Pelos trailers, você pode pensar que Planet of the Apes: Last Frontier é um adventure moderno como a obra da Telltale. Isso seria um erro. Last Frontier não é um adventure. Aliás, apesar de ele estar no PS4, eu não o classificaria como um jogo também. Ele é um filme interativo que dura entre três e quatro horas e acontece entre Planeta dos Macacos: O Confronto e Planeta dos Macacos: A Guerra.
GAMEPLAY MÍNIMO, QUASE INEXISTENTE
Antes de me aprofundar na história e na obra, vale explicar como ele funciona. Basicamente, a história vai rolando e, de tempos em tempos, ela pausa para você tomar uma decisão. Você pode fazer isso com o controle do PS4 apontando para a esquerda ou direta ou usando um app gratuito para celular.
O app funciona bem. Quando você tem que decidir algo, as duas opções aparecem escritas na tela e basta clicar na que você deseja. Para fins desta resenha, eu optei por usar o controle mesmo, apenas para poder tirar as screenshots que você vê aqui.
Além dessas decisões de esquerda e direita, há decisões de ação, que consistem em apertar ou não o X para que o personagem faça algo. Por exemplo, matar alguém. Você tem alguns segundos para decidir em cada uma delas.
É possível desfrutar de Last Frontier em até quatro pessoas, cada uma com seu controle ou celular na mão, contribuindo para o rumo da história, que é determinado por maioria simples. Em caso de empate, a história para até alguém mudar o voto. Ou então alguém pode usar o desempate, que força a sua vontade sobre a dos outros, mas não pode ser usado novamente até todo mundo usar também. As escolhas de ação, por outro lado, só acontecem se todos os jogadores apertarem o botão a tempo.
Não há exploração, puzzles ou itens. É apenas uma história na qual você tem uma leve influência no seu andamento. Assim como nos jogos da Telltale, no entanto, todo mundo vai ver mais ou menos a mesma história, com suas escolhas afetando profundamente apenas o final.
Há aquela velha piada de “por que assistir a um filme do lado de uma pessoa aumenta a diversão?”, e este é um caso que realmente faz diferença por aqui. Caso você assista sozinho, as decisões são apenas suas, mas se você o fizer com mais pessoas, terá menos controle sobre a história, o que pode ou não deixar a experiência mais agradável, dependendo do que você esteja a fim.
UM CONFRONTO INEVITÁVEL
A história é contada através de dois pontos de vista. De um lado, temos um grupo de macacos que no passado seguiu Koba, mas se separou dele e agora estão sozinhos, tentando sobreviver. Do outro, temos um pequeno vilarejo de humanos que, por estar isolado da sociedade e ser auto-suficiente, não sabe da guerra que está surgindo ou mesmo dos macacos inteligentes.
Ambos os grupos estão ficando sem comida, e isso os coloca em rota de colisão. Quando os macacos atacam o gado dos humanos, e acabam matando uma pessoa, os humanos, assustados, têm que pensar em como reagir.
Você controla as decisões de dois personagens. De um lado, o macaco Bryn é um dos três filhos do líder Khan. De outro, Jess, a líder do vilarejo humano. O confronto é inevitável, mas você vai escolher quanto sangue será derramado e qual lado vai priorizar nesta guerra.
UMA NOVA MÍDIA
Como já ficou claro, Last Frontier não é um jogo, mas uma animação em CG interativa, com uma história independente, mas que se encaixa bem no mythos dos filmes. Assim, eu tenho minhas dúvidas se o PS4 é realmente o melhor lugar para isso.
Eu senti falta de alguns dos benefícios de um vídeo. Teve várias cenas que eu gostaria de rebobinar para ver de novo ou entender melhor o que aconteceu. Eu também queria saber quanto tempo faltava para terminar, e assim poder decidir se eu ia dormir e terminava no dia seguinte. Acabei vendo tudo de uma vez, como acredito que ele funciona melhor, e a experiência toda durou entre três e quatro horas.
Outra limitação é que não dá para parar a hora que quiser. O jogo salva frequentemente, sempre que o ponto de vista da história muda, mas seria útil ter um suspend state a qualquer momento.
Por fim, não há seleção de capítulos. Você pode apenas continuar sua história ou iniciar outra. Ao terminar, escolher continuar toca o final de novo. E, considerando como os saves são simples e limitados, há de se destacar que eles ocupam 200 mega no seu HD (o pacote completo tem 40 Gb).
Todas essas limitações seriam eliminadas se Last Frontier estivesse disponível em blu-ray ou no Netflix. A tecnologia de contar algo interativo nessas mídias existe e acredito que isso expandiria bastante o público.
TECNICAMENTE…
Embora tenha um visual lindo, há alguns engasgos técnicos que merecem ser citados. Há vários cortes feios, que além de prejudicar a narrativa, costumam fazer as texturas poparem do nada. Talvez este seja o preço para a quase total ausência de loads (há apenas um inicial, e depois a história inteira vai direto).
Outro problema é que os efeitos sonoros parecem baixos demais. Vozes e música estão ótimos, mas o barulho de metralhadoras e outras coisas assim são quase inexistentes, o que prejudica um bocado a imersão.
Como ele é oficialmente um jogo de PS4, há também troféus, que são destravados de acordo com suas escolhas. Assistindo uma vez sem me preocupar com eles, eu fiz 43%. Há um troféu de platina caso você esteja interessado em assistir várias vezes com opções diferentes.
PLANET OF THE APES: LAST FRONTIER
É importante você saber do que se trata antes de adquirir Last Frontier, e fiz o possível aqui para deixar isso claro. Eu sinceramente gostei muito da experiência. A história é boa e é legal curtir ela em alta definição e com som surround, mas não duvido que muita gente fique satisfeita apenas assistindo um vídeo completo no Youtube.
Embora no momento Planet of the Apes: Last Frontier esteja disponível apenas para PS4, há versões anunciadas para Xbox One e PC, e espero que ele venha a viver também em outras mídias e plataformas. Eu gosto de histórias interativas e adoraria que elas se tornassem uma mídia mais comum e mais popular.
A desenvolvedora promete para breve um patch que vai colocar legendas em português, mas por enquanto não há nosso idioma disponível.
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