Redenção

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Algumas histórias ficam melhores se não forem levadas a sério, mas o que fazer quando elas são baseadas em fatos e pessoas reais? Hollywood responde a isso todos os anos com os famosos Oscarizáveis, e Redenção é definitivamente um deles. No entanto, ele é muito bem feito, possui ótimas atuações e também tem a seu favor um tema bastante interessante, que pode gerar boas discussões e reflexões.

Gerard Butler (de 300 e Código de Conduta) é Sam Childers, um estadunidense da Pensilvânia que, após sair da cadeia por tráfico de drogas, encontra sua mulher convertida para o cristianismo (antes, ela era uma stripper viciada em cocaína). Eventualmente, ele reconhece que precisa de ajuda para sair do fundo do poço e recorre à igreja. Mais tarde, depois de melhorar sua vida pessoal e financeira, Childers cria um orfanato no Sudão para ajudar crianças refugiadas da guerra civil, e essa é a trama principal do filme.

O título nacional é bem melhor do que o Machine Gun Preacher estadunidense, pois o filme não é sobre um padre maluco que sai metralhando africanos com seu sidekick sudanês. Gritemos todos juntos agora: DROGA! Ele até tem algumas cenas de quebra-pau africano, mas o negócio aqui é falar sobre as mudanças sofridas por Sam Childers, os desafios que ele encontra e, em especial, a procura dele por paz.

AVISO: NENHUM HELICÓPTERO EXPLODE NESTE FILME

Redenção tem várias qualidades. Não há nenhum personagem secundário sobrando, o que geralmente me incomoda neste tipo de longa. A direção é bem bacana, mas a narrativa no começo é rápida demais. Em um piscar de olhos, Sam Childers deixa de ser um criminoso violento e cheio de ódio para se tornar um cristão e bom pai de família, além de rico. O segredo para não se perder neste começo é prestar atenção no crescimento de sua filha, Paige, que parece estar mais velha cada vez que aparece.

Já o restante do filme alterna cenas de ação (que são curtas, mas muito boas), com os problemas que Sam Childers está enfrentando a cada momento. Basicamente, a tensão vai aumentando e deixando o protagonista nervoso até o ponto em que é inevitável pensar: “é agora. Ele vai explodir coisas”. Um exemplo disto é este diálogo, após Sam Childers verificar que a arma de seu amigo está emperrando e explicar o que deve ser feito para ser consertada:

Deng (amigo sudanês) *com olhar perplexo*: “Você foi militar?”

Sam Childers *com um sorriso maroto no rosto*: Hell, não! Eu só gosto de armas.”

Neste momento, delfonauta, vi sentido no filme, na vida e no futuro do universo. Porém, para minha perplexidade, pouco depois de algumas cenas bacanudas de ação, lá estava Sam Childers discutindo com a patroa, com um amigo ou tentando conseguir fundos para o seu orfanato. Pois é, Redenção não é um Testosterona Total, mas esse vai e vem na narrativa, que deixa o protagonista louco e o delfonauta besuntado em óleo confuso, é bem interessante.

Como Sam Childers está sempre procurando o melhor para o orfanato, ele começa a entrar em conflito com todos à sua volta, seja sua família, amigos, ou membros do exército de resistência. Chega um momento que, tirando suas boas intenções, ele não difere em nada do criminoso que era antes. Algumas cenas em especial mostram como essa construção do personagem foi tão bem feita, como por exemplo a discussão de Sam com sua filha e a conversa dele com um garoto refugiado.

A mensagem positiva ao final do filme é bem legal também, e só seria possível com o ótimo desenvolvimento da narrativa e do personagem durante toda a projeção. No entanto, a história poderia ter mais profundidade em alguns momentos. Faltou mostrar mais como foi a recepção das pessoas à mudança de caráter de Sam Childers, por exemplo. Afinal é difícil imaginar que um criminoso cruel vai ser tão bem aceito pela sociedade de uma hora para a outra.

Redenção também tem aquela forma batida de começar que o Corrales tanto odeia: ele utiliza uma cena forte que está cronologicamente na metade do longa. Ok, a cena em questão é importantíssima para a história, mas eles poderiam muito bem tê-la colocada em seu devido lugar, que não é no começo. Além disso, o filme é longo demais e acaba abruptamente, o que tira mais alguns pontos dele.

Embora seja um Oscarizável, Redenção é um filme interessante, que vale ser assistido no cinema para quem gosta de histórias com esta temática. Ele peca em alguns quesitos importantes, mas considerando a fraca produção do cinema neste ano, é uma das melhores opções para se assistir até agora.

REVER GERAL
Nota
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Daniel Villela
Daniel adora heavy metal, rock progressivo e Frank Zappa, jogos de FPS, aventura, plataforma e RPG, é fanático pelo MCU, curte séries de TV como Mad Men, Breaking Bad, Demolidor, 24 Horas, Friends e The IT Crowd. No lado profissional, é formado em Jornalismo, pós-graduado em Comunicação Empresarial e trabalha na área de Marketing.
redencaoPaís: Estados Unidos<br> Ano: 2011<br> Elenco: Gerard Butler; Michelle Monaghan; Michael Shannon; Madeline Carrol; Souleymane Sy Savane<br> Diretor: Marc Forster<br> Distribuidor: Imagem<br>