Todo mundo se lembra dos escândalos envolvendo padres pedófilos da Igreja Católica que começaram a pipocar pelo mundo todo de alguns anos para cá. E principalmente das reações para lá de infelizes da instituição, que se embananou toda para tentar justificar o injustificável.
Spotlight: Segredos Revelados trata desse tema espinhoso e de como ele foi escancarado pelo bom e velho trabalho jornalístico. Baseado em eventos reais, ele trata de uma equipe de repórteres investigativos do jornal Boston Globe no começo dos anos 2000, que começa a averiguar o caso de um padre católico acusado de molestar várias crianças e descobre que a coisa vai muito mais além.
Afinal, eles logo descobrem que não se trata apenas de um indivíduo isolado, mas de vários membros do clero que gostam mais de criancinhas do que o Michael Jackson. E que a Igreja não só sabe do problema, como o esconde, remanejando os padres tarados para outras paróquias (onde, claro, repetirão seus pecados) e até pagando as famílias das vítimas em acordos por baixo dos panos fora dos tribunais.
Claro, isso daria uma história suculenta para qualquer jornal, e quanto mais a fundo eles vão, pior a coisa fica. Este é um daqueles típicos filmes sobre jornalistas intrépidos contra o sistema, tipo Todos os Homens do Presidente, manja? Porém, não tão bom.
No todo, achei o filme ok, mas em nenhum momento me impressionei com ele. Foi bom assisti-lo, mas não vai ficar na minha cabeça por muito tempo e imagino que o apelo dele diminua consideravelmente caso você não dê a mínima para os procedimentos do jornalismo investigativo ou para o tema retratado.
Ele é um tanto morno durante toda sua duração, mas ao menos não se pode dizer que seja inconsistente. E sua grande força está no elenco cheio de bons nomes conhecidos, todos eles entregando ótimas atuações, com destaque para Mark Ruffalo, como o mais indignado da equipe de repórteres e Michael Keaton como seu editor, o homem que tem de organizar todo o material para transformá-lo na série de matérias que irá expor a Igreja.
Spotlight é um bom drama biográfico, embora eu considere que o tema forte poderia render um filme mais poderoso. Como disse antes, se você gosta de histórias sobre jornalismo investigativo ou sobre a hipocrisia da Igreja Católica, vale uma assistida, embora não necessariamente no cinema.