Um belíssimo dedilhado de violão soa dos alto-falantes. Não demora para eles explodirem em um metal energético e positivo, cheio de melodias. Assim começa Heliodromus, terceiro disco da banda estadunidense Sunrunner.
Keepers of the Rite, a faixa de abertura, é bem metalzona e bem direta. Demonstra mais influências de bandas tradicionais como o Iron Maiden do que de bandas progressivas como o Dream Theater. Ela cumpre muito bem o papel de abrir o disco de forma empolgante e animada, com suas guitarras altamente melódicas.
Ela também já deixa claro o que viria a ser meu principal problema com o Sunrunner: o vocal. O timbre dele é grave e não combina com o estilo da banda, causando estranhamento assim que chega ao primeiro verso.
Corax também tem uma pequena introdução com dedilhados, e logo demonstra o Metal Progressivo que realmente é o estilo da banda. Trata-se de uma faixa mais lenta, mas ainda pesada, com um instrumental bem desenvolvido e trabalhado.
The Horizon Speaks e Star Messenger são as primeiras músicas mais longas do disco, beirando os sete minutos e brilhando nas guitarras melódicas, ao mesmo tempo em que deixam a dever no quesito vocal.
The Plummet se tornou minha faixa preferida do disco, e isso é deveras curioso, considerando que se trata da balada da bolacha. Tem alguma coisa muito mágica nos dedilhados de guitarra e violão. A faixa conta também com belos corais e um clima medieval que lembram as melhores baladas do Blind Guardian. Esta talvez é a que o vocal mais incomoda. Talvez por ser uma balada e, como tal, sobre mais espaço para interpretação, é a única faixa em que o vocalista não me incomodou apenas pelo timbre, mas também por falta de habilidade. Ainda bem que boa parte da música é cantada em coral, o que acaba diminuindo o problema.
Technology’s Luster é a faixa mais diferente e causa um impacto imediato após a beleza de The Plummet. Seu início sujo e rápido lembra músicas de punk rock. E veja só, com essa energia punk, o vocal se torna até legal, uma vez que o estilo se encaixa bem com o timbre sujo e grave do cantor.
Passage é uma pequena instrumental de dois minutos, que serve basicamente de introdução para o verdadeiro épico do álbum, a faixa título Heliodromus com seus homéricos vinte e um minutos e quinze segundos.
Heliodromus, a música, é bem o que se espera de uma faixa longa de uma banda de Metal Progressivo. Tem momentos calmos alternados com momentos pesados, partes para cantar junto (Odin abençoe os ô-ô-ôs) e solos longos e trabalhados.
Uma coisa que eu já reparei em faixas longas de heavy metal é que elas costumam começar com tudo, mas sempre dão uma bela esfriada da metade para o fim. Aqui eu diria que é o contrário. Ela começa um tanto morna, mas vai melhorando ao longo da sua duração, finalizando a música – e o álbum – de forma excelente. Vale a pena ouvir até o fim, pois é, ao lado de The Plummet, o melhor momento do disco.
E assim termina Heliodromus. Eu ouvi este disco dezenas de vezes antes de escrever esta resenha e, como é comum no gênero progressivo, acabei gostando mais dele a cada nova audição. O vocal, que tanto me incomodou nas primeiras ouvidas, acabou me acostumando e comecei a curtir o que a banda realmente tem de bom: seu instrumental altamente melódico e trabalhado.
O Sunrunner faz esta semana uma turnê pelo Brasil. As datas estão aí embaixo. Se eles vão passar pela sua cidade, promete ser um show bem divertido.
4/8 – São José do Rio Preto/SP – Vila Dionisio com Maestrick
5/8 – Uberaba/MG – Favela Chic com Broken Jazz Society e Project Black Pantera
6/8 – Avaré/SP – no Ferro Velho com Siod e Aggressor
7/8 – Votorantim/SP – festival Palco Livre