Sabe uma coisa que eu queria saber? Por que alguns Resident Evils são numerados e outros têm subtítulos? Imagino que deve ter algo a ver com o quanto foi investido e é esperado em cada um dos jogos, mas para o público isso deixa tudo muito confuso, especialmente quando alguns, como este Resident Evil: Revelations, ganham suas próprias continuações.
Estamos falando disso porque recentemente a primeira parte de Resident Evil: Revelations saiu para PS4 e para Xbox One e eu, claro, fui dar uma conferida esperta. Originalmente concebido e lançado em 2012 como um exclusivo de 3DS, Revelations foi muito bem recebido. Suas versões em HD e 2D, anteriormente lançadas para PS3 e Xbox 360, já não foram tão bem recebidas. Não é estranho? Afinal, é o mesmo jogo.
Não, delfonauta, não é estranho.
É comum que portáteis ganhem versões simplificadas dos jogos para console e, na prática, é isso que temos por aqui. Pegue os jogos de ação de Resident Evil (especialmente o 5 e o 6), corte suas gordurinhas, simplifique os gráficos, e teremos Revelations nas mãos. Os efeitos em 3D do original, aliás, não foram passados para essas versões de console, então parte da graça já vai embora aí.
Sim, muito do que tornava este jogo especial era o fato de ser um Resident Evil bastante semelhante aos que tínhamos nos consoles da época. Os gráficos nunca foram tão impressionantes, mas dadas as limitações do 3DS, deviam impressionar quem jogava no consolinho da Nintendo.
Dito isso, ele faz um excelente trabalho no quesito mini-Resident Evil. Inclusive, conta uma história bastante importante para a cronologia, envolvendo os heróis Chris Redfield e Jill Valentine.
Contra aquelas gordurinhas localizadas
Acontece que boa parte dos cortes que ele faz são inclusive bem-vindos. Não tem mais inventário e uma vez que você pega uma nova arma, pode reequipá-la sempre que encontrar uma caixa mágica. Dá para carregar três brucutus, independente do tamanho delas. Além disso, não tem mais ervas verdes, vermelhas, amarelas, azuis e com bolinhas caramelizadas. Todas as ervas são verdes e ao usar uma, toda sua energia é recuperada. É o suficiente. Para que complicar mais?
Com isso tudo, Resident Evil: Revelations acaba sendo ainda mais um jogo de ação do que o quarto, quinto e sexto. Afinal, você não perde tempo gerenciando inventário, apenas explorando e atirando. Ele, no entanto, traz uma característica dos clássicos de volta.
Vai e vem
A maior parte do jogo acontece em um navio perdido no meio do oceano. Não demora para você encontrar portas fechadas. Pois adivinhe, saem as fases lineares dos jogos numerados e entra uma exploração mais elaborada. Você vai passar por esses corredores muitas vezes, então é bom prestar bastante atenção por onde anda.
Revelations 2 foi lançado de forma episódica, e esta escolha narrativa também se faz presente aqui, embora o jogo venha todo de uma vez. Cada um dos 12 episódios corresponde a uma fase, sendo que a maioria é dividida em capítulos.
Isso dá uma força narrativa considerável, pois se em um momento você está explorando o navio com a Jill, no outro você pode estar em uma ilha afastada interagindo com acontecimentos de um ano atrás ou vendo como outros personagens estão lidando com a situação.
A parte mais complexa é sempre no navio com a Jill, o resto é bem mais focado na ação. Inclusive os outros personagens têm apenas o minimapa e não o mais complexo, em 3D. Eles também trazem bem mais armas e munições, então a coisa é mais rápida, enquanto com a Jill é mais metódica.
Minha principal crítica às partes da Jill é que nem sempre é claro para onde ir, muito porque o mapa em 3D, que mostra o navio completo, é uma tremenda bagunça.
Não cheguei a precisar de um guia, mas admito que fiquei perdido em alguns momentos, meio que explorando a esmo ou seguindo as dicas verbais do meu parceiro. Tipo se o sujeito ficava repetindo o objetivo ou perguntava para onde eu estava indo, eu deduzia que estava no lugar errado.
Ação com história
Na prática, o que temos aqui é um jogo de ação com bastante foco na história, algo que é raro nos dias de hoje, e sempre muito bem-vindo. Apesar de um começo mais lento, a coisa engrena depois dos primeiros episódios, e daí eu não queria mais parar de jogar.
A história, que começa com um simples “o Chris está no navio, vá salvá-lo” se torna, não tem como negar, um tanto rocambolesca demais, envolvendo mais de uma dezena de personagens importantes e uma conspiração atrás da outra, ao longo de várias linhas temporais. Um pouco menos de ambição, ou maior habilidade narrativa, seriam bem-vindos, mas ainda assim é legal jogar um shooter focado na história.
Também achei que há um excesso de chefes. Depois que começam a vir os maledetos, parece que toda fase tem um novo, culminando em uma batalha final que dura, sem exagero, vinte minutos. Ela nem é difícil, mas vinte minutos atirando num inimigo esperando ele resolver bater as botas é forçar a amizade. Até o Chris começa a reclamar, perguntando se o caboclo é imortal.
Resident Evil: Revelations
Apesar de não ser um jogo tão velho, a franquia Resident Evil deu um salto de qualidade absurdo no seu jogo mais recente, o Resident Evil 7, dando a sensação de um retrocesso quando voltamos a jogar algo que saiu entre o quarto e o sexto, como é o caso deste.
Sim, eu gostei de Resident Evil: Revelations, mas é importante deixar claro que ele é uma continuação simplificada do quinto jogo numerado. Eu o classificaria como melhor do que o sexto e inferior ao quinto e ao quarto, então se você curte a pegada mais ação da série, pode se divertir por aqui. Se você já considera estes jogos simples demais, talvez este não seja para você.
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