Há uma onda de nostalgia nos games atuais. Só que, cá entre nós, isso para mim parece uma mistura de preguiça com baixo orçamento. Para cada jogo pixelado bacana, temos dezenas de outros que parecem se aproveitar desta estética apenas pelo custo baixo. Só que, cá entre nós, se fosse para jogar tantos jogos pixelados, não precisaríamos de um PS4, já que esses gráficos já eram possíveis no NES.
Particularmente, eu gosto quando os jogos se aproveitam de estilos de gameplay antigos, mas ainda assim fazem gráficos dignos da atual geração. Não é à toa que os jogos mais recentes do Rayman fizeram tanto sucesso.
Esta intro toda é para dizer que Rise & Shine é bastante nostálgico e cheio de piadinhas que só quem viveu a era dos 8 e 16-bit vai sacar (quem lembra de Duck Hunt com certeza vai gargalhar em uma cena específica). Mas ainda assim, ele tem uma estética caprichada que, combinada a uma animação fantástica, dá a sensação de você estar jogando um desenho animado.
O visual simplesmente atingiu a perfeição daquilo que se espera dele. Assim como South Park: The Stick of Truth, não interessa se Rise & Shine está rodando em um PS4 ou em PS42, os gráficos provavelmente seriam iguaizinhos. Vivemos em uma época em que os videogames ainda não alcançaram a perfeição fotorrealista, mas em questão de gráficos cartunescos, com uma equipe caprichosa já não dá para melhorar mais.
A estética do jogo faz com que a história, que com certeza não vai ganhar prêmios, seja divertida. Basicamente, Rise é o nome do moleque que você controla, e Shine é a arma falante dele, que concede ao nosso herói o poder do respawn infinito. O jogo é cheio de piadinhas assim, e até utiliza gráficos pixelados para gags específicas, que são aquelas que vão ser melhor apreciadas pelos jogadores mais velhos. E é bem simpático a forma como os personagens se referem ao jogador como “guia” e aos criadores como… bem… “criadores”.
O gameplay é uma mistura de shooter hardcore, quase um bullet hell, com puzzles. Você tem alguns tipos de munições diferentes, como uma bala por controle remoto ou uma explosiva. Os puzzles e boa parte dos chefes envolvem coisas como guiar a bala até o local correto para abrir o caminho ou explodir o robozão. É bacana.
A ação também é boa. Você pode assumir coberturas apertando o B, mirar segurando o gatilho esquerdo e movendo a alavanca direita e, claro, atirar com o gatilho direito. Eu senti que o jogo poderia aproveitar mais seu sistema de cobertura. Muitos dos inimigos são robôs voadores, que tornam as coberturas inúteis. São poucos os momentos em que você luta contra humanos, que são de fato os que usam as paredinhas.
Os checkpoints são bastante frequentes, e você vai dar graças ao martelo flamejante de Hefesto por isso, pois o jogo é bem difícil. Um ou dois ataques matam seu moleque e, sem exagero, você vai morrer centenas de vezes ao longo da campanha. Após a morte, o loading leva apenas alguns segundos, mas é o tipo de caso que deveria ser imediato, considerando a frequência das mortes.
Há algumas batalhas que são bem longas, especialmente na segunda metade do jogo, e nessas a coisa começa a ficar frustrante. Imagine que você está há cinco minutos em um tiroteio e, por um simples errinho, bate as botas e tem que começar desde o início novamente.
A dificuldade é tão alta porque o jogo é bem curtinho. Eu cheguei ao final da campanha em uma tarde, e só demorou tanto porque eu morri adoidado. Com uma dificuldade mais padrão, Rise & Shine provavelmente poderia ser zerado em coisa de uma hora, então este é mais um aspecto a se levar em consideração caso você esteja pensando em adquiri-lo, embora faça sentido considerando que se trata de um jogo nostálgico.
Apesar de curto, no entanto, a campanha é bem divertida, especialmente por causa do humor e da estética afiados. Se você estava vivo e jogava videojogos na época do Nintendinho, provavelmente vai se divertir bastante com Rise & Shine.