A Quiet Place The Road Ahead é a maior surpresa positiva do ano para mim. Eu esperava que este jogo fosse um daqueles licenciados toscos e sem qualidade, que se limitam a imitar algo que outros fizeram melhor. Quando saiu, e as comparações com Outlast começaram, achei que estava certo. Não estava. A Quiet Place The Road Ahead tem, sim, semelhanças com Outlast. Mas faz muito com suas mecânicas, que realmente realizam a fantasia de fazer parte do mundo de Um Lugar Silencioso.
REVIEW A QUIET PLACE THE ROAD AHEAD
A Quiet Place The Road Ahead está firmemente plantado no extremamente específico gênero do survival horror sem combate. Assim como nos filmes Um Lugar Silencioso, a única forma de se manter vivo é ficando em silêncio. Isso é perfeitamente refletido nas mecânicas.
Depois do tutorial, você fica o jogo inteiro precisando cuidar do barulho que produz. Andar devagar e em um solo mais silencioso. Abrir portas e gavetas lentamente. Tudo que você faz ativamente produz algum barulho, e a ideia é fazer menos barulho do que o ambiente.
ESTALADORES
Há três níveis de alerta. O normal significa que não corre perigo. Nível dois a criatura te ouviu. Nível três, a criatura está em alerta. Um barulho extra neste nível é morte imediata. Ao contrário de Outlast, isso pode acontecer mesmo quando não há nenhum monstro por perto. Fez barulho, morre.
E daí há também os encontros com os monstros propriamente ditos. Nestes, além de tomar cuidado com o barulho, zé monstrinho fica se movimentando pelo cenário, e se encostar em você, crau. Eles não enxergam, mas você os enxerga, então além de ficar em silêncio, é necessário estar sempre ligado, sair da frente deles e muitas vezes fazer um caminho mais longo porque eles estão no mais curto.
Estes são os momentos mais irritantes do jogo, porque muitas vezes você vira e o monstro está atrás de você, ou ele fica parado bloqueando o único caminho possível para progredir. Além disso, convenhamos que o design deles é muito mais bobo do que assustador. Isso não significa que o jogo não vai causar alguns gritos e sustos quando de repente você perceber que um bichão desses está coladinho em você.
SURVIVAL HORROR
Como todo survival horror, há aqui mecânicas de conservação de material. Os dois mais comuns são a lanterna, que exige pilhas, e a sua asma. Pois é, a personagem principal é asmática e stress e esforço físico a aproximam de um ataque. O ataque, claro, faz barulho. Para evitar isso, você tem suas bombinhas, que são consumíveis e podem ser encontradas pelo cenário, assim como as pilhas da lanterna.
Outras mecânicas relacionadas são os sacos de areia, que permitem transformar um solo barulhento em um mais silnecioso; e os sinalizadores, que iluminam bastante uma região, mas fazem barulho suficiente para atrair o monstro. Mais para frente, você pega uma lanterna que não precisa de pilhas, mas que faz barulho para ser recarregada. Então apesar de ser relativamente simples de jogar, há uma profundidade de mecânicas bem interessante.
EXCELENTE AUDIOVISUAL
A Quiet Place The Road Ahead é um jogo que graficamente beira a perfeição. O visual é extremamente realista. O film grain bem pesado, normalmente algo que eu desativo, aqui realmente acrescenta à apresentação. Apesar de ser um jogo bastante escuro na maior parte do tempo, ele impressiona grafica e sonoramente.
Sim, porque como dizia um professor na minha faculdade de criação publicitária, “o silêncio é um som”. O áudio de A Quiet Place The Road Ahead é um de seus pontos mais fortes, e realmente te faz prestar atenção nos sons que você está produzindo. Andar devagarinho e em silêncio e de repente chutar uma latinha faz soltar um sonoro palavrão, que fica ainda pior se você optar por ativar o microfone para sons reais afetarem o game (não, eu não ativei).
Apesar de não ser um jogo com orçamento infinito, A Quiet Place The Road Ahead é um excelente defensor de que deveria existir mais jogos menores. Com certeza a Stormind Games não conseguiria colocar este nível de fidelidade em um jogo maior, com um enorme mundo aberto. Mas para uma experiência concisa, que dura cerca de seis horas, é possível dar ao jogo um visual que compete com os mais endinheirados da mídia. E tem a enorme vantagem de respeitar seu tempo.
HISTÓRIA DE A QUIET PLACE THE ROAD AHEAD
Por fim, temos a história, e eu diria que talvez seja a mais bacana já contada neste mundo. Isso porque é o tipo de narrativa que combina muito mais com videogames do que com filmes. A moça que você controla descobre no início do jogo que está grávida e se você pensou que é impossível criar uma criança em um mundo que exige silêncio para continuar vivo, saiba que isso também ocorreu a ela.
Assim, ela sai de uma vida mais ou menos confortável em um hospital sonoramente protegido em busca de uma nova esperança. Não vale contar mais, nem mesmo os detalhes de sua saída do hospital, mas eu gostei bastante do que o jogo apresenta.
Tenho pouco de ruim a dizer dele, e minhas frustrações se concentram em áreas mais longas sem checkpoints e no comportamento imprevisível dos monstros, que muitas vezes bloqueiam o único caminho disponível, e isso te obriga a reiniciar a seção. Especialmente no final, nas últimas duas fases, isso torna o jogo mais repetitivo, frustrante e enjoativo do que deveria ser. Mas em geral foi uma experiência deliciosa, e eu sinceramente gostaria de mais jogos assim nesta valiosa mídia, e menos assim.
PSIU!
- Crítica Um Lugar Silencioso: Psiu!
- Crítica Um Lugar Silencioso 2: O filme da pandemia
- Crítica Um Lugar Silencioso Dia Um: Psiu três!