Sobre o aborto

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Com a visita do papa ao nosso gelado país (no momento em que escrevo essas linhas, meus dedos estão semi-congelados) há algumas semanas, a discussão sobre a legalização (ou seria mais correto chamar de descriminalização?) do aborto voltou à tona. Aproveitando o momento, resolvi fazer essa PD (Pensamentos Delfianos para os íntimos), que já estava planejada há meses, mas que sempre acabava sendo protelada em função de assuntos mais urgentes. Então vou dar logo minha opinião: eu não tenho a menor dúvida de que o aborto deveria ser legalizado. E nas próximas linhas, vou dizer o motivo. E vamos começar pelo mais racional de todos.

Você, amigo delfonauta, já pensou no papel da sociedade e das leis? Inicialmente, as pessoas começaram a se juntar em grupos e a criar leis por um único motivo: medo. Em um mundo sem regras, você poderia simplesmente ser morto durante a noite por alguém que não foi com a sua cara ou, sendo menos radical, poderia passar um dia inteiro juntando frutas e tê-las roubadas antes mesmo de voltar para a sua caverninha e daí em diante. Sim, um mundo sem leis é bem semelhante ao Brasil de hoje. Ou seja, desde o início, o papel do Estado foi proteger as pessoas delas mesmas.

Só que, também desde o início, sempre houve uma diferença entre o espaço público e o espaço privado. Ou melhor, sempre deveria ter havido, mas voltamos a isso depois. Para o delfonauta que não manja de teoria política (não que eu seja um expert), eu explico. Mas só para fazer um charminho, você vai ter que ir até o próximo parágrafo para a explicação.

Espaço público é o espaço que deve ser regido pelas leis. É o que você faz que pode afetar a vida em sociedade e, se esse efeito for negativo, deve ser proibido. Por exemplo, você não pode sair na rua abaixando as calcinhas de todas as mulheres que estiverem usando saias, pois isso vai afetar as pobres garotas. Você não pode tocar música alta de madrugada, pois isso incomodaria seus vizinhos e por aí vai. Isso sem falar, é claro, em assassinatos, estupros e demais coisas mais graves.

O espaço privado é sua vida pessoal e você tem o direito de fazer o que quiser com ela desde que não afete negativamente as outras pessoas (ou pelo menos essa é a idéia de um país livre). Se você quiser, por exemplo, no conforto do seu lar, imitar um jedi com a velha técnica de colocar uma camisinha luminosa no seu “destemido” (como alguém chamou em um comentário aqui no site e eu achei bem engraçado), apagar as luzes e ficar fazendo “UÓN” com a boca enquanto rebola, pode. Simplesmente porque, embora seja ridículo, isso não afeta a vida de mais ninguém, não é da conta de ninguém e, por causa disso, não está dentro do âmbito da lei, entende?

O problema é que em alguns países, como o Brasil, esses dois espaços sempre se confundiram bastante (tive um professor que dizia que isso acontecia aqui pelo fato de termos abolido a escravidão tardiamente). E a gente nem precisa ir tão longe para pensar num exemplo disso.

Acredito que qualquer delfonauta consegue ver o absurdo na seguinte situação: eu convido alguém para vir à minha casa e, ao ser recebido, o cara simplesmente abaixa as calças e faz suas necessidades fisiológicas no tapete da sala. Obviamente, ele será expulso. Será que teria ainda a pachorra de dizer que eu estou censurando a sua liberdade de expressão?

Pois nem sempre as coisas são tão absurdas: há alguns meses, um cara deixou um comentário aqui no DELFOS que eu considerei impróprio e por isso deletei. Só que o indivíduo não se deu por satisfeito e, como não devia ter muito o que fazer na vida, ficou refazendo o comentário seguidas vezes. Eu deletava o comentário, bloqueava o cadastro dele e ele voltava a se cadastrar com outro e-mail, me acusando de censurá-lo e aquelas baboseiras de comunistas abastados que vivem falando que tudo “é um retorno à ditadura”. Isso se estendeu por semanas e inclusive atrasou o cronograma do nosso trabalho, pois eu tinha que parar de escrever futuros textos para ficar apagando as coisas que o cara deixava.

Só que aí é que está o problema. O DELFOS não é um espaço público. É mantido do meu bolso e eu sou o responsável por ele, logo, é minha obrigação selecionar tudo que será exibido aqui, de acordo com os meus critérios, que estão bem claros na tela que aparece quando você escolhe comentar (e eu nunca censurei nenhum comentário por uma opinião diferente da minha, nem pretendo fazê-lo, desde que ela seja exposta de forma amigável, pois grosserias não têm vez aqui). Claro que algumas coisas podem não estar previstas naquelas regras e eu vou, sim, deletar qualquer comentário que eu ache que não se encaixe no site. Isso é minha responsabilidade e meu direito como editor delfiano e não vou abrir mão disso. O que ele fez é praticamente uma versão virtual da visita sem semancol do exemplo acima. E ele provavelmente fez isso justamente por não ser capaz de diferenciar espaço público do privado.

Com isso, finalmente voltamos ao aborto. Vamos supor que você more em um prédio. Dois andares abaixo, mora uma garota de 16 anos com quem você nunca conversou e que conhece apenas de vista. Só que, como o povo brasileiro é fofoqueiro, você descobre que a coitada acabou de fazer um aborto. Você, como bom cristão politicamente correto, começa a protestar na frente da porta da mina, chamando-a de assassina e todas essas coisas clichês que pessoas que não pensam por conta própria adoram repetir sobre o tema.

Mas eu pergunto: como o aborto dela afetou negativamente você? Resposta: de forma alguma. Ela agiu dentro do seu espaço privado. Seja qual for a sua opinião a respeito, você tem que admitir que uma garota que fez um aborto não é um risco para a sociedade e para outras pessoas. Você não tem nada a ver com o aborto dela, assim como não tem a ver com a laringectomia daquele velhinho do segundo andar que fumava 27 maços de cigarro por dia. Aliás, a fumaça gerada por esse cara ao longo da vida sem dúvida incomodou muito mais gente do que aquela única transa da garota onde a maldita camisinha estourou. Mas o que você está fazendo assediando a coitada psicologicamente, ao contrário, já não é mais espaço privado. É violência contra uma pessoa inocente. E isso é algo que a lei deveria garantir que não acontecesse.

É fato que a lei não impede as coisas de acontecerem. Você, mesmo que não faça isso, com certeza já esteve perto de pessoas fumando maconha, seja em shows, na escola ou mesmo em praias e parques. E fumar maconha é ilegal. Ou seja, sendo proibido ou não, as pessoas vão fazer aborto. Só que, sendo crime, elas terão que fazer de formas menos seguras, em clínicas imundas e com médicos não capacitados ou até mesmo por conta própria, por métodos caseiros. E quantas mulheres já não morreram por causa disso? E não é o papel da lei impedir que elas sofram esse tipo de violência e corram esse risco desnecessário?

Isso sem falar que, há alguns anos, li uma matéria que dizia que a lei prevê uma pena mais grave para uma mulher que faça um aborto do que para uma que abandone um nenê recém-nascido para morrer na rua. Como assim? Isso simplesmente faz menos sentido do que a famigerada defesa Chewbacca do episódio clássico do South Park. Não sei se isso ainda é assim, mas o simples fato de ter sido dessa forma um dia mostra o tipo de país em que vivemos.

Acredito que, com o que foi dito até agora tenha conseguido demonstrar que simplesmente não é o papel de um Estado laico proibir o aborto. Então por que diabos o aborto é proibido no Brasil? Simples, porque nosso Estado não é laico coisa nenhuma!

Quando escrevi esse texto, ele originalmente começava com a seguinte frase, “Vivemos em um país cuja religião oficial é a católica”. Alguém deixou um comentário dizendo que o Brasil não tem religião oficial, pois se trata de um Estado laico. Na hora pensei: “putz, é mesmo, o cara tem razão” e alterei o começo da crônica para não passar uma informação errada. Mas depois fiquei pensando: o Brasil é MESMO um Estado laico?

A resposta é que oficialmente sim. Nosso governo, em teoria, não é influenciado por nenhuma religião. Mas ao refletir sobre o assunto, concluí que, na realidade, não é assim. É só lembrarmos que o Natal é um feriado nacional e o Yom Kippur (ou qualquer outra data importante de qualquer outra religião que não a católica) não é. Particularmente, sou a favor que todas as datas importantes para qualquer religião sejam feriados nacionais (afinal, quanto mais deles melhor), mas o fato é que os únicos feriados religiosos reconhecidos no Brasil são os católicos. E ainda vêm me dizer que vivemos em um Estado laico? Faça-me o favor!

A religião, ao contrário do Estado, visa regular justamente o espaço privado. Faz parte da própria idéia da religião ser contra ou a favor da descriminalização do aborto e apresentar seus argumentos para seus fiéis (e, em um mundo ideal, apenas para eles, não para aqueles que não estão interessados ou que seguem outras crenças). Afinal, religião é basicamente um código de ética. E dada a própria fé católica, o papa e seus fiéis têm sim que ser contra o aborto. Eu apóio completamente a sua liberdade de manifestar essa opinião e até apresento os argumentos para tal. E é bem simples.

A luxúria é um dos sete pecados capitais ou, em outras palavras, os sete piores comportamentos que um ser humano pode ter de acordo com a religião católica. Pronto. Isso é um dos pilares dessa fé. E um pilar não pode ser mudado, não é adaptável. Para o catolicismo, sexo só é permitido para fins reprodutivos. E só. Logo, eles NUNCA vão poder aceitar o aborto, NUNCA vão poder aceitar que as pessoas usem qualquer tipo de anticoncepcional e, obviamente, NUNCA vão poder aceitar a homossexualidade. Simples assim, gays não podem se reproduzir, logo só transam por prazer. Se você usa camisinha, você também está transando por prazer, não para reprodução. Sexo por prazer é luxúria e, portanto, proibido para um bom católico (e não me refiro àqueles que se dizem “católicos não praticantes” – isso não é ser católico, é ser hipócrita). E, se você fizer um aborto, significa que você transou sem querer filhos? Como assim, meu? O.o

Ser homossexual ou usar camisinha e se dizer católico é pura hipocrisia, pois fazer isso o torna culpado de um dos piores comportamentos possíveis segundo a própria religião. Eu fico sinceramente com pena quando vejo as pessoas brigando para que a igreja católica distribua camisinhas ou aceite os homossexuais. Exigir isso deles é simplesmente exigir que mudem completamente toda a base de suas crenças para se adequar ao que você espera deles. E daí é simplesmente mais fácil procurar por outra religião que esteja mais de acordo com o que faz sentido para VOCÊ. E isso não significa que você não pode absorver o que o catolicismo tem de bom, pois apenas uma pessoa estupidamente radical (ou ridiculamente burra) nega o valor positivo que as religiões podem exercer sobre a humanidade.

Eu mesmo sou diariamente culpado de todos os pecados capitais e de outros não tão graves. E enquanto realmente acho que alguns, como a ira ou a inveja são prejudiciais para mim como pessoa, sinceramente não vejo nenhum problema na luxúria ou na gula (hum… ruivas com bacon…). Por isso, eu até tento ser menos estressado e ficar menos bravo, mas de forma alguma sou a favor de que as pessoas façam menos sexo. Aliás, muito pelo contrário! Sou adepto da filosofia de que ninguém, no seu leito de morte, pensa “eu deveria ter transado menos” (a não ser, possivelmente, alguma vítima de DST, mas isso é facilmente evitável através do sexo seguro proibido pelo catolicismo), portanto serei eternamente culpado da luxúria e por isso impossibilitado de ser um bom católico.

Nem por causa disso vou ficar fazendo manifestações em igrejas para que eles aceitem pessoas taradas por ruivas com bacon. E não é por causa disso que vou me sentir decadente ou alguém do mal. Afinal, gostar de sexo não faz mal a ninguém e não vai contra nenhum dos meus princípios pessoais. Aliás, pelo contrário, na minha visão, sexo é algo mágico com dezenas de utilidades. Acalma, alegra, diverte, relaxa, alimenta a auto-estima… Tenho plena convicção de que se as pessoas fizessem mais isso nesse mundo e encarassem o ato com mais naturalidade, com certeza brigariam menos, pois não nos sentiríamos tão frustrados com o nosso dia a dia patético. Isso sem falar em sexo com amor, que é uma experiência completamente espiritual, que não tem nada de suja ou de pecaminosa. Pelo menos não para mim. E eu não tenho nenhuma intenção de mudar essa minha visão algum dia.

Disse tudo isso para dizer que, embora eu seja a favor da camisinha e da legalização do aborto, também sou a favor da religião católica manter sua opinião negativa a respeito deles. Afinal, a instituição tem seus motivos e eu não vejo porque não poderia expressá-los. Agora quando acontecem coisas como o papa ameaçando excomungar um político caso ele votasse a favor da descriminalização… ah, aí o bicho pega!

Pois se esse inferno onde a gente mora é realmente um Estado laico, o cara que vai votar na aprovação ou não de uma lei tem que pensar no papel que ela vai exercer na sociedade e não em suas convicções pessoais.

Vamos supor que eu abra uma religião chamada Igreja da Iluminação Delfiana e que depois me torne político. Nos ensinamentos dessa igreja, Darth Vader é um deus, logo, imitá-lo é uma blasfêmia. Então eu viro deputado e proponho uma lei que torne essas imitações ilegais. Não, isso não seria um bom uso da política, pois eu estaria confundindo o MEU espaço privado com o espaço público.

Um bom político pode ser católico e mesmo assim votar a favor da descriminalização, simplesmente porque acredita estar trabalhando em um Estado laico onde a religião e convicções pessoais não deveriam se misturar. Daí vem o papa e excomunga o coitado. Pô, isso é completamente errado. E votar numa lei não é a mesma coisa que fazer um aborto. Esse tal político católico pode, por exemplo, votar a favor da legalização (por ter consciência de que realmente não é a função das leis proibir isso), mas nunca cogitar fazer sua esposa passar por um. E está no seu direito, no seu espaço privado de optar o que é ou não certo para ele e para sua vida de acordo com as suas crenças. E isso nos leva ao próximo ponto que quero abordar.

Você ser a favor da descriminalização não é a mesma coisa que ser a favor do aborto. É simplesmente ser a favor da escolha. Por outro lado, ser contra a legalização é impedir que outras pessoas escolham o seu destino e o seu futuro porque VOCÊ se sente incomodado com isso. E essa é uma atitude egoísta e deprimente.

Ninguém, absolutamente ninguém, é A FAVOR do aborto. Ninguém acha isso uma coisa legal, divertida ou agradável. Uma vez me falaram que, se fosse legalizado, as pessoas com menos informação iriam usá-lo como o principal método anticoncepcional. Você consegue imaginar a situação? A garota chega para o menino e pergunta se ele tem camisinha. O guri responde que não e a guria afirma: “Ah, tudo bem, depois eu faço uma cirurgia invasiva para tirar o fruto da nossa noite de amor”. Percebe como isso é ridículo? O aborto nunca vai se tornar o “anticoncepcional de escolha dos casais modernos”. Ele é simplesmente aquela última saída para as pessoas que não estão preparadas psicológica ou economicamente para a responsabilidade de ter filhos, mas cuja camisinha furou, a garota esqueceu de tomar a pílula ou qualquer outra das quase infinitas zicas que podem acontecer.

E tudo acaba trazendo de volta à discussão público X privado. Num âmbito público, é muito pior para a sociedade uma garota ter um filho que não vai ser querido e cujos pais podem odiá-lo por ter sido o responsável por ter arruinado suas vidas ao aparecer antes da hora. Esse é um moleque perigoso, um criminoso em potencial, pois vai crescer sem educação, sem estudo e o pior, sem carinho. Ele não vai ser feliz e vai fazer outros infelizes. Nesse caso, é melhor para todos (pais e sociedade) que seu nascimento seja impedido antes que seja tarde demais.

Um amigo me falou que leu um estudo onde dizia que, na Polônia, 20 anos depois de o aborto ser legalizado, a violência caiu pela metade. Isso aconteceu porque boa parte dos crimes e atos de violência eram cometidos por pessoas que não tiveram o mínimo essencial quando criança e por pais que precisavam roubar para cuidar dos filhos. E isso faz todo o sentido!

Aliás, faço aqui um adendo só para evitar mal entendidos: é óbvio que é possível que um filho não planejado venha como uma boa notícia para um casal. Eles podiam não estar pensando nisso na hora do sexo, mas receber a gravidez de braços abertos. E esse é um casal para o qual o aborto simplesmente não se aplica. Afinal, só vai cogitar passar pelo procedimento quem realmente não estiver preparado para a responsabilidade suprema de moldar uma pessoa (pois, no final das contas, é isso que os pais fazem).

Para o casalzinho de alguns parágrafos atrás, algumas pessoas falam que deveriam ter pensado nas conseqüências antes de ter transado. Isso é hipocrisia pura! Por acaso quando você, senhor hipócrita, fez sexo pela primeira vez, já estava planejando gerar um filho? Duvido muito. É fato que mais de 99% das vezes que qualquer pessoa normal “cometer o ato” não vai ser com fins reprodutivos, mas por prazer, amor, enfim… Sexo é uma das melhores coisas do mundo e já expliquei os motivos pelo qual acredito nisso. E outra, nenhum método anticoncepcional é 100% seguro, o que significa que mesmo que todas as devidas precauções sejam tomadas, algo pode dar errado. E nesse aspecto o casal é totalmente inocente. Não é justo que eles tenham a sua vida arruinada por causa disso, assim como não é justo para a criança ser recebida em uma família que não está pronta para ela, e muito menos para a sociedade, que está cada vez mais populosa e que vai sofrer com os atos que serão causados por essa criança sem amor, sem comida e sem educação.

Por fim, chegamos ao último ponto que eu gostaria de abordar. As pessoas que dizem que a vida começa a partir da concepção e que, portanto, o aborto seria assassinato. Na verdade, esse é basicamente o único argumento contra que ouvi até hoje e é o tipo de coisa que não tem muito como discutir, já que ninguém pode provar cientificamente o momento que a vida começa. Quem fala isso está simplesmente querendo impor suas crenças e valores para pessoas que pensam de forma diferente. Particularmente, eu não sou um cara materialista e tenho idéias bem formadas sobre quando a vida começa, mas nem vou apresentá-las aqui por considerá-las irrelevantes para a discussão, pois as leis não devem ser influenciadas pelas minhas crenças pessoais também.

Aliás, é curioso que o nosso país proíba o aborto por motivos religiosos mas permita a pílula do dia seguinte. Afinal, se a vida começa na concepção, a pílula é tão assassinato quanto a cirurgia. Brasil, o país das contradições. Laico e religioso ao mesmo tempo.

Acredito que, já que ninguém pode provar quando a vida começa com absoluta certeza, é melhor analisarmos aquilo de que temos certeza (papel das leis, impacto na sociedade e na vida do casal e da criança, etc) e assim medir os prós e os contras. E mesmo que fosse realmente matar alguém cuja vida já começou, particularmente, se fosse para eu vir a esse mundo em uma família que me odiasse, que não tivesse condições de cuidar das minhas necessidades e sabendo que isso faria com que eu crescesse infeliz, ou pior, revoltado, e assim contribuísse para que o mundo se tornasse um lugar ainda mais terrível após minha passagem por ele, falo com a mais absoluta sinceridade quando digo que preferia ser morto antes de causar tudo isso. E qualquer pessoa que diga o contrário deve ser tão egoísta que é capaz de morar no próprio umbigo.

Só para não terminar esse texto de forma deprê, um pouquinho de Humor Nonsense. No filme RRRrrrr!!!, um dos personagens diz a seguinte frase: “Eu sou a favor do aborto desde que a mulher esteja grávida, pois senão o aborto seria inútil”. Isso é o que eu chamo de uma lógica absoluta e indiscutível! 😉

E até daqui a quinze dias, com o fechamento da trilogia de Pensamentos Delfianos sobre sexo. Na terceira parte, vamos falar sobre as M&Ms. O que é isso? Volte daqui a duas semanas e descubra. Enquanto isso, clique aqui e divirta-se com a primeira parte, onde falei sobre sexo de uma forma mais geral.

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