Sepultura – Dante XXI

0

Você não sabe da minha felicidade quando o Corrales me disse que era uma boa idéia fazer essa resenha. Uma coisa digo: não há nada como o Thrash “Destruidor” Metal! Existe muita coisa boa, mas nada como isto. E se tratando desse seguimento metálico, o Sepultura é com certeza uma das bandas que mais me trouxe alegrias. E também uma das que mais me levou dinheiro embora. Você viu como andam os preços de CDs? Sacrifícios que um metalhead tem que fazer.

Agora vamos ao trabalho. Minha primeira impressão ao ter a caixinha do CD nas mãos (fato possível apenas por eu ter matado uma aula de Antropologia) é de espanto. Como algumas bandas podem fazer coisas tão porcas e cobrar tanto?

Calma, delfonauta! Não se exalte! Não falo do Dante XXI, mas sim de muitas porcarias que existem por aí. Ao pegar o CD, fiquei espantado com a qualidade da parte física do trabalho. Digipack é sempre legal, mas fora isso eles também fizeram um encarte massa com todas as letras. Tudo de uma beleza mais que aprovada pela minha pessoa.

Quando voltei para casa, corri para o som e coloquei o disquinho. Lost, a primeira faixa, como eu já sabia (por ter lido no encarte na volta para casa), é uma introdução que nos remete ao início da jornada de Dante Alighieri em A Divina Comédia ( livro mais que recomendado). Essa intro sombria é seguida de Dark Wood Of Error, que simplesmente abriu um sorriso enorme no meu rosto logo que a escutei. Igor Cavalera (me recuso a escrever com dois Gs) está fazendo o que sabe de melhor: espancando a batera. Caro leitor, outra coisa que você tem de saber sobre mim é que sou um baterista viciado em Igor Cavalera e tudo de grotescamente pesado que ele já fez. Exatamente um minuto e meio depois, vem a velocidade e um prato de ataque que me dá calafrios só de escutar. Música destruidora, porém breve, abrindo caminho para Convicted In Life.

Simplesmente um clássico imediato para fãs de Sepultura. O maior destaque aqui, como na maior parte do álbum, são os riffs de Andreas Kisser. De onde ele tira inspiração eu não sei, mas muitos guitarristas por aí certamente gostariam de descobrir. O cara destrói (no ótimo sentido) a música toda, palhetadas sobre palhetadas e você simplesmente não consegue saber qual a melhor parte. Minha conclusão: ela é perfeita!

A quarta faixa do disco é City Of Dis. O primeiro minuto não empolga muito na primeira vez que você escuta, mas depois tudo muda. Igor libera os pedais duplos como há muito tempo não fazia e você pira o cabeção. A atmosfera sombria do início é perfeita, como um último momento de paz antes do início de uma guerra. A letra, como na maioria das músicas da fase de Derrick Green, é muito boa. A passagem após o refrão vem com mais um momento fortíssimo de Andréas.

Daí vem False. E com ela eu percebi o porquê do álbum ser tão elogiado. Mais velocidade. Peso absurdo. Os vocais de Derrick estão muito bons, parece que a banda enfim conseguiu encaixá-los com perfeição. Música com uma levada já característica do Sepultura, e depois muda tudo! Após os dois minutos iniciais, o andamento se altera, tudo fica mais sombrio e então surgem os primeiros arranjos com instrumentos eruditos. Não poderia ser melhor! Trabalho magnífico dos caras. E com esta música chegamos ao fim do Inferno recriado no CD.

O Purgatório se inicia com Fight On. Esta é a musica mais cadenciada até aqui. Sua introdução traz mais uma vez ferozes pedais duplos e viradas muito divertidas de se tocar.

Continuando a audição, chegamos a mais música clássica. Sim, delfonauta, mais uma vez, tudo perfeito. Esta passagem, Limbo, certamente será de arrepiar em shows da banda antes da furiosa Ostia. Esta possui o melhor riff de guitarra do trabalho. Fenomenal. Acho que os outros adjetivos que se encaixam aqui já foram usados mais para cima. Escute o CD e você vai entender. A nona faixa é Buried Words, também acelerada em algumas passagens, com tudo que os fãs de Thrash Metal amam.

Com o fim do Purgatório (sim, ele acabou na última música), chega o Céu. E tudo continua ótimo no som da banda. Nuclear Seven trata da ameaça constante que alguns países causam ao mundo com a posse de armas nucleares, e mostra no refrão a busca por paz. Muito lindo, não? Esta é outra das músicas mais lentas do CD, mas não chega a ser um Black Sabbath. Repeating The Horror é a décima primeira música do CD, e isto me faz perceber que o texto está ficando grande! Detalhes, caro delfonauta, tudo para sua satisfação. O forte aqui é o desfecho da música, que provavelmente pode gerar belos solos.

Mais uma intro: Eunoé. Agora violinos invadem meus ouvidos. Eu realmente gostaria de ver algo com ainda mais passagens clássicas. Aposto que Derrick e companhia destruiriam o Rage e seu Lingua Mortis. Crown And Miter é a música mais acelerada do CD. Uma delícia. Fechando a trajetória de Dante pelo Céu, temos Primium Mobile e Still Flame. Em alto estilo, o trabalho é finalizado. Ao fim da segunda, temos muita pompa e mais arranjos eruditos. Esta música até me lembra uma banda de outro Cavalera, que tem a tradição de fazer músicas instrumentais para finalizar os álbuns.

Os bônus do disco são uma versão ao vivo de Mindwar e uma versão demo de False. Sinceramente, poderiam ter escolhido uma ao vivo melhor e também ter gravado com maior qualidade. Enfim, mesmo esse erro não tira o brilho do CD.

Com ou sem Igor agora é esperar uma chance de ver os caras ao vivo para receber Jean Dolabella. Ouvi dizer que ele é assaz furioso na batera. Enquanto isso, você pode comprar Dante XXI aqui. Vida longa ao Sepultura!

Galeria