepare para um Hard Rock espetacular no cenário do Ken. Essa é o maior destaque, mas gostei de praticamente todas as novas versões, especialmente das mais roqueiras. A única exceção, talvez seja o tema do Vega, que foi de um flamenco animadinho para uma quase balada. Se você não gostou, nada tema, pois o jogo permite que você jogue com as versões clássicas.

JOGABILIDADE

Para a maior parte das pessoas, é exatamente a mesma, mas se você é um true hardcore from Hell, vai notar algumas pequenas mudanças e até golpes novos. O Ryu, por exemplo, tem um hadouken falso que não causa danos (é um golpe estratégico, para fazer seu desafeto pular). O facão do Guile vai para frente, mais ou menos como o shouryuken do Ken. Além disso, alguns comandos que faziam qualquer um se encolher em posição fetal e chupar o dedo, como o Super Combo do Guile ou o pilão do Zangief, foram bem simplificados. No geral, o que era muito difícil de fazer ficou mais fácil e os personagens foram melhor equilibrados. Ou seja, melhorou bastante, mas se você não gostou, pode escolher jogar com as regras antigas.

Agora se você realmente for um true hardcore from Hell, vai ter cumshots involuntários na opção Dip Switches, que permite mexer em coisas com as quais ninguém se importa. Você acha que o primeiro frame de um shouryuken não deveria poder ser bloqueado? Então é ali que você vai se divertir bastante. Para mim e para a maior parte das pessoas, contudo, é uma profundidade desnecessária e uma opção na qual nunca iremos mexer.

Não posso deixar de citar duas coisas que a série sempre teve e que senti muita falta aqui: as fases de bônus e pontuação. Ok, no versus, a pontuação não faz muita diferença, mas no single player, eu achava legal. Sem falar que quebrar aquele carro era deveras divertido. Por que será que excluíram isso?

Minha última reclamação não tem a ver com o jogo em si, mas com o controle do PS3. A alavanca não é precisa o suficiente para esse tipo de jogo e o direcional digital, com seus quatro botões independentes, também não é amigável para fazer uma meia-lua. Além disso, o controle só tem quatro botões na frente e o jogo necessita de seis. Ah, que saudade do Saturn e seu controle tremendão…

MODOS DE JOGO

Aqui o jogo peca bastante. Lembro que no Super Street de Mega e Super Nes, tinha vários modos de jogo legalzudos. Aqui é basicamente single player e versus. O single player é muito mais difícil do que era antes, mesmo na menor dificuldade, então se prepare psicologicamente para não jogar o controle no gato.

O versus está disponível online ou offline. A segunda opção é a tradicional, que conhecemos desde o primeiro Street de Super Nes. Já o online é uma novidade que eu achei que seria muito bem-vinda. Quando eu jogava com amigos, ainda no Mega, eu ganhava humilhantemente de todo mundo e não tinha muita graça. Então seria muito bom poder jogar online contra outras pessoas que jogassem tão bem quanto eu. Infelizmente, isso não acontece aqui por uma boa quantidade de motivos.

Para começar – e por isso o jogo não tem culpa – jogar Street online com um desconhecido sem poder conversar com ele nem vê-lo dá mais ou menos a mesma sensação de jogar contra a máquina. Afinal, você não pode apontar para a cara dele e rir quando ganhar, nem tem que agüentar ele fazendo isso quando você perder.

Porém, existem outros problemas. Os reviews por aí falam que não existe lag, mas isso não corresponde à minha experiência. Eu estou com uma conexão de oito mega e mesmo assim é comum ter uma quantidade homérica de lag, a ponto de deixar tudo injogável.

Quando fica jogável, contudo, temos outra coisa que estraga tudo: a falta de educação das pessoas online. Sempre – SEMPRE – que o caboclo perde (em um Ranked Match), ele sai do jogo. Assim, eu já ganhei mais de 15 lutas online, mas o meu perfil diz que não ganhei nenhuma. E, se todo mundo faz isso com você, você acaba fazendo com os outros quando perde. Isso não poderia acontecer. Se o cara abandona a peleja no meio, tem que marcar uma derrota para ele ou, pelo menos, uma vitória para você.

Mas aí entra outro problema: não é possível abandonar um jogo entre as lutas. A única forma de sair do jogo é esperando a próxima luta começar, apertando start e escolhendo quit. Por que diabos não colocaram essa opção no lobby entre-lutas? E como um jogo desses pode não ter um matchmaking por habilidade?

Tem também um modo de treinamento, onde você pode bater à vontade num maninho que fica parado. Nesse modo, existe a opção de escolher jogar o Super Turbo ou apenas o Super. Essa opção também existe no versus, mas está ausente do single player. Cá entre nós, eu sempre gostei mais do Super, já que no Super Turbo eles pioraram muito o Ken, tirando o chute machado dele. E o loirinho era meu personagem preferido. E, se o jogo já traz os arquivos dos personagens da forma que eles eram no Super, por que não nos deixar utilizá-los a qualquer momento?

Para completar as reclamações, por que cabrones não tem troféus na versão de PS3? Acredito que a de Xbox 3RL tenha seus achievements, então a gente deveria ter também. Não precisava nem criar outros, cacilda!

CONCLUSÃO

Analisado independentemente, Super Street Fighter II Turbo HD Remix é fenomenal, maravilhoso, tremendão e absoluto. Afinal, o jogo original já era digno dessas características. Porém, se analisarmos apenas o que foi realmente acrescentado aqui, e também o que foi excluído (das versões anteriores, sobretudo as de Mega e Super Nes), a coisa muda um pouco de figura.

Se você já jogou Street Fighter até desenvolver uma Lesão por Esforço Repetitivo, talvez compense pagar os 15 dólares, não pelas novidades, mas pela nostalgia e pela diversão que ele sem dúvida trará. Mas a meu ver, considerando que é um jogo de 15 anos atrás, com poucas modificações, seria uma venda bem mais fácil a cinco doletas ou, vá lá, até a 10. Mas 15 já é forçar a amizade.

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